A Páscoa cristã já vem da Páscoa judaica, mas a origem desta festividade é muito anterior. Começou por ser uma festa da primavera que tinha lugar na primeira lua cheia a seguir ao equinócio. Esta festa, pagã, já se celebrava 1100 anos antes de Cristo.
No Egipto, os hebreus festejavam o seu deus neste dia, que era o primeiro do ano, e foi nesse contexto que se deu o Êxodo, passando esta data a ser celebrada no calendário judaico. A "última ceia" de Jesus seria, justamente, a celebração da Páscoa judaica.
Como se explica então que agora celebremos a Páscoa para assinalar a ressurreição de Cristo?
Explica-se pela continuidade na celebração: no século V, a Igreja Católica estabeleceu que a Páscoa se festejaria sempre no domingo a seguir à Páscoa judaica. É preciso ter em conta que era uma festividade campestre, que honrava a lua, astro que regula a natureza e os ciclos da procriação animal e humana, simbolizando assim a renovação da vida. Ora o renascimento de Jesus Cristo encaixava-se perfeitamente nesta ideia.
E como aparecem os ovos e os cordeiros?
Sendo uma festa de pastores, estes aproveitavam para tosquiar as ovelhas. Os cordeiros surgem, naturalmente, associados ao sacrifício à lua. Ainda hoje, no Minho, por exemplo, o anho é obrigatório. Já os ovos simbolizam a renovação, a vida, a célula fundamental da existência humana.
Elementos colhidos na entrevista ao antropólogo Moisés Espírito Santo, publicada no DN, em 2008