7 de março de 2019

DINOSSÁURIA


Olá, eu sou o Tino, um dinossauro que, como todos os outros, vive na Dinossáuria, o atual planeta dos dinossauros. Agora deves estar a perguntar-te: “Os dinossauros não estavam extintos? Não houve um meteorito que acabou com eles?” Sim, na parte do meteorito acertaste, porém, há alguns mistérios que vocês, humanos, ainda não conseguiram explicar.

Há muitos milhões de anos, mais precisamente há 65 milhões, estava eu na cidade de Olauros, numa reunião super importante da AMED (Associação Mundial Espacial dos Dinossauros), onde, com a ajuda dos meus colegas, iria decidir o destino do mundo, quanto ao famoso meteorito que ia fazer com que fôssemos extintos.

Eu sei que já nos imaginaste de inúmeras formas: a viver do que a natureza nos dava, não sabendo sequer o que é um telefone, mas estás muito enganado! Podes pensar que não, mas naquele tempo já conhecíamos toda a tecnologia que vocês conhecem, ou ainda mais…

As nossas casas não eram como a tua, com telhado, paredes, porta e janelas. Eram casas que se adaptavam aos dinossauros que lá morassem. Imagina que eu sou um pequeno velociraptor e quero convidar um amigo para beber chá em minha casa. Há um problema: o meu amigo é um grande tiranossauro rex, logo, não cabe na minha casa. Foi então que o famoso Albert Dinostein, um dino-cientista daquela época, inventou uma forma de resolver tudo: pegou numa casa, concentrando a massa, a dividir pelo seu número de dentes, multiplicando por 243 e adicionando geleia, acertou o volume, de modo a que ela se adaptasse ao tamanho do dinossauro que estivesse lá dentro.

Isto é genial, eu sei. Só para saberes, Albert Dinostein foi de facto um génio, e ainda é, pois graças a uma poção que inventou é imortal. Passo a explicar. À beira da morte, Dinostein tentava encontrar uma maneira de viver mais tempo e, no meio de tantas experiências, encontrou o ingrediente que fez com que vivesse muitos e muitos mais anos: cinzas de vulcão. Pode parecer um pouco bizarro, mas funciona! Inclusive eu próprio tomei aquela poção, ou não estaria hoje aqui para vos contar a história.

Se pensas que não havia carros, também estás enganado! Eram carros como os vossos (um pouco maiores), porém não andavam a gasóleo. Os nossos carros moviam-se a energia estelar, o que era muito bom, uma vez que não gastávamos um balúrdio nas bombas de gasolina. E, antes que perguntes, sim, as estrelas que vês todas as noites no céu são nada mais nada menos que uma invenção de Daac Dewton. Cada estrela era o combustível de um carro. Só para ficares completamente esclarecido, o Sol é uma estrela também criada por Dewton, mas como foi a primeira, saiu defeituosa e ficou muito perto de nós, o que acabou com a vida dos nossos amigos mercurianos, antigos habitantes de Mercúrio.

E, se já estás impressionado, ainda há mais! Como deves saber, na altura em que estávamos aí na Terra, havia uma grande quantidade de vulcões em actividade, que, ao libertar cinzas, causavam alergia aos olhos, obrigando-nos a andar sempre de  óculos de sol. Dinostóteles aproveitou o facto de todos usarmos óculos e inventou os “teledinóculos”, uma espécie de telemóvel, mas, como o próprio nome indica, era um telemóvel nos óculos. A coincidência é tanta, que até tínhamos a “Diri”, uma assistente pessoal parecida com a “Siri” dos vossos iPhones. Mas chega de empatar. Já falei tanto que me esqueci de que tu só queres saber como fui parar à Dinossáuria.

Como mencionei no início, estávamos numa reunião da AMED, a tentar decidir o futuro do planeta Terra, até que chegámos a uma conclusão: como a Terra é redonda, ao chocar contra ela, o meteorito iria explodir e nós morreríamos. Não havia nada a fazer, então eu, como secretário-geral da AMED, mandei uma mensagem para os teledinóculos de todos os dinossauros do planeta, dizendo:

“Alerta vermelho! Estamos todos em PERIGO. Em breve um meteorito vai chocar com o nosso planeta e poderemos todos MORRER. Mas fiquem tranquilos, não há nada a temer. Só vos peço uma coisa: façam o que fizerem, NÃO ENTREM EM PÂNICO.
                                                                                                  Atenciosamente,
                                                                                                  Sr. Dr. Tino Dino”

Dá para ver que esta não foi, nem de longe, a melhor mensagem que mandei, mas não me arrependo de nada (já vais perceber porquê). Graças à forma direta como mandei a mensagem, entraram todos em pânico, com medo de morrer. Na rua só se via tudo a correr de um lado para o outro, de trás para a frente, de frente para trás. Ouviam-se gritos de dinossauros aterrorizados com o que ia acontecer. Enquanto isso, nós, AMED, vigiávamos o meteorito, que cada vez se aproximava mais. Estávamos completamente às escuras, sem saber o que fazer, e receando morrer todos… ou não. Só nos restava esperar.

A certa altura, começou a ouvir-se um barulho que parecia as acendalhas dos nossos dinofornos, quando estoiravam. Era a hora. Daí a alguns minutos, íamos todos morrer. Começou a avistar-se uma bola de fogo vermelha, laranja, amarela…, de todas as cores ao mesmo tempo e, no momento em que o meteorito chocou, fomos pelos ares. Nesta altura deves estar um pouco confuso, não é? Se fomos pelos ares, morremos, certo? Não, quando disse “pelos ares”, foi literalmente pelos ares, ou seja, começámos a pairar no espaço. Lembras-te de eu te falar dos dinossauros entrarem em pânico? Pois é, o pânico foi tal, que, de uma forma científica que ainda hoje não consigo explicar, a Terra transfigurou-se. Sim, foi mesmo o que acabaste de ouvir. Quando o meteorito chocou com a Terra, esta, tornada plana, permitiu que nós sobrevivêssemos, o que em vez de acabar connosco, nos pôs a voar pelo espaço.

Estivemos assim durante dias, e, pode parecer estranho, mas sobrevivemos sem precisar de oxigénio. Mais outra coisa intrigante que eu não consigo explicar, flutuámos como se não houvesse amanhã, mas uma coisa era certa: era lindo! O único barulho que se conseguia ouvir era o dos asteróides que, todos alinhados, como se estivessem numa excursão, faziam um barulho que parecia o som de um mamute a barrir. De lá víamos a Terra, assim como todos os outros planetas, e o Sol, que até nem tinha sido um erro muito mau de Daac Dewton. A certo momento, vimo-nos em cima de chão firme, mas não era a Terra. Era um lugar diferente, o oposto da Terra. Pisávamos o céu e avistávamos no horizonte a terra e o mar. Aqui é que podemos literalmente dizer que andamos nas nuvens! Gostámos todos daquele lugar, tornámo-lo num lar e demos-lhe o nome de Dinossáuria, que significa cidade dos dinossauros.

Ao longo de milhares de anos, fizemos evoluir a nossa tecnologia, até que, há 650 mil anos, arranjámos uma maneira de, através de um dinossatélite, vigiar a Terra que, não sei porquê, se tinha tornado outra vez redonda. Passaram 300 mil anos, e até esse momento não vimos vida na Terra. Um dia, ficámos espantados quando vimos pela primeira vez um homem e uma mulher que tiveram um filho. Desde então, começámos a prestar mais atenção à Terra. Há uns 20 mil anos, avistámos um meteorito que ia em direção à Terra. Nessa altura, como é óbvio, vocês humanos não tinham o mínimo conhecimento da tecnologia, então tivemos de agir. Construímos uma máquina que foi programada para que quando o meteorito estivesse quase a abater a Terra, se destruir em bocados muito pequenos, ficando os humanos sãos e salvos. A partir desse dia, cada vez que um meteorito está quase a colidir com a Terra, ligamos a máquina e salvamo-vos.

Agora já sabes, se vires nas notícias que um meteorito vai embater na Terra, ou se te mandarem uma mensagem tão maluca como a que eu mandei há alguns milhões de anos aos outros dinossauros, não te preocupes que nós tratamos do assunto! 
               
 Sofia Saturnino, 8º B

22 de fevereiro de 2019

A VISITA DE ESTUDO DO 12º A


FUNDAÇÃO CALOUSTE GULBENKIAN E OCEANÁRIO

No contexto das disciplinas de Biologia e Matemática A, a nossa turma realizou, no passado dia 5 de fevereiro, uma visita de estudo a Lisboa, mais precisamente à Fundação Calouste Gulbenkian e ao Oceanário.

O primeiro local visitado foi Fundação Calouste Gulbenkian, onde Simão Palmeirim, um dos dois estudiosos e especialistas do painel “Começar”, da autoria do célebre Almada Negreiros, nos deu a magnífica oportunidade de conhecer pormenorizadamente a obra. O painel, de grande complexidade matemática e geométrica, tem um lugar de destaque na Fundação, visto que se encontra na entrada do Edifício Sede e, na minha opinião, não poderia estar melhor localizado.

Se a manhã tinha sido boa, a tarde foi ainda melhor. Já no Oceanário, a visita foi dividia em duas etapas. Numa primeira fase, realizámos, numa espécie de sala de aula, um debate mediado por um biólogo marinho, sobre as verdades e os mitos relativamente às alterações climáticas. Seguidamente, o biólogo guiou-nos pela exposição permanente do Oceanário, dando, ao longo do percurso, breves explicações acerca das espécies que estávamos a observar.

Como aluna do 12°ano e sendo esta a minha última visita no âmbito escolar, não poderia estar mais satisfeita. Os sítios visitados são de grande interesse cultural e, tanto eu, como, certamente, os meus colegas aproveitámos o dia da melhor maneira. 
 
                                        Inês Marques, 12º A

9 de fevereiro de 2019

Pelo sonho é que vamos

Uma leitura do belo poema de Sebastião da Gama, pelo Dinis Dias.


Pelo Sonho é que vamos,
comovidos e mudos.
Chegamos? Não chegamos?
Haja ou não haja frutos,
pelo sonho é que vamos.

Basta a fé no que temos,
Basta a esperança naquilo
que talvez não teremos.
Basta que a alma demos,
com a mesma alegria,
ao que desconhecemos
e do que é do dia-a-dia.

Chegamos? Não chegamos?
– Partimos. Vamos. Somos

Sebastião da Gama



No poema "O Sonho", de Sebastião da Gama, a forma verbal "vamos" refere-se a nós. Vamos todos para o mais profundo dos nossos sonhos, que são realizados dentro da nossa mente. Vamos de uma forma leve e sonhadora, voamos com a ajuda dos ventos da nossa imaginação e fé em que eles se possam realizar. 

Muito mais importante do que chegar ao fim dos sonhos é sonhar, porque ao menos sonhamos e temos o gosto do que é. E a verdade é que muitas vezes não chegamos ao fim dos sonhos.

No último verso, reforça-se a ideia de que o nosso sonho é coletivo "partimos, vamos, somos". Todos no mundo sonham e, se tornarmos isto num sonho coletivo, o mundo será muito melhor.

                                                                       Dinis Dias, 7º C


30 de janeiro de 2019

Bailemos as três, ai amigas

Outra bailia das alunas de Literatura Portuguesa, recriando a poesia dos trovadores medievais.


Bailemos as três, ai amigas,
Debaixo destas laranjeiras floridas.
Quem for linda como nós, lindas,
                                   Se amigo amar,                                
Debaixo destas laranjeiras floridas
Virá bailar

Bailemos as três, bem ordeiras,
Debaixo deste ramo de laranjeiras.
Quem for cavaleira como nós, cavaleiras,
Se amigo amar,
Debaixo deste ramo de laranjeiras
Virá bailar

Enquanto não fazemos outra coisa, ai amigas,
Debaixo deste ramo florido, escondidas.
E quem bem parece, como nós, raparigas,
Se amigo amar
Debaixo deste ramo sob o qual há mentiras
Virá bailar.            
                                                 
                 Beatriz Jesuíno e Diana Sousa, 10ºD                                              

7 de dezembro de 2018

TU EM MIM

pintura de Andrey Remnev

Cercada pelo mundo,
mas sem ninguém ao pé.
Apoiada por todos,
mas sem andarilho.
No silêncio, às escuras,
há que ter fé,
caminhas sozinha sem um amigo.

Andas, cais e tropeças
entre os dedos da minha mão,
vais, quebras promessas,
desces e entras no meu coração.

Coração puro antes de ti.
Coração aberto, todo para ti.
Estragado, violado,
por ti maltratado.

Sem piedade nem dó,
deixas-me aqui,
assim tão só.
Adorada e largada,
que por ti julgava ser amada.

Ó deus dos deuses,
que traças o nosso leito,
que ditas o nosso tempo,
por ti, nós temos respeito.

Não fecheis o relógio,
deixai-o parado.
Dai-me mais tempo,
que o meu coração ainda não está sarado.

Não me cortes as asas,
dá-me esta oportunidade,
não cortes o fio de vida
e o que resta da minha dignidade.

Maria Costa, 8.º A

1 de dezembro de 2018

Bailemos nós três

Recriando a nossa poesia trovadoresca, as alunas de Literatura Portuguesa ensaiam bailias:


Bailemos nós três, tão engraçadas
Por debaixo das macieiras enfeitadas
E quem for amada como nós amadas
Se amigo amar
Apenas sob estas macieiras decoradas
Virá dançar

Bailemos nós três, ai irmãs
Por debaixo do ramo destas maçãs
E quem for cristã como nós cristãs
Se amigo amar
Apenas sob estas macieiras meãs
Virá dançar

Por deus, tão engraçadas, então não fazemos nada
Por debaixo da rama esverdeada
E quem bem julgar, como se é julgada
Se amigo amar
Apenas sob esta macieira adorada
Virá dançar

Iara Boita e Maria Inês, 10º D

25 de novembro de 2018

O ANO DA MORTE DE RICARDO REIS PELA COMPANHIA A BARRACA

Outra apreciação crítica do espetáculo, integrado no Books & Moovies de Alcobaça, a que os nossos alunos assistiram. 



A peça “1936, Ano da Morte de Ricardo Reis”, baseada na obra homónima de José Saramago, procura ser fiel à essência do livro, mas adaptando-o ao drama de uma forma pouco vulgar. 

Apesar da dificuldade deste desafio, A Barraca conseguiu, de forma excecional, tornar um romance extenso, denso e bastante pormenorizado, em algo divertido, estimulante e cativante para o público juvenil. 

A forma como as personagens foram trabalhadas fez com que o público ficasse “preso às cadeiras”. Primeiramente, tornar Fernando Pessoa numa personagem cómica, ou até mesmo ridícula, contrastando com a ideia de que o poeta era um indivíduo sério e intocável, que não podia ser alvo desta irreverência, provocou imensas gargalhadas à plateia. De seguida, Ricardo Reis, com o seu ar exuberante perante as personagens femininas, com o seu ar de passeante nos momentos de deambulação pela cidade, e ainda de “criancinha”, quando Fernando Pessoa aparecia para o alertar e aconselhar, conferiu à peça uma certa leveza. 

Por outro lado, a existência de um cenário permanente trouxe algumas dificuldades na separação de cenas, exigindo, assim, a quem estava a ver, uma maior atenção e alguma capacidade de perceção para conseguir entender a história de forma mais clara. 

Em síntese, a peça apresentada pela companhia A Barraca revela uma faceta mais divertida do romance de Saramago, conservando alguns pormenores da obra e acrescentando fatores que permitiram ao público uma maior facilidade na compreensão do romance. 


Francisco Rocha, 12.ºA

20 de novembro de 2018

UM REGRESSO INESPERADO


O Fausto, do 9º G, partilha connosco uma memória grata.
 
fotografia de Melanie Langer
O dono do café do Centro Recreativo Popular da Ribafria, que estava hoje à porta do café enquanto me dirigia para o treino, lembrou-me outro, há 3 anos, nesse mesmo café.

Eu passava todos os dias por ele e cumprimentava-o com muito gosto, era uma pessoa alta, forte, careca e vestia-se frequentemente de azul. “Por dentro” era uma pessoa respeitadora, simpática e humilde, tinha sempre um sorriso no rosto ao servir as pessoas, passava por mim e perguntava-me sempre se estava bom e dizia-me para não dar muitas caneladas nos treinos. Já não falava com ele há três anos! As coisas mudaram desde que saiu do café e foi morar para Peniche, onde abriu a super conhecida loja de surf, a Ripcurl.

Quando entrei no pavilhão, a surpresa veio bater-me à porta: Paulo Machado, o antigo dono do café, estava lá sentado, a ver o treino dos infantis. Perguntei-lhe se se lembrava de mim e respondeu-me com um aceno e um abraço. Voltei para o bar, onde tinha estado instantes antes debruçado sobre o jornal, pagou-me uma cerveja e uns tremoços, e contámos um ao outro o que de bom nos tinha acontecido nestes últimos três anos.

Fausto Luís, 9.ºG

5 de novembro de 2018

É importante

Uma crónica da Maria Costa, do 8ºA. Ora leiam, que vale a pena. 


Ao que parece, vou ter de fazer outro texto livre! Escrevê-lo e rezar para que a nota não seja muito má.

Neste texto, decidi escrever sobre uma coisa que nunca me passou pela cabeça que pudesse ser importante na minha vida. Estou a falar das obras, por mim já consideradas património sagrado, que misteriosamente aparecem escritas nas portas das casas de banho.

Começando pelo início, tenho algumas dúvidas, pois, verdade seja dita, eu nunca vi ninguém escrever o que lá está. Também não sei como é que uma pessoa foi capaz de chegar à conclusão de que era boa ideia agarrar num corretor ou numa caneta, pedir à professora para ir à casa de banho e começar a desenhar aquelas figuras. Pois, para além de ser um desperdício, quer de caneta quer de corretor, não entendo como uma pessoa, no tempo de uma simples ida à casa de banho, consegue desenhar coisas como as que lá estão: desenhos animados, animes japoneses, todos cheios de pormenores detalhadamente representados através de cada pinga de tinta derramada na porta.

Muitas vezes, embora vistas como uma forma de vandalismo, as frases escritas nas portas servem como entretenimento, uma vez que na escola não temos aqueles famosos rótulos de shampoos e géis para ler.

Existem três tipos de frases e de pessoas que as escrevem. Existem, por exemplo, as frases interrogativas, feitas por pessoas que esperam que alguém tão estranho como elas lhes responda; as frases afirmativas, sem nada de mais, deixadas lá por pessoas normais; e, por fim, as frases inspiradoras com que muitas vezes nos identificamos e levamos como conselho.

Fora do patamar das frases e perguntas, existem ainda os desenhos, que também têm a sua variedade. Esta variedade vai desde os desenhos simples, passando pelos animes e animações japonesas, até às figuras fofas de bochechas grandes e até mesmo aos smiles. É aqui que surge a minha maior dúvida: “estas pessoas não mereciam um prémio?”. É óbvio que estou a brincar, mas não podemos negar que a cabeça destas pessoas está cheia de ideias e imaginação.

Estes exemplares de arte podem ser encontrados em qualquer parte, basta olhar com atenção, porém, os lugares mais comuns são as portas das casas de banho e os bancos. Nos bancos, por outro lado, já é mais comum encontrar outro tipo de frases, como declarações de amor ou até mesmo simples frases onde é deixado bem explícito que a turma de quem a escreveu é a melhor da escola.

A minha opinião sobre estas obras de arte é que são, nada mais nada menos, que trabalhos de elfos mágicos que só aparecem na escola depois de ela fechar, assim se explica o porquê de nunca ninguém ver quem escreve e desenha as artes da porta. Eles certamente andam sempre com uma bolsinha onde transportam a caneta e o corretor de tinta, invisível aos olhos das funcionárias, pois não acho possível que, estando lá há tanto tempo, nunca as tenham tentado tirar.

Fora isto, o que realmente mais me espanta é que certas frases foram claramente escritas por seres do sexo masculino e, uma vez que a sua entrada nos sanitários femininos é proibida, não percebo como foram lá parar.

   Mas bem, a minha conclusão quanto a estes pequenos atos de vandalismo é a de que, embora sejam uma forma de vandalizar a escola, também trazem consigo uma história e, por vezes, sabedoria. Por isso, sim, considero estas “coisas” umas “coisas” bastante importantes!

Maria Costa, 8.º A

29 de outubro de 2018

À minha querida mãe

Um poema doce, do Martim Carvalho, do 7ºB.
Maternidade, pintura de Almada Negreiro
Com os teus cabelos louros
Nove meses me aturaste
E eu sempre a chatear
Mas tu nunca te importaste

Com esses olhos azuis
Que qualquer mulher inveja
Os teus lábios doces
Com sabor a cereja

Sem ti, minha querida mãe
Eu nem sequer existia
Depois dos nove meses
Doze anos alguns meses e um dia

A ti agradeço tudo
Tudo o que fizeste por mim
E deste-me este lindo nome
Chamaste-me Martim
  

16/10/2018

Martim Carvalho – 7ºB

24 de outubro de 2018

A ESCOLA IDEAL


A Margarida, aluna do nono ano, deixa-nos a sua opinião acerca da escola que, do seu ponto de vista, seria a ideal.
Manuel Amado, O jardim encantado, óleo sobre tela, 1999

O que é a escola ideal? Existe? Poderá vir a existir?

A meu ver, a escola ideal seria um pouco diferente das escolas atuais.

Mas ao contrário das muitas opiniões que se encontram nas redes sociais, eu não considero que todos os métodos de ensino atuais devam ser abandonados e substituídos por opções mais "atrativas". Apesar de o interesse do aluno poder ser um fator muito influente na sua aprendizagem, as mentes jovens também necessitam de disciplina, pois só assim conseguirão preparar-se verdadeiramente para o seu futuro, como bons trabalhadores e, acima de tudo, como bons cidadãos, para conseguirem viver em comunidade, numa sociedade onde tem de haver regras.

 Contudo, penso que algumas escolhas deveriam ser do direito dos alunos, de maneira a que houvesse um equilíbrio entre os conteúdos da(s) disciplina(s) e a vontade do aluno, para que que ele tivesse mais vontade de estudar e de alcançar os seus objetivos, durante e após o seu percurso escolar.

Portanto, bastava esta pequena diferença nas escolas, atualmente.

                         Margarida Jorge, 9ºA

16 de outubro de 2018

José Saramago em cena


1936 – O ANO DA MORTE DE RICARDO REIS

Cineteatro de Alcobaça
Books & Moovies - 2018
A adaptação ao teatro de uma obra literária de tamanha dimensão como “O ano da morte de Ricardo Reis”, de José Saramago, não é certamente fácil. Ainda assim, o grupo teatral “A Barraca”, fundado há 42 anos, fez os possíveis para o conseguir.

Do meu ponto de vista, para quem não conhecer minimamente a obra, a peça de teatro ficará um pouco aquém das expetativas, não querendo com isto dizer que é necessário ter lido o romance na íntegra para entender e apreciar a peça. No entanto, para tirar um melhor partido do espetáculo, é fundamental procurar conhecer previamente um pouco da história que o livro narra, lendo, por exemplo, a sua sinopse.

No que se refere às personagens, destaca-se a de Fernando Pessoa. Apesar da excelente interpretação do ator, a personagem foi retratada de forma um pouco exagerada e demasiado extrovertida, com um riso mecânico e um certo ridículo, o que não vai ao encontro do Pessoa reservado e discreto que todos esperaríamos. Contudo, creio que a forma como a personagem foi apresentada tem como objetivo divertir o público, dando um lado cómico à peça. 

Já a personagem de Lídia, interpretada por Sónia Barradas, é apagada e passa demasiado rapidamente em cena, sendo notório que o seu envolvimento com Ricardo Reis não é apresentado com a importância que tem na obra, passando quase despercebido em comparação com o que é descrito no livro.

Em suma, tendo em consideração os aspetos mencionados, esta peça de teatro revela um lado mais divertido do romance de Saramago, conservando, embora com pouco detalhe, o essencial do enredo da obra.

Inês Rosa Marques, 12ºA

5 de outubro de 2018

No dia em que se comemora a República

Uma das mais belas figurações da República Portuguesa, da autoria do escultor Anjos Teixeira (1880-1935).

Na fotografia, consta uma dedicatória do próprio escultor a Aquilino Ribeiro.

18 de junho de 2018

POEMAS PARA O VERÃO

O haikai é uma breve composição poética de origem japonesa. Funda-se nas relações entre o homem e a natureza e no pressuposto filosófico de que tudo neste mundo é transitório. Deixamos aqui quatro desses delicados poemas, cujo tema é o verão. Com votos de boas férias a todos os nossos alunos que este ano não realizam exames e já iniciaram merecidas férias. 

Gustave Klimt, Jardim

Preso na cascata
um instante:
o verão

Silêncio:
as cigarras escutam
o canto entre as rochas

Com relutância
emerge a abelha
do coração da peónia

Visto à luz do sol
é apenas mais um insecto
o pirilampo

Matsuo Bashô (1644 – 1694)