Ricardo Reis e Álvaro de Campos são talvez os mais diferentes heterónimos pessoanos. Enquanto um vive numa introspectiva e estóica abdicação dos seus desejos, o outro ilude-se, experimenta e desilude-se.
Ao passo
que o poeta helenista se enquadra harmoniosamente numa natureza mitológica, o
revolucionário ferve em ateias odes futuristas à máquina e ao progresso. Se um
é consolado, o outro é inconsolado e inconsolável com a efemeridade da vida e as limitações da racionalidade humana.
Enquanto Reis expressa, de forma requintada e elegante, os ideais de perfeição
de espírito em que se refugia, Campos desabafa, de forma
confessional, subversiva e estridente, a revolta face a um mundo “que é
para quem nasce para o conquistar/ E não para quem sonha que pode conquistá-lo”.
Beatriz Lourenço, 12º E
2 comentários:
Gostei de ler, Beatriz :-)
Perspectiva bem defendida.
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