Olá, eu sou o Tino, um dinossauro que, como todos
os outros, vive na Dinossáuria, o atual planeta dos dinossauros. Agora deves estar a perguntar-te: “Os dinossauros
não estavam extintos? Não houve um meteorito que acabou com eles?” Sim, na
parte do meteorito acertaste, porém, há alguns mistérios que vocês, humanos,
ainda não conseguiram explicar.
Há muitos milhões de anos, mais precisamente há 65
milhões, estava eu na cidade de Olauros, numa reunião super importante da AMED
(Associação Mundial Espacial dos Dinossauros), onde, com a ajuda dos meus
colegas, iria decidir o destino do mundo, quanto ao famoso meteorito que ia
fazer com que fôssemos extintos.
Eu sei que já nos imaginaste de inúmeras formas: a
viver do que a natureza nos dava, não sabendo sequer o que é um telefone, mas
estás muito enganado! Podes pensar que não, mas naquele tempo já conhecíamos
toda a tecnologia que vocês conhecem, ou ainda mais…
As nossas casas não eram como a tua, com telhado,
paredes, porta e janelas. Eram casas que se adaptavam aos dinossauros que lá
morassem. Imagina que eu sou um pequeno velociraptor e quero convidar um amigo
para beber chá em minha casa. Há um problema: o meu amigo é um grande tiranossauro
rex, logo, não cabe na minha casa. Foi então que o famoso Albert Dinostein, um
dino-cientista daquela época, inventou uma forma de resolver tudo: pegou numa
casa, concentrando a massa, a dividir pelo seu número de dentes, multiplicando
por 243 e adicionando geleia, acertou o volume, de modo a que ela se adaptasse ao
tamanho do dinossauro que estivesse lá dentro.
Isto
é genial, eu sei. Só para saberes, Albert Dinostein foi de facto um génio, e
ainda é, pois graças a uma poção que inventou é imortal. Passo a explicar. À
beira da morte, Dinostein tentava encontrar uma maneira de viver mais tempo e,
no meio de tantas experiências, encontrou o ingrediente que fez com que vivesse
muitos e muitos mais anos: cinzas de vulcão. Pode parecer um pouco bizarro, mas
funciona! Inclusive eu próprio tomei
aquela poção, ou não estaria hoje aqui para vos contar a história.
Se pensas que não havia carros, também estás
enganado! Eram carros como os vossos (um pouco maiores), porém não andavam a
gasóleo. Os nossos carros moviam-se a energia estelar, o que era muito bom, uma
vez que não gastávamos um balúrdio nas bombas de gasolina. E, antes que
perguntes, sim, as estrelas que vês todas as noites no céu são nada mais nada
menos que uma invenção de Daac Dewton. Cada estrela era o combustível de um carro.
Só para ficares completamente esclarecido, o Sol é uma estrela também criada por
Dewton, mas como foi a primeira, saiu defeituosa e ficou muito perto de nós, o
que acabou com a vida dos nossos amigos mercurianos, antigos habitantes de
Mercúrio.
E, se já estás impressionado, ainda há mais! Como
deves saber, na altura em que estávamos aí na Terra, havia uma grande
quantidade de vulcões em actividade, que, ao libertar cinzas, causavam alergia
aos olhos, obrigando-nos a andar sempre de óculos de sol. Dinostóteles aproveitou o facto
de todos usarmos óculos e inventou os “teledinóculos”, uma espécie de telemóvel,
mas, como o próprio nome indica, era um telemóvel nos óculos. A coincidência é
tanta, que até tínhamos a “Diri”, uma assistente pessoal parecida com a “Siri”
dos vossos iPhones. Mas chega de empatar. Já falei tanto que me esqueci de que
tu só queres saber como fui parar à Dinossáuria.
Como mencionei no início, estávamos numa reunião da
AMED, a tentar decidir o futuro do planeta Terra, até que chegámos a uma
conclusão: como a Terra é redonda, ao chocar contra ela, o meteorito iria
explodir e nós morreríamos. Não havia nada a fazer, então eu, como secretário-geral
da AMED, mandei uma mensagem para os teledinóculos de todos os dinossauros do
planeta, dizendo:
“Alerta vermelho! Estamos todos em PERIGO. Em breve
um meteorito vai chocar com o nosso planeta e poderemos todos MORRER. Mas fiquem
tranquilos, não há nada a temer. Só vos peço uma coisa: façam o que fizerem,
NÃO ENTREM EM PÂNICO.
Atenciosamente,
Sr. Dr. Tino Dino”
Dá para ver que esta não foi, nem de longe, a
melhor mensagem que mandei, mas não me arrependo de nada (já vais perceber porquê).
Graças à forma direta como mandei a mensagem, entraram todos em pânico, com
medo de morrer. Na rua só se via tudo a correr de um lado para o outro, de trás
para a frente, de frente para trás. Ouviam-se gritos de dinossauros aterrorizados
com o que ia acontecer. Enquanto isso, nós, AMED, vigiávamos o meteorito,
que cada vez se aproximava mais. Estávamos completamente às escuras, sem saber
o que fazer, e receando morrer todos… ou não. Só nos restava esperar.
A certa altura, começou a ouvir-se um barulho que
parecia as acendalhas dos nossos dinofornos, quando estoiravam. Era a hora. Daí
a alguns minutos, íamos todos morrer. Começou a avistar-se uma bola de fogo
vermelha, laranja, amarela…, de todas as cores ao mesmo tempo e, no momento em
que o meteorito chocou, fomos pelos ares. Nesta altura deves estar um pouco confuso, não é?
Se fomos pelos ares, morremos, certo? Não, quando disse “pelos ares”, foi
literalmente pelos ares, ou seja, começámos a pairar no espaço. Lembras-te de
eu te falar dos dinossauros entrarem em pânico? Pois é, o pânico foi tal, que,
de uma forma científica que ainda hoje não consigo explicar, a Terra
transfigurou-se. Sim, foi mesmo o que acabaste de ouvir. Quando o meteorito
chocou com a Terra, esta, tornada plana, permitiu que nós sobrevivêssemos, o que
em vez de acabar connosco, nos pôs a voar pelo espaço.
Estivemos assim durante dias, e, pode parecer
estranho, mas sobrevivemos sem precisar de oxigénio. Mais outra coisa
intrigante que eu não consigo explicar, flutuámos como se não houvesse amanhã,
mas uma coisa era certa: era lindo! O único barulho que se conseguia ouvir era
o dos asteróides que, todos alinhados, como se estivessem numa excursão, faziam
um barulho que parecia o som de um mamute a barrir. De lá víamos a Terra, assim
como todos os outros planetas, e o Sol, que até nem tinha sido um erro muito mau
de Daac Dewton. A certo momento, vimo-nos em cima de chão firme,
mas não era a Terra. Era um lugar diferente, o oposto da Terra. Pisávamos o céu
e avistávamos no horizonte a terra e o mar. Aqui é que podemos literalmente
dizer que andamos nas nuvens! Gostámos todos daquele lugar, tornámo-lo num lar
e demos-lhe o nome de Dinossáuria, que significa cidade dos dinossauros.
Ao longo de milhares de anos, fizemos evoluir a nossa
tecnologia, até que, há 650 mil anos, arranjámos uma maneira de, através de um
dinossatélite, vigiar a Terra que, não sei porquê, se tinha tornado outra vez
redonda. Passaram 300 mil anos, e até esse momento não vimos
vida na Terra. Um dia, ficámos espantados quando vimos pela primeira vez um
homem e uma mulher que tiveram um filho. Desde então, começámos a prestar mais
atenção à Terra. Há uns 20 mil anos, avistámos um meteorito que ia em direção à
Terra. Nessa altura, como é óbvio, vocês humanos não tinham o mínimo
conhecimento da tecnologia, então tivemos de agir. Construímos uma máquina que
foi programada para que quando o meteorito estivesse quase a abater a Terra, se
destruir em bocados muito pequenos, ficando os humanos sãos e salvos. A partir desse
dia, cada vez que um meteorito está quase a colidir com a Terra, ligamos a máquina e
salvamo-vos.
Agora já sabes, se vires nas notícias que um
meteorito vai embater na Terra, ou se te mandarem uma mensagem tão maluca como a
que eu mandei há alguns milhões de anos aos outros dinossauros, não te
preocupes que nós tratamos do assunto!