9 de dezembro de 2021

OS ÚLTIMOS 5 MINUTOS

 
 

Marc Chagall, O Relógio

Se tivéssemos mais 5 minutos,
dir-te-ia muitas coisas que não disse,
que te amava, que te adorava, que te olhava,
nos últimos 5 minutos de vida.

Se isto nunca tivesse acontecido,
ainda estaria nos teus braços?
ainda estarias feliz?
Nos últimos 5 minutos de vida.

Ninguém sabe estas respostas,
nem nunca saberão,
só um coração saberá,
e o coração será o teu.

Nos últimos 5 minutos,
eu conseguiria, eu poderia
fazer-te feliz?
Nos últimos 5 minutos de vida.

Catarina Jorge, 8.ºA

24 de novembro de 2021

EM DEFESA DO PASSADO

 

Escrito no contexto de uma prova de avaliação de Português – em que aos alunos se pedia uma opinião fundamentada sobre o desejo de corte radical com o passado por parte de alguns artistas modernistas – este texto, a que a autora deu o sugestivo título “Em defesa do passado”, constitui não apenas um belo exemplo de escrita académica, mas, e acima de tudo, uma reflexão muito bem fundamentada.

 

Gustav Klimt, O cavaleiro dourado, detalhe do "Friso de Beethoven"

Em defesa do passado

Certos momentos do passado da Humanidade trazem desconforto ao ser relembrados, isto é um facto. No entanto, é da minha opinião que aceitemos as nossas falhas passadas e que construamos um mundo melhor com essa consciência. Há quem defenda suprimir o passado, de modo a começar de novo. Eu discordo.

Em primeiro lugar, considero que o passado forma o presente. Isto é, as ações que realizamos no presente são consequência ou de ações passadas ou daquilo que vimos, lemos ou ouvimos sobre o passado. Assim, temos a oportunidade de aprender com os erros dos nossos antepassados, evitando repeti-los. Um excelente exemplo desta ideia é o holocausto da Segunda Guerra Mundial. De um modo geral, reconhecemos agora que foi algo absolutamente imoral, que não devemos repetir. Então, se ignorássemos o passado, tornaríamos admissível um novo genocídio?

Em segundo lugar, sabemos que o conhecimento se constrói ao longo de gerações, por meio de constante pesquisa, debate e refutação. Esta ideia pode ser ilustrada pela pesquisa sobre o funcionamento da mente humana, tópico debatido até à atualidade. Inicialmente considerada dádiva divina, o nosso conhecimento sobre a consciência humana evoluiu ao longo do tempo, com nomes como Freud e Damásio entre os mais célebres. Caso eliminássemos conhecimentos anteriores, como alguns apoiam, o desenvolvimento da ciência, tecnologia e filosofia seria impossível, estagnando o nosso progresso enquanto sociedade.

Em suma, defendo que o reconhecimento do nosso passado coletivo, favorável ou não, é essencial para o desenvolvimento da sociedade, e que deixá-lo de parte impossibilitaria a projeção de um futuro melhor.

Margarida Sardinha,  12ºB

16 de novembro de 2021

A MINHA MÃE

 Prosseguimos, com gosto, a divulgação dos nossos jovens poetas.

Mãe e fliha, pintura de Will Barnet

A minha mãe era uma mistura de bondade,
alma e solidariedade.
Às vezes sentava-me na cama e ficava a pensar,
O que seria a minha vida sem ela para me amar?

Será verdade? Será mentira?
que um dia ficarei sem ela,
que ficarei sem nunca mais ver aquele sorriso doce,
que ficarei a olhar para as estrelas.

Ainda me lembro quando íamos à praia,
sentar-nos na beira do mar a cantar a nossa música favorita
Ela é o sol da minha vida, a minha luz,
que nunca se vai poder apagar.

Ela viu-me crescer,
Ensinou me a amar e a ser quem sou.
E é assim que a descrevo,
Como a mulher mais original que conheci.

Catarina Jorge, 8º A

3 de novembro de 2021

Poesia em animação

Regresso ao lar, poema de Guerra Junqueiro

Ilustrações, declamação e animação da autoria da Olívia do 8º ano.

Trabalho feito no ano passado, durante o ensino à distância.

1 de novembro de 2021

[Branco como a neve, média altura]

Tal como o poema aqui publicado no dia 11 de outubro, também este foi feito no ano passado, em resposta ao desafio de escrever um "quase soneto" à maneira de Bocage". Aqui está o retrato bem-humorado que o Dinis nos dá a ler.

Alfredo Volpi

 Branco como a neve, média altura,
Olhos castanhos e nariz pequeno,
Cabelo com caracóis cor de feno,
Feliz, bem-parecido de figura!

Pelo saber anda sempre à procura,
Gosta de ter conhecimento pleno,
(Matemática e literatura)
Para ser sempre grande e não pequeno!

Quem bem o conhece, sabe dizer
O valor que dá às suas amizades,
Amigos aos montes gosta de ter!

Eis Dinis, com algumas qualidades,
(e defeitos que ficam por saber)
Ditas têm que ser todas as verdades!

Dinis Moreira, 9ºA

11 de outubro de 2021

[Tão grande era o magro e jovem rapaz]

Este trabalho foi feito pelo José Ferreira, então no 8º ano, em resposta a um desafio de escrita criativa lançado pela professora: um quase soneto à maneira de Bocage. Bem humorado, como cumpre.

                                                       Egon Schiele, Autorretrato, 1912

Tão grande era o magro e jovem rapaz
O seu cabelo era curto e castanho
Carão é dono de um sinal estranho
De avistar a mil metros é capaz.

É amigo do amigo e não só
Raramente ou nunca anda bem vestido
Nunca se deixa levar por vencido
Bem criado por mãe, pai e avó.

Desde sempre foi amaldiçoado
Por maldita e terrível solidão
Nascido com um coração gelado.

Já não há muito mais para dizer.
Eis José, que é aquele rapazinho
Que sempre vive a vida com prazer!

José Ferreira, 9ºA

29 de setembro de 2021

A ÉPOCA TROVADORESCA

 Agora que as turmas do 10º ano começam o estudo deste fascinante período da nossa literatura, publicamos um texto escrito há algum tempo, por uma aluna, e depois aperfeiçoado por toda a turma, tendo resultado na exposição que aqui podem ler. 

Aos alunos fora proposto que escrevessem sobre aquilo que os poemas dos trovadores nos podem ensinar acerca da época em que foram elaborados. Aqui fica pois o texto, que talvez sirva de motivação aos alunos deste ano.

Iluminura medieval, representando o mês de outubro (Les très Riches Heures du Duc de Bérry)

O VALOR TESTEMUNHAL DA POESIA TROVADORESCA 

(Exposição sobre um tema)

A poesia trovadoresca, produzida na Península Ibérica durante a Idade Média, pode fornecer muitas informações sobre esta época.

Destacam-se, pelo seu valor testemunhal, as cantigas de amigo, que nos revelam aspetos da vida quotidiana das jovens camponesas de então: os divertimentos, como bailes e romarias; as tarefas domésticas, como ir à fonte buscar água ou lavar roupa; e, sobretudo, a sua vida amorosa, o namoro, com ou sem permissão da mãe, com um jovem da mesma classe, o amigo, com quem se relacionava de forma espontânea e sensual. Poemas como “Bailemos nós, ai amigas” ou “Porque tardaste na fontana fria” são exemplo disto.

Também as cantigas de escárnio e maldizer contêm numerosas informações sobre a época, quando criticam, por exemplo, os maus trovadores, sem originalidade, e a nobreza empobrecida e pelintra, como o infanção que não acendia o lume, pois não tinha que comer.

Em suma, a poesia trovadoresca permite-nos conhecer aspetos muito diversificados da cultura e do tempo em que foi produzida.
                      
10ºD, 2018/2019



16 de junho de 2021

Lágrima de preta

O poema de António Gedeão, por Adriano Correia de Oliveira.


Encontrei uma preta
que estava a chorar,
pedi-lhe uma lágrima
para a analisar.

Recolhi a lágrima
com todo o cuidado
num tubo de ensaio
bem esterilizado.

Olhei-a de um lado,
do outro e de frente:
tinha um ar de gota
muito transparente.

Mandei vir os ácidos,
as bases e os sais,
as drogas usadas
em casos que tais.

Ensaiei a frio,
experimentei ao lume,
de todas as vezes
deu-me o que é costume:

nem sinais de negro,
nem vestígios de ódio.
Água (quase tudo)
e cloreto de sódio.

               António Gedeão

4 de junho de 2021

EU VOU


Da Inês, do 7º B, um poema cheio de alegria e de ritmo.

Bordado a partir da pintura de Portinari: Menina do catavento 
 

Eu vou voar na liberdade!
Vou até ao infinito...
Achar a minha verdade!
Encontrar a felicidade!

Vou lançar-me com a vida,
ver a Lua num desenho...
Vou sair, passear!
Vou fugir, viajar!

Vou ter com o amigo,
aquele que me ajuda,
dá amor, dá carinho...
Aquilo de que eu preciso!

Vou sentir falta do passado...
Quando voltar à minha vida.
Mas vou para casa, para a família,
com a alma preenchida!


Inês Silvério, 7ºB


17 de maio de 2021

CARTA À LÍNGUA PORTUGUESA

 


Benedita, 5 maio de 2021

Minha querida língua portuguesa,

Escrevo-te esta carta para demonstrar tudo o que sinto por ti. És realmente muito especial para mim e jamais te esquecerei. Foste tu que me acompanhaste desde pequenina e tudo o que aprendi foi através das tuas meigas e suaves palavras.

És verdadeiramente importante para todas as pessoas que te falam, não só em Portugal, mas também em todos os países que te têm como língua oficial.

Ao longo do teu caminho deixaste marcos relevantes na nossa história, nomeadamente através de Camões, um grande poeta português que enriqueceu o mundo com a sua epopeia, Os Lusíadas.

Deste modo, defender-te-ei sempre, pois és o bem mais precioso de Portugal, um dos traços da identidade do nosso povo, e fazes parte dos costumes e da história do nosso país.

É com grande admiração que me despeço de ti.

Beijinhos

Jéssica Santos, 10.º D


12 de maio de 2021

A VIDA

A Érica, do 9º ano, escreveu um belo poema acerca desta realidade tão cheia de contradições - mas tão brilhante de esperança - que é a vida.

Fotografia de Isabel Munuera

Já perdoei erros imperdoáveis,
tentei substituir pessoas insubstituíveis
e esquecer pessoas inesquecíveis.

Já fiz coisas por impulso,
já me dececionei com pessoas
com quem nunca pensei dececionar-me,
mas também, com certeza, já dececionei alguém.

Já abracei alguém para o proteger,
já ri quando não podia,
fiz amigos eternos,
e amigos que nunca mais vi.

Amei e fui amada,
mas também já fui rejeitada,
fui amada e não amei.

Já gritei e pulei de felicidade,
Já vivi o amor e fiz promessas eternas,
E dececionei-me muitas vezes!

Já chorei a ouvir música e a ver fotos,
já liguei só para ouvir a voz,
apaixonei-me por um sorriso,
já pensei que fosse morrer de saudade
e tive medo de perder alguém especial (e acabei por perder).

Mas vivi!
E ainda vivo!
Vivo como se o amanhã não existisse!

Érica Adrião, 9ºA

6 de maio de 2021

O AMOR

A Mariana Costa, do 9º ano, partilha hoje connosco as suas reflexões sobre o amor, este sentimento do qual Camões disse que "nasce não sei onde, vem não sei como e dói não sei porquê" .

 

Pintura de Bernardino Luini - detalhe (1480/82 - 1532)

Amor, palavra pequena, mas com um grande significado.

O amor é paz, o amor é tudo o que faz sermos capazes de dar, é tudo o que faz sermos capazes de sentir e de falar. O amor não é só uma simples palavra que pode ser dita a toda a gente, não é uma simples palavra que possamos usar em qualquer momento, para nos referirmos a qualquer coisa. O amor é sentimento, é olharmos para algo ou alguém e sentirmo-nos felizes, sentirmo-nos bem. É estarmos ao lado de alguém e podermos dizer que aquilo nos traz paz, que nos sentimos como se todos os problemas fossem embora e nos conseguíssemos libertar de algo que nos atormenta há tanto tempo…

Amar alguém é saber que essa pessoa vai estar sempre lá para tudo o que necessitemos, é saber que vamos estar seguros e protegidos, é saber que somos amados da mesma maneira que amamos. Dizer “amo-te” é um grande passo, um passo importante, que significa estarmos seguros e prontos para este sentimento, é um passo que significa termos coragem para admitir o que sentimos, para nos declararmos ao mundo e falarmos, libertarmos este tão grande segredo.

Para podermos dizer “amo-te”, precisamos de sentir o nosso coração sair do peito a cada vez que vemos a pessoa, precisamos de sentir que queremos ficar com aquela pessoa por muito tempo, pois, se isso não acontecer, se não for para ter todos esses sentimentos, se não conseguirmos ser sempre honestos, é porque não temos essa certeza tão grande sobre o amor que sentimos. Se isso acontecer, dizer “amo-te” a alguém que não seja tão importante e especial como poderia ser, acabará por nos deixar uma grande mágoa.

Mariana Costa,  9ºA 


5 de maio de 2021

Verdes são os campos

Celebrando o Dia da Língua Portuguesa, um poema de Camões por José Afonso e Uxía.


 

25 de abril de 2021

REVOLUÇÃO

Como casa limpa
Como chão varrido
Como porta aberta

Como puro início
Como tempo novo
Sem mancha nem vício

Como a voz do mar
Interior de um povo

Como página em branco
Onde o poema emerge

Como arquitectura
Do homem que ergue
Sua habitação


27 de abril de 1974
Sophia de Mello Breyner Andresen, O Nome das Coisas

23 de abril de 2021

Leituras em Rede

Rede de Bibliotecas do Conselho de Alcobaça, 2021, no Dia do Livro. Também a nossa escola participou nesta bela iniciativa.