11 de janeiro de 2015

Ser feliz consiste apenas em ser feliz


Viktor Popkov - Natureza morta em colcha de retalhos 
Fernando Pessoa escreve, a determinado momento, que “…ser feliz consiste/ Apenas em ser feliz”. Isto parece-me uma redundância que pretende expressar que a felicidade se alcança de uma forma não pensada, apenas sentida. Não estou de acordo com esta perspetiva. Parece-me, antes, que a felicidade se encontra no balanço frágil entre o pensar e o sentir.

Ser feliz sem pensar é bom, até saboroso. A felicidade apresenta-se de um modo simples, como algo que sentimos e nos inunda de alegria. Mas, assim como o sentir frio passa, também o sentir a felicidade pode passar, e depois, quando não a sentimos mais, nesse momento surge dentro de nós um vazio que pode ser muito destrutivo.

Por outro lado, viver a felicidade de uma forma demasiado refletida leva-nos a deixar de a sentir, torna-nos demasiado ponderadores, leva-nos a pesar cada aspeto dessa bem-aventurança, o que a faz diminuir e, por fim, desaparecer, tornando qualquer motivo de felicidade insuficiente aos olhos do nosso pensamento.

Ao contrário das anteriores perspetivas, penso que viver a felicidade, um dia de cada vez, cria um balanço entre o sentir e o pensar. Pensando menos e aceitando cada dia, meditamos na felicidade de uma forma agradável, conciliando o nosso conhecimento com aquilo que experimentamos. E pensar menos permite-nos sentir mais e viver o nosso bem-estar de uma forma mais intensa e real.

Em conclusão, o verdadeiro modo de alcançar a felicidade encontra-se na disponibilidade para vivermos um dia de cada vez e na disciplina para equilibrarmos pensamento e emoções.

                                                                      Francisco Loureiro, 12º A

1 comentário:

Soledade disse...

Muito bem, Francisco!