27 de maio de 2014

O meu reflexo invertido



Cupido e Psique (detalhe), pintura de Louis-Jean François Lagrenée, séc. XVIII

Olho para ti, como se para um espelho estivesse a olhar.
Mas a imagem está turva e eu de pernas para o ar.
E, olhando bem para ti, como poderia eu não estar?

Tento ser como tu. Maravilhosa como és, porque não?
Ignoro a minha cabeça, concentrando-me no coração.
Mas prefiro agarrar-me à lógica a perder-me na imaginação.

Decoro cada conversa nossa e guardo-a na minha mente.
Tento não inventar outras, pois representam um perigo iminente.
Será amor, se te imagino como te quero, e te quero tão diferente?

Sei que o que me faz sofrer não é não saber se te amo ou não.
É sim o facto de não conseguir fazer recíproco aquilo que trago no coração.
E vou continuar a insistir até o reflexo invertido perder a inversão.


Gabriel Branco, 9.ºA

2 comentários:

Zita Nogueira disse...

Gosto muito deste poema, Gabriel!
Parabéns!
Continua...

Soledade disse...

Partilho da opinião da professora Zita: muito bem, Gabriel!