7 de maio de 2023

Furiosa com o que me aconteceu!

 

Fotografia de Rui Palha

Estou furiosa com o que me aconteceu!

 

Estava eu a caminho do trabalho para desempenhar o meu talento: fazer relatórios e mais relatórios… quando, a meio do trajeto, “C’um caneco!”, pisei as fezes de um animal, talvez de cão. Querendo, não querendo, o cheiro fez-me companhia.

 

Ah, como estou furiosa com o raio do animal, que não conheço, mas que detesto!

 

Acontece que, chegada ao destino, recebo orientações do Carlos. Sorte grande, hoje não me vou refugiar no escritório e pôr em prática o meu talento: a Cláudia, a tal que atende os clientes, faltou, tenho de substituí-la, o que me não desagrada, pois quebra a rotina.

 

Começaram a chegar clientes, pouco tempo depois de abrir portas e, por mais que não quisesse, fui-me debatendo com eles e com aquele cheiro desagradável que não me deixava.

 

“Quero aquela trela azul para cão”; “Três gaiolas para pássaros pequenos, se faz favor”; “Onde estão os brinquedos para cães?”; “Uma cama confortável e quentinha para o meu gato”. Uma dúzia de clientes e nem uma pessoa, nem uma só, levou a oferta da loja: um pack de seis sacos de plástico para apanhar a porcaria produzida pelos seus animais de estimação.

 

Ai, a fúria que me invade quando me lembro do momento e me apercebo da irresponsabilidade social destes donos!

 

Ana Lourenço 12º D

Texto produzido no âmbito do Clube de Escrita Criativa.


 

 

25 de abril de 2023

O 25 DE ABRIL

Assim celebraram os nossos alunos do 9ºA a revolução dos cravos.

Era um tempo cinzento, sem cor nem sabor, O medo era rei, a liberdade sem valor. Mas no dia 25 de Abril O povo saiu à rua, com vontade de mudar Portugal.

De cravo na mão, cantava-se a canção da paz, A alegria era tanta, que até o céu sorriu por nós. A ditadura caiu, a liberdade renasceu, A democracia venceu, a esperança floresceu.

Foi um dia histórico, que nunca será esquecido, O povo conquistou o direito de ser ouvido. Hoje, olhamos para trás e lembramos com emoção O dia em que Portugal acordou para a revolução.

Viva o 25 de Abril, a liberdade e a democracia! Que nunca mais sejam negados nem esquecidos os valores da cidadania!

António Anastácio, Francisco Monteiro, Gaspar Costa, Simão Ferreira, alunos do 9º A 



31 de março de 2023

LEITURAS À SOLTA

 

Um podcast realizado pela Margarida Catarino e pela Margarida Fernandes, com o apoio do Henrique Mendes - alunos de Literatura Portuguesa, do 11º D. Ouçamos a sua interpretação de  A Relíquia, de Eça de Queirós. Clique aqui



20 de março de 2023

TARAS SHEVCHENKO - UM POEMA

 Quando perguntei ao nosso aluno Stas quem seria o poeta que, para a Ucrânia, estaria como Camões para Portugal, a resposta não se fez esperar: Taras Shevchenko. Falou-me orgulhosamente da vida de Shevchenko e pesquisámos, na internet, acerca do poeta e da sua obra. Decidimos então que seria interessante partilhar algumas destas informações com a comunidade escolar. Aqui ficam, assim como um poema, na melhor tradução que conseguimos encontrar "online".


 
Taras Shevtchenko foi poeta, pintor e desenhador. É considerado o fundador da moderna literatura ucraniana, sendo a sua obra maior a coletânea poética Kobzar.

Nasceu em 1814, no Império Russo, na atual região de Tcherkássi, Ucrânia. Pertencia a uma família de servos e teve uma infância difícil. Já em São Petersburgo, para onde se mudou para trabalhar, os primeiros anos não foram menos atribulados.

Por fim o jovem viria a ser libertado da servidão e pôde estudar na Academia das Artes de São Petersburgo, onde fez amizade com outros artistas e intelectuais e foi abrindo horizontes. O seu grande talento é reconhecido, quer como pintor, quer como poeta. Desenvolve uma obra notável e foram-lhe concedidas várias distinções.

Contudo, em 1845 foi preso por motivos políticos, e exilado. Ao exílio foi acrescentada a proibição de escrever ou desenhar – proibição que não acatou.

Em 1857 o artista recebe o perdão do czar e regressa, mas a sua saúde estava muito debilitada pelas terríveis condições do exílio e do campo prisional. Morre pouco depois, em 1861.

Taras Shevchenko, o mais importante poeta e humanista ucraniano, teve uma existência breve e dura: de 47 anos de vida, 24 passou-os em servidão, e 12 no exílio. Mas a sua obra perdura no tempo e permanece fonte de orgulho e inspiração para todos os ucranianos. 

 

     O SOL PÕE-SE

O sol põe-se, as colinas escurecem,
A avezinha cala-se, o campo sossega.
Os homens, satisfeitos, gozam o repouso,
Só eu contemplo… e a minha alma voa
Até ao pomar escuro da minha Ucrânia.
Voo em pensamentos,
E assim a alma se aquieta.
Negrejam campos, matas e montes,
No céu profundo nasce uma estrela.
Oh estrela, estrelinha! – e as lágrimas rolam.
Já surgiste na minha Ucrânia?
Será que olhos amados
No céu te buscam? Ou já esqueceram?
Se esqueceram, que durmam tranquilos,
E com o meu destino não se perturbem.

Taras Shevchenko, Ucrânia (1814-1861)

 

Pesquisa feita por Stanislav Shvets, 9º E

 

15 de março de 2023

PARA SALVAR O PLANETA NÃO BASTA QUE A POESIA SAIA À RUA

 Um título provocador e bem escolhido, para uma reflexão da Maria Costa acerca da diferença que pode haver entre o que defendemos e o que praticamos. Ora leiam.

Pintura de Jessie Arms Botke - Garças e Lótus


Neste texto, pretendo dar a minha opinião sobre como nos manifestamos e expomos as nossas opiniões em relação ao tema “Salvar o Planeta”, e como raramente fazemos o que defendemos.

Na minha opinião, falamos muito sobre como salvar o Planeta e como queremos sempre fazer o possível para que isso aconteça. Contudo, não conseguimos fazê-lo totalmente, porque, na maioria das vezes, não pomos em prática o que dizemos. E com frequência arranjamos justificações para não o fazer.

Por exemplo, afirmamos que é preciso fazer a separação do lixo. Mas provavelmente não o fazemos… ou não temos os contentores ao pé de casa; ou não temos os recipientes adequados; ou simplesmente
não queremos saber e não estamos preocupados com isso.

Também dizemos que precisamos de utilizar mais os transportes públicos, como forma de reduzir os combustíveis pouco amigos do ambiente, pois sabemos que, se todos adotássemos este comportamento, contribuiríamos de forma significativa para o bem-estar do Planeta.

Além disso, se andássemos mais a pé ou de bicicleta, também estaríamos a contribuir para a melhoria da nossa saúde. É certo que, muitas vezes, não conseguimos adotar estes comportamentos por causa da falta de transportes públicos nos lugares onde vivemos, o que dificulta as deslocações, mas também sabemos que é mais confortável andar em carros particulares.

Outro exemplo é o abate de árvores. Dizemos que não devíamos abater tantas árvores, para conservar o Planeta e o nosso ambiente, mas mesmo assim consumimos muito papel e derivados do papel. E muitas vezes nem nos lembramos da importância que as árvores têm na nossa vida, sendo elas uma das principais fontes de produção de oxigénio.

 Também sabemos que, com as alterações climáticas, têm vindo a verificar-se mais períodos de seca no nosso país e no mundo. Vemos constantemente nos telejornais que a população consome e desperdiça muita água, por exemplo a tomar banho, a lavar os dentes, a regar os jardins, a lavar o carro ou a encher as suas piscinas particulares. Mais uma vez, não fazemos o que dizemos para salvar o Planeta, e não conseguimos pôr em prática hábitos sustentáveis.

Concluindo, ainda temos um longo caminho pela frente. Vamos ganhando mais consciência da importância de alterar alguns dos nossos comportamentos e hábitos, para não prejudicar gerações futuras. No entanto, são poucas as ações que fazemos no nosso dia a dia que tenham como objetivo não prejudicar o Planeta.

Maria Costa, 7ºC

25 de fevereiro de 2023

No aniversário de Cesário Verde

De tarde

 Naquele «pic-nic» de burguesas, 
 Houve uma coisa simplesmente bela, 
 E que, sem ter história nem grandezas, 
 Em todo o caso dava uma aguarela. 

 Foi quando tu, descendo do burrico, 
 Foste colher, sem imposturas tolas, 
 A um granzoal azul de grão-de-bico
  Um ramalhete rubro de papoulas.

 Pouco depois, em cima duns penhascos,
 Nós acampámos, inda o sol se via; 
 E houve talhadas de melão, damascos,
 E pão de ló molhado em malvasia. 

 Mas, todo púrpuro, a sair da renda 
 Dos teus dois seios como duas rolas, 
 Era o supremo encanto da merenda 
 O ramalhete rubro das papoulas.
 
                                      O Livro de Cesário Verde


12 de fevereiro de 2023

SORRISO DA PRIMAVERA

Damos a ler, com muita satisfação, um novo poema da Angélica.

Pintura de Alix Aymé (1894 - 1989), A rapariga de olhos dourados

As noites tornam-se longas.
Não vejo nada,
Não ouço nada,
Apenas sinto o que um dia já senti,
O vento gélido que se entranha,
As gotas que escorrem e caem,
Mas…
Pensei em ti e…
Uma brisa suave fez-se sentir,
O sol brilhou por dentro das nuvens,
A água cristalina correu pelo rio,
Um pássaro cantou,
Uma borboleta voou,
Uma flor nasceu,
Sorri,
É Primavera!

                                 Angélica Lourenço, 12º D

28 de janeiro de 2023

EUGÉNIO DE ANDRADE

 

Celebrar o grande poeta do amor, neste mês e ano do seu centenário. Ler, por exemplo, Os Amantes sem dinheiro, do seu 2º livro, publicado em 1950, com este mesmo título - um poema que guarda inteiro o esplendor e o sabor agridoce da adolescência.


Os amantes sem dinheiro

Tinham o rosto aberto a quem passava.
Tinham lendas e mitos
e frio no coração.
Tinham jardins onde a lua passeava
de mãos dadas com  a água
e um anjo de pedra por irmão.

Tinham como toda a gente
o milagre de cada dia
escorrendo pelos telhados;
e olhos de oiro
onde ardiam
os sonhos mais tresmalhados.

Tinham fome e sede como os bichos,
e silêncio
à roda dos seus passos.
Mas a cada gesto que faziam
um pássaro nascia dos seus dedos
e deslumbrado penetrava nos espaços.

              Eugénio de Andrade