Do José Valentim, um texto poético, que de início nos faz lembrar a célebre parábola da rosa, no livro do Principezinho, para depois enveredar por uma indagação pessoal acerca dos limites da nossa dádiva aos outros. Ora leiam!
Pintura de Ton Dubbeldam, Jardim Aquático |
Eu não liguei, queria ver quanto cresceria, era só o que me importava.
Fiz questão de cuidar dela todos os dias.
E reguei tanto, mas tanto,
que quando me apercebi a flor já nem comigo estava.
A dor de uma planta é igual à dor humana?
Se receber demasiado, morre, se receber pouco, morre também.
Isto faz de mim uma pessoa desumana?
Damos tanto pelos outros, e ninguém nos para.
Destruímo-nos no processo de amar o próximo mais do que a nós mesmos.
Mas no fim, a dor não se compara.
José Valentim, 12º C