A Farsa de Inês Pereira em Alcobaça - pelos olhos atentos da Cristina e da Teresa, do 10 ºC.
Na passada segunda-feira, dia 6 de novembro, os alunos do 10º ano do Externato Cooperativo da Benedita foram a Alcobaça para assistir à "Farsa de Inês Pereira", peça de Gil Vicente levada à cena pela companhia de teatro A Barraca. Esta representação integra-se no projeto Books & Movies, promovido pela Câmara Municipal.
Inês Pereira, uma jovem que deseja liberdade, como as outras raparigas da sua idade, quer casar-se com um homem que seja delicado, que saiba falar, tocar viola e, sobretudo, que lhe dê liberdade e a faça feliz.
Enquanto Inês Pereira, em casa, conversa com a mãe e realiza as suas tarefas domésticas, aparece Lianor Vaz, uma alcoviteira, com uma carta de Pero Marques, um camponês abastado que quer casar com a jovem. Esta, no entanto, considera-o um bronco, e só aceita recebê-lo para se rir dele. Pero Marques leva-lhe presentes, mas mesmo assim Inês rejeita-o e troça dele.
Entram então em cena dois judeus casamenteiros que vieram propor Brás da Mata, um escudeiro pobretana pelo qual Inês se encanta logo, graças às suas belas palavras e à serenata que ele lhe faz. O casamento celebra-se, contra a opinião da mãe de Inês que, no entanto, abençoa o jovem casal e parte. Mas assim que ficam sós, Brás da Mata revela a sua verdadeira natureza e impõe uma série de regras a Inês, impedindo-a de sair de casa e ameaçando-a, se o contrariar em alguma coisa, por pequena que seja.
Mais tarde, o escudeiro parte para a guerra, deixando o criado a vigiar Inês, para que esta não pudesse sair de casa. Três meses depois, a jovem recebe uma carta do seu irmão, que lhe contava que o marido tinha sido morto por um pastor, ao fugir da batalha. Ao ler isto, Inês fica radiante por poder finalmente ter a liberdade que sempre desejara. Casa-se então com Pero Marques, que a trata bem e lhe dá toda a liberdade. Inês, tirando partido da ingenuidade do marido, arranja um amante, que era ermitão.
E a peça acaba com Pero Marques a transportar Inês às costas, até ao ermitério onde vivia o amante. E transporta também duas grandes pedras que Inês lhe pede para levar. Pelo caminho, Inês canta uma canção alusiva à sua infidelidade, pedindo a Pero Marques que cante o refrão, o que este faz sem se aperceber de nada, mostrando-se assim a inocência deste pobre camponês.
Em suma, com esta peça pudemos ver como era a condição feminina no século XVI, no que se referia às jovens mulheres das classes populares. E apesar de às vezes termos sentido dificuldade em decifrar alguns arcaísmos, gostámos bastante da peça.
Cristina Tiago e Teresa Arraião, 10ºC