30 de junho de 2013

Outra sugestão para as férias

D. João V, o  perdulário rei-sol português que os alunos do 12º Ano bem conhecem da leitura de Memorial do Convento, terá sido mais do que a caricatura que Saramago nos oferece no seu romance? 

Até 29 de Setembro, o Museu Nacional de Arte Antiga, em Lisboa, tem patente uma mostra acerca da Encomenda Prodigiosa que este rei fez a Itália para erguer em Lisboa uma extraordinária réplica do Vaticano, centrada na Basílica da Patriarcal de Lisboa.

Da página do Museu:

A esplendorosa Basílica Patriarcal de Lisboa era celebrada por toda a Europa. Cenário único, onde se levava a efeito uma surpreendente emulação da corte pontifícia, entendida como elemento de prestígio da própria corte portuguesa, tornou-se numa das mais dramáticas perdas geradas pelo Terramoto de 1755. Possuía uma extensão, felizmente poupada pelo sismo: a Capela de São João Batista, também encomendada por D. João V com o respetivo tesouro e edificada na Igreja de São Roque.

Evocar essa encomenda e o caminho que conduz da Patriarcal à Capela Real de São João Batista, exumando fontes e vestígios que o tempo parece ter querido apagar, é o objetivo desta exposição, dividida entre o MNAA-Museu Nacional de Arte Antiga e a Igreja e Museu de São Roque.

O jornal i, destaca, em artigo do dia 29 de Junho:

Transportada de Itália, montada peça por peça segundo uma intricada operação logística, a sumptuosa Capela de S. João Baptista (...) um prodígio da arte, ao nível do Rei-Sol português, e um instrumento político tão valioso como os materiais convocados para a obra. O projecto mostrava às potências europeias com acreditação diplomática no coração da Europa do século XVIII, que Portugal dispunha de capacidade financeira para proteger o seu império.


"O rei falava de igual para igual com Roma. Este momento marca uma transição sem paralelo. Criámos uma estética portuguesa com uma variante portuguesa da grande estética global do barroco cosmopolita. É uma situação de um Portugal na Europa e não de um Portugal além-mar, como nos Descobrimentos", explica António Filipe Pimentel, perito na era joanina, comissário científico desta mostra, a par de Teresa Vale, e director do Museu Nacional de Arte Antiga, que aloja o primeiro pólo da exposição, que se estende agora à Igreja Museu de São Roque. Ambas se prolongam até 29 de Setembro, apresentando no seu total mais de 300 peças.

"A capela não é um mero produto de importação a Roma, expressa muito o que era a vontade portuguesa. Na fase do projecto de arquitectura, o arquitecto ao serviço do rei chega a recusar os projectos enviados pelos melhores arquitectos italianos da altura. O rei queria uma arte que expressasse poder."


A exposição "A Encomenda Prodigiosa - da Patriarcal à Capela Real de S. João Baptista" reúne ainda em S. Roque centena e meia de peças do período barroco da arte italiana. Vindas de todo o país e de museus internacionais, algumas das obras vão poder ser vistas pela primeira vez em Portugal. 

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