Picabia, 1912 |
Ai tão bom a liberdade de poder ser eu!
Não quero ser mais ninguém,
Por mais posses e dinheiro que possa ter,
Por mais beleza e saúde que possa ter,
Por mais tanta coisa que toda a gente inveja!
Não quero ser mais ninguém
Toda a gente já é alguém
E como eu não há ninguém
E eu posso ser eu
E tenho liberdade de o ser
Então porque não hei-de sê-lo?
Tenho tanto amor àqueles que são eles,
Tanto amor que chega a ser doentio.
Tenho amor àqueles que não têm medo,
Não têm vergonha,
Não temem nada em serem eles próprios!
Amo obsessivamente homossexuais assumidos,
Amo obsessivamente mulheres que lutam pelos seus direitos,
Amo-me obsessivamente por me ter descoberto e não ter vergonha
Não ter vergonha do que sou e do que escrevo!
Amo obsessivamente quem não se cansa de gritar,
De gritar o que ama,
De gritar o que o move,
De gritar o que sente!
Tudo isto é o que faz o meu coração palpitar,
O sangue correr-me nas veias,
Os meus pés caminharem
E espezinharem o preconceito
E o medo de ser quem somos!
AI! O respeito,
O respeito pelos outros,
O respeito por aqueles que não são iguais a mim
E não têm vergonha de não serem!
Ai! Dou a minha vida pelo respeito,
Dou a minha vida por um mundo com tanto respeito quanto eu
Tenho por esses,
Muitas vezes chamados de tolos
Que para mim são heróis,
Esses, que são verdadeiros a eles próprios!
E agradeço a minha existência,
A minha vida,
O eu que hoje sou,
A quem não tem medo de ser
E não apenas existir!
Lícia Fialho, 12ºE
1 comentário:
Parabéns pelo belo poema!
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