Hoje divulgamos um texto escrito no Clube de Escrita Criativa da nossa escola, em resposta ao desafio: "Imagina-te turista num determinado país e regista uma das tuas aventuras mais peculiares." Aqui vos deixamos a narrativa desta aventura escrita em dez minutos - o tempo disponibilizado para o exercício.
Cressida Campbell, 2002 |
Às sete da tarde do dia vinte e três de novembro, enquanto deambulava por uma rua sinuosa na qual havia acabado de chegar devido a uma falha no meu GPS, fui interrompido por uma senhora, muito franzina e já de cabelos brancos, que falava comigo muito animada no idioma local. Apesar de não conseguir reproduzir nenhuma palavra, já compreendia qualquer coisa de tailandês e por isso percebi que ela tentava vender-me alguma coisa, ou convencer-me a fazer algo. Não me sentia muito seguro, mas ela parecia indefesa, e como começou a puxar-me para dentro da sua loja, pensei “Mal não me há de fazer!” e segui-a. Lá dentro, encontrei um ambiente estranho, decorado com bibelôs asiáticos. De repente, apareceu um homem enorme, e pensei que fosse este o meu fim, no entanto o que aconteceu foi algo inusitado. O homem, que mais parecia um lutador de judo, e que passado algum tempo percebi chamar-se Yan, começou a pentear-me, puxando-me de seguida para uma pia. Quando dei por mim já tinha a cabeça lavada e estava sentado em frente a um espelho sujo, tendo Yan a tentar dialogar comigo num inglês quase impercetível. Devido ao seu sotaque não conseguia perceber o que me dizia, por isso só anui.
Enquanto Yan me cortava o cabelo numa alegria estrondosa, a senhora, que mais tarde conclui ser a sua mãe, aparecia de vez em quando e alimentava-me com coisas maravilhosas e desconhecidas, de sabores que eu nunca havia experimentado. No entanto, como estava completamente distraído, não me apercebi do que o meu “barbeiro” me fazia e assim, quando olhei em frente, vi que não só não tinha mais de metade do cabelo com que ali havia chegado, mas também que o pouco que me restava no topo da cabeça estava espetado numa espécie de crista, com madeixas que tombavam alternadamente para um lado diferente. Apesar do penteado ridículo, a comida era maravilhosa e o ambiente era estranhamente reconfortante e quase familiar, e por isso foi uma bela experiência que até hoje recordo com carinho, tendo em conta que no final só me cobraram o equivalente a três dólares.
Catarina Moreira, 12º D