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Maternidade, pintura de Almada Negreiros |
E fechamos a nossa vitrine virtual, por este ano letivo, com um alegre poema do Martim Carvalho
Haverá
palavra mais bonita,
Haverá
palavra com tal louvor.
Porque a
mim a palavra mulher,
Traz-me
boas recordações de amor.
A mulher é
um ser humano
Incrível,
por dentro e por fora.
Se não
fossem as mulheres,
Não
estavam a ler isto agora.
Como eu
costumo dizer,
Mulher é o
caos mais bonito do mundo!
Porque tem
um feitio complicado,
Mas seu
coração não tem fundo.
São das
razões mais bonitas,
Para a
felicidade de um macho.
Se bem que
quando eles se portam mal,
A mulher
diz: “Num instante o despacho!»
Não existe
carinho melhor,
Que o de
uma mão meiga e ternurenta.
Essa é a da
mulher,
Que tanto
nos beija quanto nos atenta!
Mas se não
fossem as mulheres,
O nosso
mundo seria um nó.
Porque
mulher começa por filha,
Depois
será mãe e mais tarde avó.
Que
sentimento de franqueza clara,
Nas suas
caras consigo observar.
Para
fazermos mulheres felizes,
Temos de
ter vontade de amar.
E se o
amor não chegar,
Se a
mulher não ficar satisfeita,
Escrevemos-lhe
um poema lindo,
E a
satisfação se inteira.
Porque
mulher é mulher.
Não há ser
assim tão puro,
Para nós
trazem cor,
E acabam
por esvaziar o escuro.
Porque
mulher é mulher.
Quem o
disse não se enganou.
Mas com
certeza quem disse esta frase,
Teve uma
mulher que amou.
Cedinho já
estão a pé,
Lavam-se e
ficam arranjadas.
Pelo
caminho chamam as crianças,
E vão
fazendo as torradas.
Mas que
problemas que elas têm,
Quando os
“putos” não se querem levantar.
E mesmo
ficando com raiva,
São seus
filhos, têm de se acalmar.
Ai! Ai! que
vida a sua,
Agora
deixou as torradas queimar,
E o mais
novo a lavar os dentes,
Ainda se
conseguiu molhar.
Que
correria a delas,
Mais duas
torradas a fazer.
E no final
daquela meia hora,
A mulher
acaba por não comer!
Arranca
com o carro depressa,
E deixa um
no infantário.
O outro
ainda é mais pequeno,
Tem de o
deixar no berçário.
Entra às
oito para o trabalho,
Ainda lhe
falta vestir a farda.
Aí coitada
da mulher,
Anda numa
correria desgraçada.
Sete e
cinquenta e oito ela chega,
O patrão
já está a olhar!
E quando olhou
para a esquerda,
Até um cão
lhe tinha a ladrar.
Teve de se
vestir à pressa,
Pôs a
touca e toca a andar,
Coitadinha
da mulher,
Nem tempo
tem para se pentear.
Chega a
hora do almoço,
Quando
pode descansar.
Mas o
malvado do patrão
As
empregadas está a chamar!
Cinco e
meia, acaba o serviço,
É hora de
ir buscar os meninos.
E vai
dizendo ao porta-luvas:
Nós
conseguimos, nós conseguimos!
Chega à
hora para os ir buscar,
Vá lá, até
se portaram bem.
Agora
vamos juntos para casa,
Porque esta
mulher é minha mãe!
Chegamos
todos cansados,
E com
vontade de comer.
Ó mãe,
arranja aí um petisco,
Faz o que
te apetecer.
E a tudo o
que pedimos,
A mulher
nunca diz não!
Quase me
esqueci de um pormenor,
Ela ainda
trata do cão.
Oito da
noite chega o pai,
E vem
quase a relinchar.
Ainda tem
a desfaçatez de dizer:
Tenho
fome, quero jantar.
E só
depois de tudo deitado,
Ela
consegue descansar.
Caríssimos,
esta mulher bonita,
Não sou
capaz de não a amar.
Martim
Carvalho, 8º B
17/06/2020