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30 de novembro de 2015

A Divina Comédia

Embora o nome desta obra me fosse familiar, não sabia ao certo de que tratava, nem muito sobre a vida do seu autor. Não sabia muito, portanto, do que me esperava, ou o que esperar. Felizmente, fui surpreendida pela positiva por este clássico da literatura italiana e mundial. Uma das coisas que me cativou foi o primeiro terceto da obra, pela beleza simbólica que apresenta:

«No meio do caminho da nossa vida,
encontrei-me numa selva escura,
pois tinha-me desviado do caminho certo.»

ilustração de Gustave Doré

Admitindo ter-se desviado do caminho certo, tendo, portanto, sucumbido ao pecado, Dante encontra-se  perdido numa selva escura, da qual só sairá quando tiver atravessado o Inferno.

Também os animais que lhe aparecem logo no início da jornada - o leopardo, o leão e a loba faminta - carregados de simbolismo, o assustam e lhe dificultam a travessia. Mas Virgílio, o poeta latino, guiá-lo-á nesta viagem pelo mundo infernal.
ilustração de William Blake
A escolha deste poeta, que o inspirava e que considerava seu mestre, e, mais tarde, da sua amado Beatriz, descrita como um anjo, permitem-nos concluir que Dante valorizava a cultura clássica greco-latina e que quis fazer uma homenagem à mulher que amou, tendo esta então já falecido.

Ao descrever detalhadamente os nove círculos do Inferno, os pecados que condenaram as almas (incluindo aqui algumas pessoas da sua época), os castigos que estas sofrem e todo o ambiente infernal, Dante expõe a sua hierarquia dos pecados, apresentando a traição como o mais grave de todos.

Em suma, trata-se de uma alegoria ricamente escrita, que nos mostra a visão que Dante tinha da sua época e do seu mundo.

Catarina Correia, 12º D

21 de fevereiro de 2013

Uma entrevista ao poeta Dante Alighieri



O meu entrevistado é o célebre escritor, poeta e político italiano, Dante Alighieri. Dante nasceu em Florença, em 1265, numa família da baixa nobreza. É autor da obra Divina Comédia, que influenciou indelevelmente a cultura ocidental, continuando a ser, até hoje, o clássico europeu em língua vernácula que serviu de arquétipo a todos os que se seguiram. Pouco se sabe sobre a vida de Dante, mas podemos encontrar alguma informação nas suas obras, por exemplo na Vida Nova, onde o poeta exprime o seu amor platónico por Beatriz Portinari, que encontrara pela primeira vez quando tinham ambos nove anos e que só voltaria a ver nove anos depois. Apesar de se ter casado, obrigado pelos pais, com Gemma Donati, ele nunca esqueceu Beatriz. Exilado por motivos políticos, Dante morreu em Ravena, onde foi sepultado com honras. 


I: Quero, antes de mais, agradecer a sua ilustre presença e a sua disponibilidade para dar esta entrevista.

Dante: Eu é que agradeço o convite.


I: Começo por lhe perguntar como se sente com o triunfo da sua obra, Divina Comédia, que influenciou tão profundamente toda a cultura ocidental.


Dante Quando escrevi a Comédia, a que posteriormente passaram a chamar Divina, nunca imaginei que pudesse revolucionar a literatura ocidental. Nesta obra relatei uma viagem imaginária, através do Inferno, do Purgatório e do Paraíso, criando, assim, uma alegoria do percurso do homem em busca de si mesmo. Guiado primeiro pelo poeta romano Virgílio, e depois por Beatriz, visito os círculos infernais e desço até ao centro da Terra, onde reside Lúcifer; depois subo a montanha do Purgatório, até ao Paraíso. 


I: Já que referiu o nome de Beatriz, fale-nos um pouco sobre ela. Sabemos que esteve, durante toda a vida, apaixonado por ela. Ela conhecia-o e também o amava? Chegaram a falar-se ou a corresponder-se?


Dante: (comovido) Custa-me falar sobre ela… Era a minha musa inspiradora, a minha principessa… embora nem sequer me conhecesse enquanto éramos vivos.

I: Desculpe, ela não sabia da sua existência? Então como é que se apaixonou irremediavelmente por ela?


Dante: Cruzámo-nos uma vez e foi, para mim, amor à primeira vista. Platónico, amor do espírito e aspirando à perfeição. Nunca falei com ela nem lhe confessei o que sentia. Só no Paraíso é que os seus sentimentos por mim mudaram… Scusa, agora basta! Não quero falar mais desse assunto.

I: (dececionada) Pois muito bem. Fale-me então de Virgílio. Porque é que o escolheu como guia, para o acompanhar durante a sua viagem ao Inferno, ajudando-o também a defender-se dos três animais ferozes que lhe impediam o passo, logo no início da viagem?
Ilustração de William Blake
Dante:  Não foi por acaso que escolhi o eloquente Virgílio. Para além de ter sido romano e de partilharmos, portanto, o sangue italiano, e de eu ser um tenaz nacionalista, (porque se não o fosse, não tinha escrito a Comédia em italiano, numa altura em que os livros importantes eram escritos em latim), considero-o o meu maestro, porque me influenciou ao longo de toda a vida, sendo também ele uma fonte de inspiração para a minha obra. Tal como digo no canto I da Comédia:

 “Tu és o meu mestre e o meu autor:
 Somente de ti é que aprendi
O belo estilo que me tem honrado”.


I: De facto, é um louvor muito belo. E porque é que ao criar os círculos infernais, que representam, cada um, uma categoria de pecados mortais mais grave que o anterior, é mais benevolente para com os amores proibidos e adúlteros? Faço esta pergunta porque na época em que viveu considerava-se tudo quanto se relacionava com o corpo e a sexualidade como pecaminoso e gravíssimo. 


Ilustração de William Blake
Dante:  (impaciente) Como sabe, os círculos vão sendo piores quanto mais próximos das entranhas da Terra. Considero que a traição à pátria é o pior dos pecados, portanto coloquei esses pecadores no mais profundo e terrível dos círculos infernais, o nono. No que diz respeito aos sensuais, que incluem os amores proibidos, sou realmente mais benevolente, porque me comovem. São pecados da juventude, da imprevidência, e não, ao contrário dos outros que referi, pecados da premeditação e da fraude. (pensativo) Na minha obra, no Canto V, durante a passagem pelo segundo círculo, o dos sensuais, encontrei Paolo e Francesca, dois amantes assassinados pelo marido de Francesca. Emocionou-me a história daquelas pobres almas presas no turbilhão, porque, além de terem vivido na mesma época em que eu vivi, acho que o amor verdadeiro não devia ser proibido, ou pelo menos punido daquela forma.

I:  Não querendo ser indiscreta, acho que o seu amor platónico e grandioso por Beatriz o levou a ser benevolente para com os adúlteros, como Paolo e Francesca, Ginevra e Lancelot, e outros que ali coloca.


Dante:  (surpreendido) Talvez. Mas, como referi anteriormente, não quero falar mais sobre a minha amada Beatriz, ela não me deu autorização para isso, e está à minha espera. Terei de interromper esta entrevista…
Ilustração de Salvador Dali


I:Não se vá já embora, ainda tenho tantas perguntas para fazer! Uma delas é saber aonde estão as vossas almas, se é no Inferno, se no Paraíso.


Dante: (surpreendido) Porque quem nos toma?! Claro que estamos no Paraíso, só não estamos ao lado de Deus, porque não somos anjos. Contudo, estamos no 2º céu do Paraíso, destinado às almas que praticaram o bem, mas que buscaram também as glórias e as honras mundanas. E agora tenho mesmo de partir.

I:(inquieta) Espere, deixe-me por favor, fazer uma última pergunta: qual é a sua passagem favorita da Divina Comédia?


Dante:  Va bene, respondo a essa última pergunta. Gosto especialmente da parte do Inferno em que tenho a preciosa ajuda de Virgílio, a quem devo a vida, porque me salva de três feras medonhas e me dá importantes conselhos. E gosto particularmente da abertura do Canto I, esse terceto tantas vezes citado pelos vindouros:

 “Nel mezzo del cammin di nostra vita
 mi retrovai per una selva oscura, 
ché la diritta via era smarita” 


I: Obrigada por ter respondido a todas as minhas perguntas, tinha muitas mais para lhe fazer mas, infelizmente, o tempo é mais curto para as pessoas mundanas do que para as almas. Orgulho-me muito de ter falado consigo. 


Dante:  E eu gostei de me ter dirigido a uma jovem do século XXI. Quem poderia tê-lo imaginado, nos séculos tão distantes em que vivi? Mas agora reúno-me à minha bela Beatriz, para toda a eternidade. Addio. 


                                                                                                                                Indira Leão, aluna de Clássicos da Literatura do 12º Ano F


26 de novembro de 2012

Acerca da Divina Comédia




Um ponto de vista
Dante Alighieri, pintura de Giotto
A “Divina Comédia” é uma obra poética do século XIV que narra uma viagem aventurosa imaginada por Dante, autor e personagem principal da “Comédia” que, posteriormente, recebeu o título de “Divina”. A obra divide-se em três partes (Inferno, Purgatório e Paraíso) e, através dela, Dante dá-nos a conhecer alguns aspetos da sua mundivisão. 
Dante vê o Inferno como um abismo circular que se situa debaixo de Jerusalém e se estreita de cima para baixo, penetrando até ao centro da Terra. A maneira como o poeta divide os nove círculos do Inferno e distribui os vários pecadores é, provavelmente, o aspeto que mais me intriga. Na minha opinião, “criar” um Inferno para castigar eternamente todas as almas pecadoras não faz sentido, pois penso que o maior castigo que podemos ter é perder o direito à vida.
Contudo, apesar de não concordar totalmente com a visão que Dante tem do mundo, penso que o Inferno presente na “Divina Comédia” nos faz refletir sobre a vida e perceber que todos os nossos atos têm consequências.

Ana Portugal, aluna de Clássicos da Literatura, 12º F