20 de janeiro de 2017

A Rute conta-nos uma história doce e triste - a do seu cordeirinho Chico, que tinha uma estrela branca na testa.



“Não há diferenças fundamentais entre o homem e os animais nas suas faculdades mentais (…) os animais, como os homens, demonstram sentir prazer, dor, felicidade e sofrimento.”                                                                                  
               Charles Darwin


O cordeiro é um mamífero herbívoro. Queria apresentar-vos um, em particular, que infelizmente morreu, neste dia 16 de janeiro em que escrevo este texto, e que dava pelo nome de Chico.

Este jovem animal era altinho para a sua idade, um pouco gordito e de pelo preto encaracolado, com uma estrelinha branca, mesmo no meio da cabeça. Era filho de uma ovelha preta e do carneiro branco pertencente ao rebanho da minha família.

O Chico nasceu no dia 26 de dezembro, e desde então era da minha responsabilidade alimentá-lo no período da noite. Como comia três vezes por dia, e eu nem sempre estava em casa, por causa das aulas, era a minha mãe que lhe dava o leite pelo biberão, nessas vezes. Estabelecemos logo uma relação muito boa. Dava a sensação de que estava sempre a agradecer-me o gesto, por isso andava constantemente atrás de mim. Ainda brincámos bastante. Na verdade, parecíamos amigos!

No dia 10 de janeiro deste ano, nasceu outro cordeirinho. Tornaram-se logo companheiros!

Eu gosto… adorava tratar do Chico e deste que nasceu agora. Mas aconteceu aquilo que ninguém esperava, o Chico morreu!

Fiquei tão, tão triste!!! 

A mãe diz que outros nascerão e que eu terei tempo para os mimar! 

                                                                            Rute Carvalho, 9ºD  

10 de janeiro de 2017

NOVA POESIA TROVADORESCA

Iluminura do séc. XIV
Se eu pudesse desamar
A quem sempre me desamou.
E procurar outro alguém para amar
Deixar quem nunca me amou!
Era feliz assim, eu
       Quero amor dar
       A quem amor me deu.

Não me posso deixar enganar
Por quem já me enganou,
Por quanto me fez lutar
E que por mim nunca lutou.
E quando percebi, infeliz fiquei eu
       Quero amor dar
       A quem amor me deu.

Mas agora encontrei quem me faz sonhar
Alguém que por mim sonhou,
Aquela pessoa que me faz acreditar
E que em mim sempre acreditou
E agora, feliz sou eu
       Quero amor dar
       A quem amor me deu.

                                Rafaela Quitério, 10º D


22 de dezembro de 2016

BOAS FESTAS

"EM DOCE JÚBILO" - variações, por Johann Sebastian Bach, a partir de um cântico tradicional de Natal.

12 de dezembro de 2016

DA FELICIDADE

Quarteto Feliz (1901), pintura de Henri Rousseau
Uma bela reflexão acerca da felicidade - e de lugares comuns com ela relacionados - desencadeada pela leitura de alguns poemas de Fernando Pessoa.

Em várias ocasiões ouço pessoas a aconselhar os mais novos a aproveitar a juventude, já que neste período da nossa vida não temos grandes preocupações e dispomos, de certa forma, de mais liberdade. Em suma, somos mais felizes. Mas poderemos assumir que uma posição tão universal está realmente correta, particularmente quando tem um carácter aparentemente tão subjectivo? Convido-vos a juntarem-se a mim para analisarmos melhor esta questão.

Apesar da maneira como fiz a pergunta, dando uma sensação de mistério, estou certo de que muitas pessoas não hesitariam em responder que sim, é a sua opinião superficial que interessa, sem tentarem sequer fazer uma análise mais profunda. Infelizmente, é assim o mundo em que vivemos. No entanto, reparemos que utilizei o advérbio “aparentemente”, em relação ao carácter subjectivo que referi, com uma boa razão, e não apenas para denunciar a falta de sentido crítico das pessoas. Acredito que podemos mostrar que talvez não seja tão óbvia a distinção da juventude como a etapa mais feliz que vivemos. Como? Comecemos então por definir “felicidade”, ou pelo menos fazer uma tentativa.

É fácil perceber que uma pessoa está feliz se estiver satisfeita, ou mesmo a divertir-se. Até aqui, a juventude continua bastante apelativa, mas julgo que não podemos limitar a felicidade a isto, pois tem uma complexidade muito superior. Posso afirmar com um grande nível de confiança que a nossa capacidade de nos sentirmos felizes está directamente relacionada com o nosso desenvolvimento cognitivo, ou, usando outro termo, com a nossa racionalidade. É aqui que podemos reverter a situação, dado que as crianças, de facto, mais facilmente se encontram divertidas e despreocupadas, mas, por outro lado, não lidam com emoções tão fortes como as pessoas completamente desenvolvidas, podendo ser uma delas a própria felicidade. 

Podemos verificar a nossa teoria levando-a a um extremo, com o exemplo dos insectos. São seres com um desenvolvimento cognitivo mínimo e, por conseguinte, não são emocionalmente afectados como nós, humanos. Pelo menos, tanto quanto sabemos, nunca nenhum dos saltos dos gafanhotos foi causado pelo facto de o sujeito se encontrar feliz. Mesmo no caso dos gatos, é difícil estarem satisfeitos com algo que o seu instinto não deseje.

Podemos então concluir que mesmo algo como a felicidade pessoal não é assim tão subjetiva. Aliás, a nossa pessoa pode mudar tanto que se torna difícil relacionar estes sentimentos ao longo do tempo. Talvez a inveja de Pessoa afinal não tenha um bom fundamento…
Alexandre Pinho, 12.º B

8 de dezembro de 2016

ODE

Da Aurora Monteiro, do 12.º ano, uma ode - intensa e irreverente, numa bela revisitação de Álvaro de Campos.


Papoilas orientais, pintura de Georgia O'Keeffe
               Canícula

Agradeço o sensacionismo da vida.
Aprecio o dilatar de pupilas, aquele evidente…
Por simples razões, amar, estimular, amar,
Amar por fora, amar por dentro,
Estimular por dentro, por fora,
Pensar, não pensar, pensar!

Venero o amor com mistério, amar com segredo,

O ver sem poder olhar,
O falar pelos olhos e pelos eriçados,
Falar por suspiros, falar, falar, sentir, consciente, inconsciente, falar!

Amo o entrar pela porta secreta e, simplesmente, amar,

Entregar-me ao amor, dar-me aos arrepios,
Oferecer da minha estranheza ao outro, da minha virtude ao mesmo.
Arder por dentro, pela proibição,
Amar por fora, pela excitação!

Mas não é fazê-lo que fascina,

É o sentir que deslumbra,
O abrir e fechar portas, esperando não errar,
O olhar inquieto, o mexer de dedos desejoso,
O silêncio que agita, o respirar que mata.

E estimular? Estimulante que nos faz esquecer, nos faz querer, nos faz desejar,

Querer agarrar sem sair do sítio, querer destruir com os olhos,
Ouvir aqueles passos e adivinhar aqueles cheiros!
Sair, andar, ver-me de fora, pensar-me a voar, querer, querer, querer!
Ser da noite, ser de quem me levar, ser do mistério, ser do vício enublado.

Ter aquela mania, aquela que é pecado, mas pecado? Todos somos pecado!

Todos somos carne desejada, ânsia uns dos outros…
Planeamos o momento auge a cada segundo, tencionamos tê-lo a cada minuto,
Tão juntos e tão distantes, tão encravados nas vozes, nas sensações e no desejo!
No fervor, no fogo asfixiante, no picante, no ardente, no desejo, no desejo!

Bate-me, sente-me, segue a minha mão, deixa-me gritar, deixa-te levar,

E depois chora, chora nesse mar, o mar do abuso, do uso e do desfloramento da alma!
Não deixes ninguém ver, anda, vem, senta-te, bate-me, bate-me mais,
não chega, não estás a tocar!
Ousadia, irreverência… Espanquem! Surrem! Maltratem! Apenas façam!
Fruir da mistura de tudo, excitação, felicidade, tristeza, depressão,entusiasmo, melancolia!

Estou sedenta de desejo, quero comer o amor, quero provar do que nunca foi meu,

Mas sempre me pertenceu, amo querê-lo loucamente porque sem isso já não sou nada!
A obscuridade da minha alma agarra-me, possui-me, quer-me…
Infortúnio, porque me levas?
Estou a morrer de desejo, adoro entregar-me a alguém, a algo, leva-me, leva-me!
Vou prender-me a alguém, como já me prenderam, ser de ti, seres de mim, tu, eu, desejo, tu, eu!
Mas eu sou apenas eu, só eu, apenas um passarinho inocente que voou no ar…

                                       Aurora Monteiro, 12º ano

ESCREVER E LER MAIS E MELHOR

A nossa escola promove neste momento um concurso de escrita: 
E propõe aos seus alunos a participação no Concurso Nacional de Leitura:
Regras e prazos aqui e aqui.

13 de novembro de 2016

A Inês Teodósio, do 10.º ano, depois de estudar a Lírica Trovadoresca, compara os namorados da Idade Média com os dos nossos dias.
fotografia de Laura Makabresku
As relações amorosas de hoje nada têm a ver com as relações dos séculos XII, XIII ou XIV.

Os relacionamentos da Idade Média eram discretos, os jovens encontravam-se às escondidas, para que os pais não soubessem, e estavam juntos nos bailes, ou, por exemplo, quando a rapariga ia lavar a roupa à fonte. Era completamente diferente do que acontece agora.

Atualmente é tudo mais fácil, com as tecnologias. A mentalidade das pessoas também mudou muito, e, na minha opinião, para melhor, pois as mentes estão mais abertas, são raros os relacionamentos de que os pais não saibam, e os jovens estão juntos grande parte do tempo e utilizam as redes sociais e o telemóvel para comunicar, quando não estão juntos.

Concluindo, e na minha opinião, o comportamento dos namorados de hoje é melhor, são mais confiantes um no outro, pois conversam mais e conhecem-se melhor do que os namorados da Idade Média.

Inês Raquel Teodósio, 10º. A

6 de novembro de 2016

LÁPIS IRREFUTÁVEIS, “JOÕES” INTERMINÁVEIS

Hoje é a vez de o Alexandre Martins, do 9.º ano, nos dar a ler uma divertida crónica sobre lápis que desaparecem misteriosamente e sobre decisões irrefutáveis... Mas não irrevogáveis, como se verá.
fotografia de James Troi
Gostava de saber onde vai parar tudo o que coloco na minha bolsa. Sendo estudante de Ciências e Tecnologias, já devia conseguir calcular a probabilidade de a bolsa ter um fundo falso, identificar a função sintática que esse mesmo fundo representa na minha bolsa, ou, ainda, explicar, baseando-me na teoria de um senhor importante na Física, que a rapidez média de tudo o que deposito na minha bolsa teria sempre um valor maior que zero. Mas não consigo, e, por isso, só me resta matutar sobre a localização atual dos meus pertences.

Como sou uma pessoa claramente simpática e bem-humorada, nunca recuso, quando alguém me pede um lápis ou uma caneta. E, como também tenho o hábito de confiar nas pessoas a quem empresto o meu material escolar, impeço-me de proferir a célebre frase: “Empresto-te este lápis, mas ele leva um “V” na ponta, o “V” de volta”. Só que tenho vindo a constatar que os meus lápis e canetas têm desaparecido. Indago-me sobre qual terá sido a criatura com poderes divinos que me roubou o lápis, até que chego à conclusão que o emprestei ao Alberto Albino e que ele ainda não mo devolveu. Estranho, muito estranho mesmo. É que ainda hoje o vi a pedir um lápis emprestado ao Fábio Francisco… O que será que o Alberto fez ao meu pobre lápis!? Tenho de lhe perguntar amanhã, sem falta!  

Comecei o ano com três lápis de carvão, quatro canetas de cor, uma borracha e uma afiadeira. Encontro agora na minha bolsa meio lápis de carvão afiado de ambos os lados, um pedaço de um teste onde joguei sozinho o jogo do galo, para ter a certeza que ganhava, uma bolacha Maria e um lenço de papel sujo. Por estranho que pareça, nunca ninguém me pediu o lenço emprestado ou o veio roubar da minha bolsa. Deve sentir-se injustiçado, pobre lenço.  
      
Tomei a irrefutável decisão de assinalar todos os meus pertences escolares com uma etiqueta branca, que tem escrita o meu nome em letras bem legíveis. Mas, por outro lado, apercebi-me de que o meu nome é João, e, só no meio da selva a que chamam “turma”, e onde me insiro, existem, pelo menos, mais uns quatro “Joões”. E, só para piorar a situação, três dos “Joões” da minha turma chamam-se João Pedro. Pensam vocês que a solução seria colocar apenas João e o meu sobrenome, não é?! Mas enganam-se! Um dos “Joões” Pedro tem o mesmo apelido que eu! Como é possível?! Também não me questionem!  

Mudei de opinião. Afinal, a minha decisão não era assim tão irrefutável. Até porque nem sei o que irrefutável significa, sinceramente. No entanto, ouvi essa palavra no “Jornal das 8”, e as pessoas do Jornal nunca se enganam. Pelo menos não deviam. E eu só ia perder tempo e trabalho ao etiquetar todos os lápis e canetas.  

Voltando à minha turma. Entretanto, deixei de a considerar uma “selva”. Passei a considerá-la algo ainda inferior. É que nunca ouvi relatos de um leão que tivesse roubado um lápis a uma hiena. Nem de um tigre que tivesse pedido emprestada uma caneta a um falcão, e que este não a tivesse devolvido. Assim se vê o nível inferior daquelas vinte e nove “criaturas”, como nos chama, carinhosamente, a professora de Matemática.  
   
Ah, e esquecem-se que isto do tráfico de lápis tem consequências. E das graves. Quando tenho aulas com aqueles professores mesmo rigorosos, como a “stora” de Português, levo sempre falta de material por não ter lápis ou caneta. Quando a culpa nem sequer foi minha! Que intransigente! O pior foi no dia em que a própria professora se esqueceu do manual da disciplina. Prontamente, argumentei que devia existir algum mecanismo ou forma de os professores serem igualmente punidos quando se esquecem do material. Fui expulso, por alegadas ofensas à autoridade. Nem quero esperar pelo final do período, quando for conhecida a sentença… Vai ser, decerto, um duro julgamento! Em suma, fiquei quase toda a aula no corredor, a falar com as moscas. Ao menos essas não me roubam lápis, nem me marcam faltas de material. 

Lembrei-me de outra teoria para os lápis. Acho que quem mos anda a roubar pode sofrer de “abelhomania” (obsessão por abelhas) e daltonismo, em simultâneo. Devem pensar que os lápis são abelhas e roubam-nos para aumentar a sua própria coleção. Quando perceberem que nunca vão produzir mel, pode ser que caiam em si e me devolvam os lápis. Espero que isso aconteça. 

Tomei a minha decisão final. E vou classificá-la como irrefutável de novo, já que soa bem. Estou quase um “Camões” feito! É uma ideia de génio, realmente! Se embrulhar todos os meus lápis e canetas com lenços ranhosos, nunca mais ninguém os vai desviar da sua rota, como os terroristas fazem com alguns aviões! Sim, porque permitam-me considerar esta história dos lápis um extremo ato de terrorismo! Digno de uma posição de destaque no meu estimado “Jornal das 8”. Mas, mesmo assim, o que mais temo neste tipo de terrorismo é mesmo a altura em que a bomba rebenta, os canhões explodem, as armas disparam. Deviam ser vocês a enfrentar a minha mãe quando lhe digo que já não tenho lápis de carvão e que preciso de comprar mais. Nem nunca cheguei a perceber o que ela diz quando está naquele estado de plena fúria. Balbucia uns sons, gagueja uns ditongos, gorjeia uns hiatos. Sem segundos sentidos, parece árabe. E, eu, João, nem percebo árabe, irrefutavelmente. 

Alexandre Martins, 9ºA

24 de outubro de 2016

Recomeçando

A principal rubrica deste blogue é a vitrina virtual, que divulga os escritos originais dos nossos alunos. É com um poema da Cátia Mendes, do 8.º ano, que abrimos a vitrina de 2016/2017. 

PORQUÊ?

George Tooker, A lanterna

Porque é que têm de gozar com a cor da minha pele,
com a forma do meu corpo
ou com os meus olhos cor de mel?

Se sou rico ou se sou pobre,
isso agora não interessa…
Com quem estou ou com quem fico,
já chega dessa conversa.

Eu sou o diferente,
eu sou o falhado,
eu sou como sou…
Só quero que estejas calado.

Se escrevo ou se canto,
se sou burro ou inteligente,
eu sei que não sou nenhum santo,
mas isto também já é deprimente!

                                                        Cátia Mendes, 8ºA

  “Eu escrevo sobre o que acredito, e acredito no que escrevo.”
                          

5 de outubro de 2016

A instauração da República

Na noite de 3 para 4 de outubro de 1910, os militares sublevaram-se. Após acesos combates, a monarquia foi derrubada. Dois dias mais tarde, na manhã do dia 5 de Outubro de 1910, a República era proclamada, das varandas da Câmara Municipal de Lisboa. Foi o culminar de um longo processo, iniciado ainda no século XIX, durante o qual fora crescendo, na população, o desejo de mudar o regime. 


Logo no dia 5, a família real abandonou Portugal, embarcando, na Ericeira, a caminho do exílio. Anastácio Franco Casado foi uma das testemunhas dessa partida e é entrevistado neste programa que o Ensina RTP nos mostra.

A jovem que serviu de modelo para o rosto da República, da autoria do escultor Simões de Almeida, tinha então 16 anos e chamava-se Hilda Puga. 

Foi o rosto dela que durante décadas figurou nas belas moedas de cinquenta centavos e de cinco escudos que circularam em Portugal até 1970.

14 de junho de 2016

A condição docente

Pela primeira vez, o CNE (Conselho Nacional de Educação), pronuncia-se sobre a condição docente. Um documento que deve ler-se na íntegra, e do qual destacamos algumas passagens:

«[O] conjunto de contextos extrínsecos e intrínsecos que influenciam a educação e o ensino mostra, ao mesmo tempo, a ambivalência e a complexidade de uma profissão sobrecarregada de quadros de referência, de normas, de funções e de tarefas, onde a ação do professor é exercida entre tensões e responsabilidades difíceis de conciliar. Refira-se, a título exemplificativo: 
  • O facto de ser pedido ao professor que exerça a autoridade e ao mesmo tempo pratique a compreensão e a tolerância; 
  • O desempenho de um trabalho intelectual, social, cultural e administrativo (i.e. a ambígua condição de um trabalho solitário, mas também solidário); 
  • O sentimento de satisfação profissional e a insegurança perante novas solicitações curriculares; 
  • A acumulação de responsabilidades sem condições e tempo para as exercer (...);
  • (...) fomentar nos alunos maneiras de pensar, métodos de trabalho, ensiná-los a resolver problemas, a compreender e a memorizar, atender aos diferentes ritmos de trabalho e aprendizagem, indispensáveis, mas nem sempre conciliáveis, no desempenho profissional docente. Deve contudo salientar-se que estas exigências se exercem em contextos cada vez mais complexos, pela diversidade cultural e social da população escolar e tornam a aplicação dos princípios de equidade, de inclusão e de coesão social mais premente.
Todas estas transformações, que resultam de processos sucessivos de reformas e mudanças de orientação nas políticas educativas, condicionam o exercício das funções docentes ou implicam novas relações e formas de as exercer: 
  • O aumento do número de alunos por turma, a heterogeneidade da sua composição quanto a níveis etários, de conhecimento, culturas, valores e motivação exigem atenção pedagógica acrescida, tornando mais constante o dilema entre a necessidade de tornar o ensino mais individualizado e a ausência de condições para o fazer; 
  • O alargamento da escolaridade obrigatória: a escola para todos, frequentada por alunos com interesse e sem interesse em aprender, com expetativas elevadas e sem expetativas, exige uma acrescida responsabilidade para assegurar a equidade nas aprendizagens; 
  • A organização do horário: a duração, distribuição dos tempos letivos e gestão das componentes letiva e não-letiva, têm implicações na racionalidade das práticas pedagógicas; 
  • A multiplicidade por vezes contraditória de referências curriculares: a sua aplicação condiciona de certo modo a autonomia individual, profissional e organizacional; 
  • A introdução de novas formas de encarar a organização escolar e o agrupamento de escolas: as novas estruturas escolares e pedagógicas põem em confronto visões e culturas profissionais diversas e obrigam a reposicionar as relações interpares, do trabalho individual para o trabalho colaborativo (disciplinar e multidisciplinar);
  • A avaliação - prestação de contas: a relevante complexidade da sua aplicação nos diferentes domínios das avaliações interna e externa associada à necessidade de articular estas avaliações entre si, de modo a induzir melhorias nas aprendizagens dos alunos; 
  • Novos procedimentos administrativos: tarefas impostas pela organização escolar; uso das Tecnologias da Informação e Comunicação na gestão administrativa e pedagógica; 
  • Novas atividades definidas em contexto escolar: decorrentes da regulamentação da componente não letiva e a obrigatoriedade de permanecer mais horas na escola para apoiar o estudo, acompanhar as atividades dos alunos, realizar coadjuvações e garantir tutorias ou reforço curricular, entre outras; 
  • O reforço da exigência na relação com os pais: ao nível da comunicação e da colaboração, bem como da obrigatoriedade e importância de enviar informação escrita e fundamentada sobre o percurso escolar do aluno, dada a diversidade sociocultural dos pais e o nível de expetativas que estes têm sobre os seus educandos; 
  • Novas relações com o meio: o poder local e a articulação no exercício de competências; as instituições de ensino superior e a partilha de conhecimento; as instituições socioculturais e o estabelecimento de parcerias – a comunidade como recurso.
Nos últimos anos, as condições de trabalho dos docentes nas escolas têm vindo a tornar-se mais difíceis. Se se tiver em conta, em particular, os horários e a sua organização, desde logo ressalta que o seu contributo para o agravamento das condições de trabalho provém da falta de definição clara das atividades que se integram na componente letiva e das que deverão ser desenvolvidas no âmbito da componente não letiva do estabelecimento. 

RECOMENDAÇÕES:
  1. Recentrar a missão e a função docente no processo de ensino/aprendizagem, o que implica definir, com clareza, as funções e as atividades que são de natureza letiva e as que são de outra natureza, substituindo os normativos vigentes sobre esta matéria por um diploma claro, conciso e completo. 
  2. Assegurar como parte integrante do trabalho do professor uma componente destinada ao uso e desenvolvimento, individual e coletivo, de processos de ensino e de aprendizagem de alta qualidade e de metodologias de investigação que proporcionem uma permanente atualização. 
  3. Promover a instituição de redes de reflexão e práticas colaborativas. Diminuir as tarefas burocráticas que ocupam tempos necessários para assumir em pleno as funções docentes. 
  4. Ter em conta na determinação do serviço docente a evolução profissional, valorizando o conhecimento e a experiência profissionais e reconhecendo a necessidade do trabalho em equipa. 
  5. Garantir condições de estabilidade, designadamente profissional, a todos os docentes e o acesso a uma carreira reconhecidamente valorizada. 
  6. Reconsiderar as reduções de serviço por antiguidade e o modo como as horas de redução são preenchidas. 
  7. Definir atividades específicas a desenvolver pelos professores nos últimos anos da sua carreira, no domínio da formação, da supervisão pedagógica e da construção de conhecimento profissional, entre outros. 
  8. Repensar a mobilidade profissional vertical e horizontal, entendida como a possibilidade de lecionação noutro nível de ensino, consentânea com as necessidades dos alunos e com as qualificações dos docentes. 
  9. Promover um processo de formação contínua que articule e torne coerente o desenvolvimento profissional docente com os permanentes desafios colocados à escola.»

12 de junho de 2016

O Mosteiro de Alcobaça




O Mosteiro de Alcobaça no blogue Viajar con el Arte - um excelente artigo, com muita informação histórica, com fotografias e indicação das fontes consultadas. Vale a pena a leitura: aqui.

Sacristia nova - Mosteiro de Alcobaça
Panteão real - Mosteiro de Alcobaça
 

6 de junho de 2016

O Naufrágio de Sepúlveda



História Trágico-Marítima, pintura de Maria Helena Vieira da Silva (1944)

A “História Trágico-Marítima” é uma compilação elaborada no século XVIII por Bernardo Gomes Brito, que pretendia dar resposta à ansiedade e ao interesse da população portuguesa, desejosa de informações sobre os muitos desastres marítimos ocorridos durante os séculos XVI e XVII. 
Entre as várias narrativas presentes na referida obra, conta-se o “Naufrágio de Sepúlveda”, que relata o infortúnio do galeão S. João, no qual seguia D. Manuel de Sousa Sepúlveda, de regresso a Portugal, acompanhado pela esposa e pelos três filhos, ainda crianças. 


O galeão S. João, navegando em direção a Moçambique, naufragou junto ao Cabo da Boa Esperança, devido à grande tempestade que enfrentou, ao excesso de carga que trazia, à construção descuidada e ao facto de as velas estarem em mau estado.


Os cafres (assim eram então denominados os habitantes da África austral e oriental) constituíam, para os portugueses que conseguiram chegar a terra, ora um perigo, por desencadearem ataques, ora uma possibilidade de sobrevivência, quando acediam a fazer trocas e a prestar ajuda - de que os náufragos muito precisavam. Mas a falta de mantimentos acabou por gerar lutas entre cafres e portugueses, o que, associado à fome, às doenças e aos ataques de animais selvagens, levou a uma diminuição do contingente português, pois houve uma significativa perda de vidas.

O texto relata ainda o infortúnio do capitão Sepúlveda, que viu morrer a esposa e os filhos, e que, tendo perdido o tino e a esperança, se embrenhou na selva, para nunca mais ser visto.

A meu ver, o relato é um outro ponto de vista, igualmente necessário, sobre a expansão marítima, que vai além de conquistas bem sucedidas.



Rafael Norte, 10º D

24 de maio de 2016

A LIBERDADE NOS ANIMAIS


fotografia de Hiroki Inoue
Na minha opinião, todos nós temos algum instinto de liberdade, uns mais do que outros, é certo, pois, por vezes, habituamo-nos ao nosso ninho e não queremos sair de lá. O mesmo se passa com os animais, principalmente os selvagens e, nisso, eu concordo plenamente.

Penso que, mesmo nos animais domésticos, esse desejo de ser livre está presente. Aliás, estou certo de que todos os animais gostam de sair à rua, de passear, nem que seja em liberdade “condicional”. Claro que neste caso falo daqueles animais domésticos que “vivem” em casa com os donos e não dos que estão “aprisionados” a uma corrente, no exterior. Por exemplo, uma vez tive um gato que vivia em minha casa, a nossa relação parecia bem encaminhada, até que um dia se foi embora e aí entendi esse tal desejo de liberdade.

Já nos animais selvagens a história é outra. Que “bicho” desses não gosta de vaguear pelas ruas ou pelo mato ou por tantos outros habitats, livremente, a tratar da sua sobrevivência?! Estou plenamente convencido que assim é e que os animais necessitam da liberdade, como nós também a necessitamos.


Concluindo, os animais precisam de liberdade, pelo menos grande parte, porque alguns habituaram-se a viver sossegados com os donos. Mas mesmo assim o instinto de liberdade abrange todos os animais.

Duarte Gabriel Afonso, 8º B