11 de março de 2021

ASSIM NÃO DÁ...

Talvez a leitura do livro permita ao José Ferreira uma apreciação mais positiva desta história, pois a adaptação cinematográfica não lhe agradou particularmente. 

Aqui fica a apreciação crítica que ele escreveu.

ASSIM NÃO DÁ...

Eu nunca gostei de filmes que se baseassem em factos verídicos. Ainda para mais um filme que não tem um final feliz, como é o caso de O diário de Anne Frank.

O diário de Anne Frank é um drama lançado em 2009, com a duração de pouco menos de 2 horas. Mesmo que o realizador Jon Jones tenha feito um bom trabalho, a história em si é desgastante, pois passa-se maioritariamente no mesmo local (um anexo) e as personagens são quase sempre as mesmas, o que, como a própria Anne menciona, se torna aborrecido e cansativo, uma vez que se  sabe o que cada um vai dizer.

A história passa-se durante 2ª Guerra Mundial. Anne e a sua família viviam em Amesterdão, mas como a coisa estava a ficar feia para os judeus, tiveram de se esconder por cima do escritório do pai (o dito anexo). À medida que o tempo passa, juntam-se os Van Daan’s e o seu filho Peter, por quem Anne se apaixona, e também um dentista de nome Albert Dussel.

A personagem do pai de Anne Frank marcou-me muito, pois conseguiu, na maioria das vezes, manter-se calmo e não se enervar, e acredito que foi por isso que, de todos os habitantes do anexo, foi o único sobrevivente do campo de concentração. De facto, não sou muito fã deste género de filmes e custa-me muito saber que o que aconteceu a estas personagens aconteceu também a muitos outros judeus.

Na verdade, não creio que a história seja assim tão interessante, convenhamos, a ação fixa-se no período de dois anos em que eles ficaram, literalmente, à espera que a guerra acabasse. É o retrato de uma situação traumática, sem dúvida, mas cansativa. Se ainda mostrassem a ida para os campos de concentração e o que aconteceu lá, mas não… apenas quiseram entristecer-nos mais com aquele final, quando apresentam um a um onde e quando tinham sido mortos. O que, para mim, não fez sentido algum! Uma forma rápida de acabar a história!

Resta-me ler o livro!

                                                                                José Ferreira, 8ºA

4 de março de 2021

Lucky and Zorba - O que achei?

 Uma boa apreciação crítica, do Bruno Prudêncio, 7º ano D, acerca da versão cinematográfica do célebre romance de Luis Sepúlveda. 

  

O filme intitula-se Lucky and Zorba e foi baseado no livro História de uma Gaivota e do Gato que a ensinou a voar, de Luis Sepúlveda, escritor chileno recém-falecido, vítima de COVID-19. É um filme animado que nos ensina como a poluição prejudica e até mata os outros seres vivos.

A história é sobre Zorba, um gato grande, preto e gordo, e os seus outros amigos gatos (Sabetudo, Secretário, Collonello, Yoyo e Barlavento), que entram na aventura de cuidar e de ensinar uma gaivota recém-nascida a voar, depois de a mãe (Kengah) ficar presa em petróleo derramado por um barco. De facto, antes de morrer, a mãe gaivota faz Zorba prometer não comer o seu ovo, cuidar dele e, quando nascesse a gaivotinha, ensiná-la a voar. O filme também aborda a briga dos gatos com um grupo de ratos que queriam comer a gaivota.

  A ação passa-se em Hamburgo, sendo os lugares mais referidos no livro um museu, a casa do Zorba e a casa de um poeta que vive com a sua filha Nina e a sua lindíssima gata, Bubulina, por quem Zorba se apaixona.

  Com o tempo, o ovo que Zorba incubou eclode, e à cria é posto o nome de Lucky, que quer dizer Ditosa.

  Se compararmos o livro com o filme, as diferenças são inúmeras, nomeadamente a inclusão do pequeno gato Yoyo, que tão depressa é prestável como manifesta ciúmes, pois revela à cria que ela é um pássaro e não um gato, alterando a vida da pequena gaivota, enquanto no livro estas revelações são feitas pelos ratos. A verdade é que haverá outras diferenças que pretendo descobrir quando tiver lido o livro todo.

 Este filme de animação, de uma hora e pouco, é digno de ser visto, pois de uma forma mais ou menos subtil trata temas muito atuais:  a poluição marítima, a importância da amizade, da comunicação, do conhecimento e do respeito pelo conhecimento dos mais velhos, de experiência feito!

Em todo o caso, o que achei? Fabuloso, mas já agora leiam o livro também!

Bruno Prudêncio, 7D

2 de março de 2021

A ARTE DA PERDA

Pensando nos alunos que este ano estudaram o conto George, de Maria Judite de Carvalho, publico dois poemas que estabelecem relações temáticas com esse conto. 

No primeiro, Elisabeth Bishop, poeta norte-america (1911-1979), apresenta-nos uma reflexão aparentemente ligeira sobre a aprendizagem da perda e o caminho do luto.  

O outro, de Amalia Bautista, poeta espanhola nossa contemporânea, versa sobre laços, memórias, desprendimento...

São dois poemas admiráveis e invulgares. Convido-vos a todos a lê-los e a deixarem-se surpreender.

Elisabet Bishop


                     
 UMA ARTE

A arte de perder não é difícil de se dominar;
tantas coisas parecem cheias da intenção
de se perderem que a sua perda não é uma calamidade.

Perder qualquer coisa todos os dias. Aceitar a agitação
de chaves perdidas, a hora mal passada.
A arte de perder não é difícil de se dominar.

Então procura perder mais, perder mais depressa:
lugares e nomes e para onde se tencionava
viajar. Nenhuma destas coisas trará uma calamidade.

Perdi o relógio da minha mãe. E olha! a última, ou
a penúltima, de três casas amadas desapareceu.
A arte de perder não é difícil de se dominar.

Perdi duas cidades encantadoras: E, mais vastos ainda,
reinos que possuía, dois rios, um continente.
Sinto a falta deles, mas não foi uma calamidade.

- Mesmo o perder-te (a voz trocista, um gesto
que amo) não foi diferente disso. É evidente
que a arte de perder não é muito difícil de se dominar
mesmo que nos pareça (toma nota!) uma calamidade.

Elisabeth Bishop, in Poemas de Marianne Moore e Elisabeth Bishop, tradução de Maria de Lourdes Guimarães


Amalia Bautista

 FAÇAMOS UMA LIMPEZA GERAL

Façamos uma limpeza geral,
vamos deitar fora todas as coisas
que não nos servem para nada, essas
coisas que já não usamos, as que
não prestam senão para ganhar pó,
e em que tentamos nem reparar porque
nos trazem as lembranças mais amargas,
coisas que magoam, que ocupam espaço
e nunca quisemos perto de nós.
Façamos uma limpeza geral,
ou melhor ainda, uma mudança,
deixando para trás todas as coisas
sem lhes tocarmos, sem nos sujarmos,
deixemo-las onde sempre estiveram,
vamo-nos nós embora, meu amor,
e recomecemos a acumular.
Ou vamos deitar fogo a tudo isto,
vamos ficar em paz com essa imagem
das brasas do mundo perante os olhos
e com o coração desabitado.
Amalia Bautista, in Cuéntamelo otra vez, 1999 (tradução de Mudanças & Companhia)


30 de setembro de 2020

ALMA PERDIDA

Iniciamos a vitrina deste ano com um poema da Bárbara - um soneto cuidadosamente versificado e rimado, cuja  melancolia desgarrada me fez lembrar (não sei se acertadamente) Antero de Quental.   Parabéns, Bárbara!
Fotografia de Edmund Teske,1947

No silêncio abraço a escuridão
Onde apenas se ouve uma alma soluçar
Alma de quem ficou sem chão
Alma de quem não mais sabe sonhar.

Alma em profunda opressão
De quem a vida não quer agarrar
Alma que pede ajuda, porém em vão
Alma moribunda que anda a vaguear.

A vaguear continua
Tão vulnerável e seminua
A tentar libertar-se da dor.

A vaguear pela rua
Rua que nunca foi sua
À procura de paz interior…


                     Bárbara António, 12º D

23 de setembro de 2020

O PORTUGAL FUTURO

 Um belo poema de Ruy Belo, poeta quase nosso conterrâneo, para reiniciarmos o blogue, com os votos de um excelente ano letivo.



O Portugal futuro é um país
aonde o puro pássaro é possível
e sobre o leito negro do asfalto da estrada
as profundas crianças desenharão a giz
esse peixe da infância que vem na enxurrada
e me parece que se chama sável
Mas desenhem elas o que desenharem
é essa a forma do meu país
e chamem elas o que lhe chamarem
portugal será e lá serei feliz
Poderá ser pequeno como este
ter a oeste o mar e a espanha a leste
tudo nele será novo desde os ramos à raiz
À sombra dos plátanos as crianças dançarão
e na avenida que houver à beira-mar
pode o tempo mudar será verão
Gostaria de ouvir as horas do relógio da matriz
mas isso era o passado e podia ser duro
edificar sobre ele o portugal futuro

Ruy Belo, in 'Homem de Palavra[s]'

25 de junho de 2020

MULHER

Maternidade, pintura de Almada Negreiros

E fechamos a nossa vitrine virtual, por este ano letivo, com um alegre poema do Martim Carvalho

Haverá palavra mais bonita,
Haverá palavra com tal louvor.
Porque a mim a palavra mulher,
Traz-me boas recordações de amor.

A mulher é um ser humano
Incrível, por dentro e por fora.
Se não fossem as mulheres,
Não estavam a ler isto agora.

Como eu costumo dizer,
Mulher é o caos mais bonito do mundo!
Porque tem um feitio complicado,
Mas seu coração não tem fundo.

São das razões mais bonitas,
Para a felicidade de um macho.
Se bem que quando eles se portam mal,
A mulher diz: “Num instante o despacho!»

Não existe carinho melhor,
Que o de uma mão meiga e ternurenta.
Essa é a da mulher,
Que tanto nos beija quanto nos atenta!

Mas se não fossem as mulheres,
O nosso mundo seria um nó.
Porque mulher começa por filha,
Depois será mãe e mais tarde avó.

Que sentimento de franqueza clara,
Nas suas caras consigo observar.
Para fazermos mulheres felizes,
Temos de ter vontade de amar.

E se o amor não chegar,
Se a mulher não ficar satisfeita,
Escrevemos-lhe um poema lindo,
E a satisfação se inteira.

Porque mulher é mulher.
Não há ser assim tão puro,
Para nós trazem cor,
E acabam por esvaziar o escuro.

Porque mulher é mulher.
Quem o disse não se enganou.
Mas com certeza quem disse esta frase,
Teve uma mulher que amou.

Cedinho já estão a pé,
Lavam-se e ficam arranjadas.
Pelo caminho chamam as crianças,
E vão fazendo as torradas.

Mas que problemas que elas têm,
Quando os “putos” não se querem levantar.
E mesmo ficando com raiva,
São seus filhos, têm de se acalmar.

Ai! Ai! que vida a sua,
Agora deixou as torradas queimar,
E o mais novo a lavar os dentes,
Ainda se conseguiu molhar.

Que correria a delas,
Mais duas torradas a fazer.
E no final daquela meia hora,
A mulher acaba por não comer!

Arranca com o carro depressa,
E deixa um no infantário.
O outro ainda é mais pequeno,
Tem de o deixar no berçário.

Entra às oito para o trabalho,
Ainda lhe falta vestir a farda.
Aí coitada da mulher,
Anda numa correria desgraçada.

Sete e cinquenta e oito ela chega,
O patrão já está a olhar!
E quando olhou para a esquerda,
Até um cão lhe tinha a ladrar.

Teve de se vestir à pressa,
Pôs a touca e toca a andar,
Coitadinha da mulher,
Nem tempo tem para se pentear.

Chega a hora do almoço,
Quando pode descansar.
Mas o malvado do patrão
As empregadas está a chamar!

Cinco e meia, acaba o serviço,
É hora de ir buscar os meninos.
E vai dizendo ao porta-luvas:
Nós conseguimos, nós conseguimos!

Chega à hora para os ir buscar,
Vá lá, até se portaram bem.
Agora vamos juntos para casa,
Porque esta mulher é minha mãe!

Chegamos todos cansados,
E com vontade de comer.
Ó mãe, arranja aí um petisco,
Faz o que te apetecer.

E a tudo o que pedimos,
A mulher nunca diz não!
Quase me esqueci de um pormenor,
Ela ainda trata do cão.

Oito da noite chega o pai,
E vem quase a relinchar.
Ainda tem a desfaçatez de dizer:
Tenho fome, quero jantar.

E só depois de tudo deitado,
Ela consegue descansar.
Caríssimos, esta mulher bonita,
Não sou capaz de não a amar.

Martim Carvalho, 8º B
17/06/2020


22 de junho de 2020

     Uma fábula muito bem gizada, do Dinis José.
     Há muito, muito tempo, vivia num bosque uma raposa chamada Rouge-Éria La Prada d’Albuquerque que, como o seu nome indica, era de uma família muito importante e rica. Rouge-Éria não tinha amigos, passava o tempo ora no conforto da sua bem decorada toca, ora a assaltar o galinheiro da quinta do Tio Manel. Assim era difícil arranjar amigos…
     – Um dia aquela raposa vai ver... – dizia o Tio Manel indignado, de cada vez que via o seu galinheiro ser atacado. 
     Ora a nossa raposinha, apesar de tudo, não era feliz. Passava pelo bosque e via os outros animais a fazer uma coisa a que chamavam “brincar”. Aliás, os esquilos eram especialistas nisso: passavam o tempo a saltitar de árvore em árvore, a apanhar nozes para o seu sustento, mas também se divertiam,e era isso que intrigava a nossa Rouge-Éria.
     – Como assim, eles riem e divertem-se? – pensava ela – Tenho muito dinheiro, posso comprar tudo o que me apetecer, incluindo felicidade.
     E foi ao quiosque do bosque e pediu:
     – Quero 1 litro de felicidade, tenho sede de ser feliz! Pago o que for preciso! – disse a raposinha, decidida, à coruja Sabiá, que era muito sábia e tentava sempre ajudar quem precisava.
     – Para ser feliz tens de arranjar amigos! – disse a coruja Sabiá – Pensa nisso, não passes tanto tempo sozinha e lembra-te de que o dinheiro não compra tudo. 
     A raposa saíu dali muito pensativa e, de tão distraída que ia, nem reparou na armadilha que o Tio Manel lhe tinha preparado e … Zás Catrapaz… aí estava ela atada por cordas dos pés à cabeça.
     – Socorro! Socorro! Ajudem-me! – gritava ela aflita – E agora quem me há de salvar, se não tenho amigos? É o meu fim, que triste história a minha…
     Lá do alto de uma nogueira, o Esquilo Happy-Jump ouvia as lamúrias da raposa e pensava:
     – Hum… o que faço eu agora? Deixo-a para ali presa, àquela arrogante, mal disposta e de nariz empinado… ou vou ajudá-la a soltar-se?
     E, num pulo rápido, o esquilo pôs-se ao pé da raposa e disse:
     – Olá, vossa excelência… Como tem passado?
  – Ora esquilo, ajuda-me, por favor! Eu prometo recompensar-te com uma grande quantidade de dinheiro! – garantiu a raposa.
     No meio de uma gargalhada, o esquilo disse:
   – Ah ah ah!! Dinheiro… para quê, tenho comida, tenho uma família e muitos amigos, não preciso do teu dinheiro! Mas vou ajudar-te na mesma e DE GRAÇA!
     Roendo as cordas que prendiam a raposa, rapidamente a libertou e avisou-a:
     – Acho que devias ser mais humilde, ligas demasiado aos bens materiais! Olha que a vida é muito mais do que isso! Sabes, amanhã vai haver um grande convívio entre os animais da floresta. Aparece… vais gostar… entre jogos, atividades e lanche partilhado, há montes de diversão para nós.
     Rouge-Éria estava de “queixo caído”.
     – A sério?! – pensava ela – Eu nunca fiz nada de bom por este esquilo e, de repente, ele salva-me a vida, não aceita a minha recompensa e ainda me convida para uma festa?
     Entretanto, o Esquilo Happy-Jump, ao aperceber-se da hesitação da raposa, insistiu:
     – Pensa bem! Quando é que poderás arranjar outra oportunidade destas? O companheirismo, o afeto e a felicidade são aspetos fundamentais para a vida de todos os seres, mas não haverá fortuna que os possa comprar.
     – O que me interessa isso?… tenho dinheiro… posso ir para onde me apetecer e comprar o que eu quiser…
     – É verdade … mas fazes isso tudo sozinha e infeliz! – recordou-lhe o esquilo – Não achas que talvez gostasses de te divertir e conviver com outros animais? Alegria não nos faltará … alegrias partilhadas são alegrias multiplicadas! Acredita … sei do que falo!
     A Rouge-Éria, embora tivesse ficado tocada com as palavras do Esquilo Happy-Jump, procurou mostrar algum desinteresse e retorquiu:
      – Sim … aceito o teu convite, mas ficas já a saber, eu não sei fazer isso a que vocês chamam “brincar” e muito menos “partilhar”!
     Então o esquilo respondeu:
   – Não te preocupe s! Eu ensino-te. Vais ver que não custa nada… nem um único cêntimo – e o esquilo deu uma gargalhada feliz.
     A raposa aprendeu uma grande lição, nem tudo o dinheiro compra!
     Além disso, fez o seu primeiro amigo!


Dinis José Tomás Moreira, 7ºA


20 de junho de 2020

Um texto da Catarina Henriques, acerca d' Os Maias, que já foi também publicado no blogue da Biblioteca.
Pintura de Renoir, Baile no Moulin de la Galette
A ação d’ Os Maias passa-se na segunda metade do século XIX e apresenta-nos a história de três gerações da família Maia. Carlos Eduardo da Maia, um belo homem, física e intelectualmente, é a personagem principal do romance.

Assim sendo, todos os espaços estão relacionados com esta personagem, desde Santa Olávia até Coimbra, a Lisboa, ao seu consultório e a outros locais que frequenta, passando por Sintra e terminando em Paris, onde passa a residir no final da narrativa.

A infância de Carlos decorre em Santa Olávia, um espaço conotado muito positivamente. É o símbolo da vida e o refúgio em momentos difíceis. Já Coimbra é o local dos estudos de Carlos, do seu contacto com as novas ideias filosóficas e científicas, e o símbolo da boémia estudantil e da amizade. Sintra, por sua vez, onde procura a amada, representa a beleza paradisíaca e os encontros amorosos, mais ou menos clandestinos, da alta burguesia da época.

A vida profissional e social de Carlos passa-se em Lisboa. A cidade representa então a idade adulta e o convívio, sendo o palco dos seus amores e da desgraça da sua família. O Ramalhete, a casa onde reside com o avô, representa as expetativas, os sonhos, os sucessos, mas também a catástrofe que precipita a decadência familiar. Por sua vez, o consultório é o símbolo do diletantismo de Carlos e da sua geração. Representa os seus projetos e o posterior falhanço profissional.

É na Toca, uma quinta discreta nos Olivais, que Carlos vive a sua curta história de amor com Maria Eduarda, sendo a sensualidade de ambos simbolizada por este espaço. É também aqui, ao nível da descrição do espaço, que se encontram várias evidências que pressagiam o destino trágico do casal.

Por fim, ao longo de toda a obra, o estrangeiro surge como símbolo de cultura, de requinte e da educação superior de Carlos, mas também como um recurso para fugir aos problemas e complicações. Assim, depois do incesto e da morte do avô, é em Paris que Carlos da Maia se refugia.

Concluindo, podemos afirmar que o espaço é uma categoria central neste romance.



Catarina Henriques, 11ºA