Há muito, muito tempo, vivia num bosque uma raposa chamada Rouge-Éria La Prada d’Albuquerque que, como o seu nome indica, era de uma família muito importante e rica. Rouge-Éria não tinha amigos, passava o tempo ora no conforto da sua bem decorada toca, ora a assaltar o galinheiro da quinta do Tio Manel. Assim era difícil arranjar amigos…
– Um dia aquela raposa vai ver... – dizia o Tio Manel indignado, de cada vez que via o seu galinheiro ser atacado.
Ora a nossa raposinha, apesar de tudo, não era feliz. Passava pelo bosque e via os outros animais a fazer uma coisa a que chamavam “brincar”. Aliás, os esquilos eram especialistas nisso: passavam o tempo a saltitar de árvore em árvore, a apanhar nozes para o seu sustento, mas também se divertiam,e era isso que intrigava a nossa Rouge-Éria.
– Como assim, eles riem e divertem-se? – pensava ela – Tenho muito dinheiro, posso comprar tudo o que me apetecer, incluindo felicidade.
E foi ao quiosque do bosque e pediu:
– Quero 1 litro de felicidade, tenho sede de ser feliz! Pago o que for preciso! – disse a raposinha, decidida, à coruja Sabiá, que era muito sábia e tentava sempre ajudar quem precisava.
– Para ser feliz tens de arranjar amigos! – disse a coruja Sabiá – Pensa nisso, não passes tanto tempo sozinha e lembra-te de que o dinheiro não compra tudo.
A raposa saíu dali muito pensativa e, de tão distraída que ia, nem reparou na armadilha que o Tio Manel lhe tinha preparado e … Zás Catrapaz… aí estava ela atada por cordas dos pés à cabeça.
– Socorro! Socorro! Ajudem-me! – gritava ela aflita – E agora quem me há de salvar, se não tenho amigos? É o meu fim, que triste história a minha…
Lá do alto de uma nogueira, o Esquilo Happy-Jump ouvia as lamúrias da raposa e pensava:
– Hum… o que faço eu agora? Deixo-a para ali presa, àquela arrogante, mal disposta e de nariz empinado… ou vou ajudá-la a soltar-se?
E, num pulo rápido, o esquilo pôs-se ao pé da raposa e disse:
– Olá, vossa excelência… Como tem passado?
– Ora esquilo, ajuda-me, por favor! Eu prometo recompensar-te com uma grande quantidade de dinheiro! – garantiu a raposa.
No meio de uma gargalhada, o esquilo disse:
– Ah ah ah!! Dinheiro… para quê, tenho comida, tenho uma família e muitos amigos, não preciso do teu dinheiro! Mas vou ajudar-te na mesma e DE GRAÇA!
Roendo as cordas que prendiam a raposa, rapidamente a libertou e avisou-a:
– Acho que devias ser mais humilde, ligas demasiado aos bens materiais! Olha que a vida é muito mais do que isso! Sabes, amanhã vai haver um grande convívio entre os animais da floresta. Aparece… vais gostar… entre jogos, atividades e lanche partilhado, há montes de diversão para nós.
Rouge-Éria estava de “queixo caído”.
– A sério?! – pensava ela – Eu nunca fiz nada de bom por este esquilo e, de repente, ele salva-me a vida, não aceita a minha recompensa e ainda me convida para uma festa?
Entretanto, o Esquilo Happy-Jump, ao aperceber-se da hesitação da raposa, insistiu:
– Pensa bem! Quando é que poderás arranjar outra oportunidade destas? O companheirismo, o afeto e a felicidade são aspetos fundamentais para a vida de todos os seres, mas não haverá fortuna que os possa comprar.
– O que me interessa isso?… tenho dinheiro… posso ir para onde me apetecer e comprar o que eu quiser…
– É verdade … mas fazes isso tudo sozinha e infeliz! – recordou-lhe o esquilo – Não achas que talvez gostasses de te divertir e conviver com outros animais? Alegria não nos faltará … alegrias partilhadas são alegrias multiplicadas! Acredita … sei do que falo!
A Rouge-Éria, embora tivesse ficado tocada com as palavras do Esquilo Happy-Jump, procurou mostrar algum desinteresse e retorquiu:
– Sim … aceito o teu convite, mas ficas já a saber, eu não sei fazer isso a que vocês chamam “brincar” e muito menos “partilhar”!
Então o esquilo respondeu:
– Não te preocupe s! Eu ensino-te. Vais ver que não custa nada… nem um único cêntimo – e o esquilo deu uma gargalhada feliz.
A raposa aprendeu uma grande lição, nem tudo o dinheiro compra!
Além disso, fez o seu primeiro amigo!
Dinis José Tomás Moreira, 7ºA
1 comentário:
Muito bem!
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