11 de dezembro de 2013

Cantiga de Amigo

Os poetas do século XX - tal como as nossas alunas de Literatura - gostavam de recriar a lírica dos trovadores, cuja frescura inaugural continua a comover-nos. Deixaremos aqui algumas dessas recriações, começando com um poema de saudade de José Carlos Ary dos Santos


               























              Cantiga de Amigo

Nem um poema nem um verso nem um canto
tudo raso de ausência tudo liso de espanto
e nem Camões, Virgílio, Shelley, Dante
o meu amigo está longe e a distância é bastante.

Nem um som nem um grito nem um ai
tudo calado todos sem mãe nem pai
Ah não Camões, Virgílio, Shelley, Dante!
o meu amigo está longe e a tristeza é bastante.

Nada a não ser este silêncio tenso
que faz do amor sozinho o amor imenso.
Calai Camões, Virgílio, Shelley, Dante:
o meu amigo está longe e a saudade é bastante!

                           Ary dos Santos

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