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14 de maio de 2025

TEMPUS FUGIT

 Quando os meus alunos do 12º ano estudam o conto "George", de Maria Judite de Carvalho, tento que estabeleçam relações de sentido entre esta obra e poemas  que tratam, como o conto,  a temática da perda e do envelhecimento. Também  o belíssimo quadro de Klimt, "As três idades da mulher", faz parte dos documentos que interpretamos, convictos de que a exploração de redes temáticas e intertextuais entre obras diversas é um excelente caminho de aprendizagem e descoberta.

Deixo aqui a reprodução do quadro de Klimt e uma leitura possível do mesmo,  uma síntese breve das conclusões a que chegámos.

Gustav Klimt (Áustria, 1862-1918) 

No quadro representam-se três figuras humanas, nuas e de diferentes idades: uma mulher velha, uma jovem e uma criança. A disposição das personagens, pintadas de forma realista, remete para o carácter cíclico da vida.

O destaque é dado à criança e à mulher jovem, que surgem em primeiro plano, tranquilas, talvez adormecidas, e numa posição reveladora de intimidade, o que se manifesta através de pormenores como os olhos fechados, da cabeça em repouso e do abraço que une as duas figuras. Esta união é acentuada pelo véu que as envolve. Notemos ainda aspetos como o cromatismo (os tons alegres, a claridade que parece emanar da pele e dos cabelos) e as flores que adornam a jovem mulher e que simbolizam beleza, plenitude, fertilidade.

Ao lado destas personagens, está representada uma mulher idosa, de perfil para o observador e de frente para as outras duas figuras. Os longos cabelos grisalhos e as mãos nodosas impedem-nos de lhe ver o rosto, sugerindo inibição (talvez mesmo vergonha) e desgosto. A figura desta mulher revela, de forma realista e cruel, as marcas do tempo: o desgaste do corpo, que a idade foi "trabalhando", a flacidez e o escurecimento da pele, a silhueta que os anos, as vicissitudes e a própria  gravidade foram deformando. Tudo nela sugere decadência física, mas sobretudo solidão e vulnerabilidade. A mulher está sozinha, sozinha com o seu sofrimento, as suas memórias, a sua fragilidade.

Assim, esta pintura encena o nascimento, a plenitude e o declínio da vida, expondo com realismo o inelutável devir humano e as consequências do envelhecimento. 

Notas do trabalho feito com as turmas C/E do 12º Ano.


23 de maio de 2013

Azar na sorte

Klimt, O beijo

Há quem possua cobre
Em vez de prata e ouro,
Enquanto acham terror
Eu encontro um tesouro

Sou rico, sendo pobre
Triste por feliz ter
Encontrado no amor
Grande sorte e prazer

Sentimento mais nobre
Jamais irei viver
Porém, sinto uma dor
Bem dura de roer

Oh, criatura tonta!
Não descubro a razão
Por que dou tal valor
Aos do meu coração

O mal que a mim remonta
Deriva do alheio
A sua pouca cor
Minha alma atinge em cheio

Carlos Martins, 10º C (poema e seleção de imagem)