8 de fevereiro de 2020

JÁ FUI AO BRASIL

Chegada dos portugueses à Índia (galeria do museu)
Visitas de estudo, a melhor maneira de aprender sem me enfiar em casa a ler um livro, acho... 

No dia 14 de janeiro, quarta-feira, a minha turma, juntamente com o 9ºA, foi ao Porto, numa visita de estudo organizada pela disciplina de Português. Visitámos o “World of Discoveries”, um museu interativo dedicado aos Descobrimentos portugueses, que se situa no interior dos armazéns antigos da Real Família Velha, em Miragaia.

Visto de fora, o museu é bem peculiar. Distingue-se muito bem das casas que o rodeiam, tendo uma nau estampada na parede, mas as suas velas, paus e cordas são reais, o que lhe dá um efeito muito mais realista.

Logo que entrámos, fomos recebidos por uma guia que, depois de se apresentar, nos pôs a ver um pequeno vídeo, em que o Infante Dom Henrique – um infante português considerado a figura mais importante do início da era dos Descobrimentos - nos deu uma ideia do que iríamos ver no museu, e nos relatou os pontos mais altos da História do nosso País.

Depois de assistirmos ao vídeo, a guia encaminhou-nos para uma sala com o nome “Intentos e Inventos”, onde observámos a evolução dos meios de transporte que permitiram aos nossos antepassados  descobrir novas terras por via marítima. Ao todo, eram a barca, o barniel, a caravela, a nau e o galeão. Do outro lado da divisão, encontravam-se expostos os vários instrumentos de orientação náutica - o astrolábio, o quadrante, a balestilha e a bússola - dos quais a balestilha me chamou a atenção, já que funciona como se fosse uma arma, mas em vez de ser apontada a uma pessoa, é apontada ao sol.

A segunda sala chama-se sala dos “Mundos ao Mundo” e contém várias curiosidades acerca dos Descobrimentos portugueses: mitos e histórias, como o do Adamastor – aquele  gigante que, em forma de penhasco, ameaçava os marinheiros que tentassem passar o Cabo das Tormentas, mais tarde, chamado Cabo da Boa Esperança, quando, em 1488, Bartolomeu Dias o dobrou – e o Velho do Restelo –aquele velho que é citado n’Os Lusíadas, representando todas as pessoas que estavam contra os Descobrimentos; também arte, como as obras de Luís de Camões; biografias dos navegadores;  pessoas e objetos que contribuiram para os Descobrimentos, através da ciência; um ecrã que nos dava a oportunidade de andar dentro dum barco virtual, vendo cada uma das suas divisões e como se chamavam. Havia ainda  dois globos interativos que nos permitiam saber o que era conhecido da Terra numa determinada data.

De seguida, dirigimo-nos à “Cobertura da Nau”, e aqui vimos onde se guardavam os animais, as especiarias, e onde dormia a tripulação. Não havia camas que chegassem, então os tripulantes dormiam à vez, alguns em pé, com a mão presa a uma corda, ou, em último caso, no chão, chão aquele que estava todo sujo, devido à péssima  higiene. E por falar em higiene, também havia uma corda grossa à qual davam o nome de pincel, que servia, nem mais nem menos, para limpar o traseiro dos tripulantes. Um facto interessante é que havia dois pincéis: um para o comandante da nau, e outro para os restantes marinheiros.

Seguidamente, visitámos o “Estaleiro Naval”, que, na época dos Descobrimentos, aquele mesmo que estava exposto, tinha sido usado para construir  navios e suas peças. Aqui também aprendemos o que era um Padrão Português, utilizado pelos descobridores como uma espécie de bandeira. Onde quer que o erguessem, passava a ser território nosso.

Depois de termos aprendido mais sobre o estaleiro, estávamos prontos para a viagem. Fomos ao porto, entrámos num barco, quatro de cada vez, partindo à descoberta do desconhecido. Saímos de Lisboa, passando pelo Norte de África e, quase chegados a Ceuta, fomos bombardeados. Assustámo-nos, mas o medo não nos impediu de continuar viagem nem de conquistar Ceuta! Seguimos em frente, chegando ao Mar Tenebroso, onde várias tempestades nos tentaram destroçar, mas, com a nossa coragem e determinação, não deixámos que isso acontecesse Ainda faltava o mais difícil, passar o Adamastor, que até então não nos deixara dobrar o Cabo das Tormentas. Não foi fácil, mas chegou uma altura em que ele cedeu. Conseguimos! O caminho marítimo para a Índia estava prestes a ser encontrado! Passando pela África Negra e por florestas tropicais, chegámos à Índia, de onde trouxemos imensas especiarias. Continuámos viagem, até Timor e à China. Tudo tinha um cheiro diferente, literalmente. Passámos por Macau e pelo Japão, até que, por fim, avistámos o Brasil que, tendo sido colonizado por nós, ainda hoje tem a nossa linda língua, o português.

Acabada a viagem, saímos do barco, felicíssimos. Não é todos os dias que conquistamos o mundo, pois não? Pelo menos agora posso dizer que já fui ao Brasil. Dirigimo-nos então  à loja de lembranças, onde dissemos adeus à grande tarde que acabáramos de passar.

A meu ver, nesta visita não só aprendi mais sobre o passado do nosso pequeno grande país, como me diverti à grande, "entrando na pele" dos nossos antepassados, que partiram à descoberta sem saber se o mundo tinha continuação, sem sequer saber se voltariam  vivos. Esses sim, serão sempre chamados heróis, não só pelas terras que conquistaram, mas também pela coragem, audácia e fé que os levaram a embarcar naquela grande aventura, mudando completamente a nossa maneira de ver o mundo, o que provou que, mesmo sendo Portugal um país pequeno, pode realizar atos do tamanho do mundo! Isto sim, aprendi sem me enfiar em casa a ler um livro.

Sofia Saturnino, 9ºB

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