25 de junho de 2020

MULHER

Maternidade, pintura de Almada Negreiros

E fechamos a nossa vitrine virtual, por este ano letivo, com um alegre poema do Martim Carvalho

Haverá palavra mais bonita,
Haverá palavra com tal louvor.
Porque a mim a palavra mulher,
Traz-me boas recordações de amor.

A mulher é um ser humano
Incrível, por dentro e por fora.
Se não fossem as mulheres,
Não estavam a ler isto agora.

Como eu costumo dizer,
Mulher é o caos mais bonito do mundo!
Porque tem um feitio complicado,
Mas seu coração não tem fundo.

São das razões mais bonitas,
Para a felicidade de um macho.
Se bem que quando eles se portam mal,
A mulher diz: “Num instante o despacho!»

Não existe carinho melhor,
Que o de uma mão meiga e ternurenta.
Essa é a da mulher,
Que tanto nos beija quanto nos atenta!

Mas se não fossem as mulheres,
O nosso mundo seria um nó.
Porque mulher começa por filha,
Depois será mãe e mais tarde avó.

Que sentimento de franqueza clara,
Nas suas caras consigo observar.
Para fazermos mulheres felizes,
Temos de ter vontade de amar.

E se o amor não chegar,
Se a mulher não ficar satisfeita,
Escrevemos-lhe um poema lindo,
E a satisfação se inteira.

Porque mulher é mulher.
Não há ser assim tão puro,
Para nós trazem cor,
E acabam por esvaziar o escuro.

Porque mulher é mulher.
Quem o disse não se enganou.
Mas com certeza quem disse esta frase,
Teve uma mulher que amou.

Cedinho já estão a pé,
Lavam-se e ficam arranjadas.
Pelo caminho chamam as crianças,
E vão fazendo as torradas.

Mas que problemas que elas têm,
Quando os “putos” não se querem levantar.
E mesmo ficando com raiva,
São seus filhos, têm de se acalmar.

Ai! Ai! que vida a sua,
Agora deixou as torradas queimar,
E o mais novo a lavar os dentes,
Ainda se conseguiu molhar.

Que correria a delas,
Mais duas torradas a fazer.
E no final daquela meia hora,
A mulher acaba por não comer!

Arranca com o carro depressa,
E deixa um no infantário.
O outro ainda é mais pequeno,
Tem de o deixar no berçário.

Entra às oito para o trabalho,
Ainda lhe falta vestir a farda.
Aí coitada da mulher,
Anda numa correria desgraçada.

Sete e cinquenta e oito ela chega,
O patrão já está a olhar!
E quando olhou para a esquerda,
Até um cão lhe tinha a ladrar.

Teve de se vestir à pressa,
Pôs a touca e toca a andar,
Coitadinha da mulher,
Nem tempo tem para se pentear.

Chega a hora do almoço,
Quando pode descansar.
Mas o malvado do patrão
As empregadas está a chamar!

Cinco e meia, acaba o serviço,
É hora de ir buscar os meninos.
E vai dizendo ao porta-luvas:
Nós conseguimos, nós conseguimos!

Chega à hora para os ir buscar,
Vá lá, até se portaram bem.
Agora vamos juntos para casa,
Porque esta mulher é minha mãe!

Chegamos todos cansados,
E com vontade de comer.
Ó mãe, arranja aí um petisco,
Faz o que te apetecer.

E a tudo o que pedimos,
A mulher nunca diz não!
Quase me esqueci de um pormenor,
Ela ainda trata do cão.

Oito da noite chega o pai,
E vem quase a relinchar.
Ainda tem a desfaçatez de dizer:
Tenho fome, quero jantar.

E só depois de tudo deitado,
Ela consegue descansar.
Caríssimos, esta mulher bonita,
Não sou capaz de não a amar.

Martim Carvalho, 8º B
17/06/2020


1 comentário:

Lucília disse...

Mas que delícia e elogio às mulheres. Muito bem, Martim!