Miró, Postal de Natal |
Em miúdo alegrava-se-me o rosto
quando chegava a festa do Natal.
Toda a noite trabalhava a peneira
e de manhã vestiam-me a roupa bonita.
Então escapava-me de casa a correr
e andava na praça a mostrar-me;
e ao meio-dia em ponto na mesa enfeitada
comíamos todos em santa paz.
Oh, o meu Natal, o cheiro dos doces,
hoje passei-o às voltas numa estrada,
sem um pedaço de pão, a roupa emprestada,
longe de casa e sem amor de ninguém.
Tonino Guerra, traduzido por Nuno Dempster, a partir do Romagnolo
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