23 de outubro de 2019

Uma porta, será!?

Iniciamos a vitrina deste ano com um texto divertido e muito bem escrito. Leiam, que vale a pena!
Pintura de Joan Mitchell
Existem muitos tipos de portas: portas de correr, portas de giro, portas pivotantes, - sim, este nome é muito estranho, mas a internet diz que são portas elegantes e modernas, que giram em torno de um eixo vertical – portas de vidro, portas às riscas amarelas e às bolinhas azuis, … e a porta da minha escola. Uma porta que me faz fazer perguntas às quais não consigo responder, pois sempre que passo por ela tenho receio de não sair de lá viva. Mas nem sempre foi assim.

Antes, naquele preciso lugar, encontrava-se uma porta manual, coberta de alumínio, dividida naquelas três janelas de vidro, que faziam com que cada pedaço de luz – do primeiro ao último raio de sol do dia – entrasse pela escola dentro, iluminando-a todo o dia. Era aberta por uma auxiliar, que, pressionada pelos alunos que não queriam andar mais um bocadinho e entrar pela porta do outro lado, premia a maçaneta preta, abrindo-a. 

Naquela altura, era tudo tão simples. Apenas abriam a porta às oito da manhã e fechavam-na às sete da tarde, mas, de um dia para o outro, sem mais nem menos, uma porta automática ocupou o seu lugar. Uma porta que só abre quando qualquer aluno da escola passa o seu cartão pelo sensor ao seu lado. Nos primeiros dias, achei que era boa a ideia de mudarmos de porta, já que a outra estava a ficar velha, mas esse sentimento não durou muito tempo.

O problema começa quando a porta, já aberta por um aluno qualquer, permanece na mesma posição enquanto eu quero por ela passar. Nesse mesmo instante, cruzam-se os nossos olhares. – O que parece absurdo, já que ela é uma porta, e as portas não têm olhos, mas se estivessem no meu lugar, iriam perceber – Deixei o cartão na sala e quero atravessar a porta sem pedir a outra pessoa para a abrir por mim, e ela não facilita! Estou quase a conseguir e, não sei como raio acontece, mas, no momento exato em que estou entre a escola e a rua, ela fecha-se. Fico presa. Não me aleijo, pois, após bater em mim, aquela pequena assassina faz ricochete e volta para o seu devido lugar. O verdadeiro problema é a vergonha que apanho à frente de todos aqueles meus colegas que me veem naquele estado em que, quase tendo sido esmagada, continuo a andar para a frente, fingindo que nada aconteceu.

Como veem, aquela porta tem alguma coisa a esconder. Uma coisa sombria que está por detrás daqueles seus dois grandes vidros, envolvidos em alumínio que são estranhamente perfeitos, se calhar perfeitos de mais para ser verdade. Não sei o que é, mas tenho algumas teorias que poderão ser verdadeiras.

A primeira opção é que ela foi enviada pelo governo para que, quando me tocasse, com uma espécie de magnetismo, me tirasse o dinheiro que tenho no bolso, o que pode ser verdade, já que o governo faz de tudo para nos roubar, nem que sejam os mais pequenos trocos. Esta teoria também explicaria o facto de nunca me lembrar onde pus o meu dinheiro, ficando baralhada com tudo isso, pensando que sou uma esquecida, o que também é verdade, mas não neste caso. 

Também poderá ser obra da polícia. Uma espécie de detetor de metais que deteta drogas, o que facilitaria imenso o trabalho deles. Assim pensando, quando a porta nos aperta, sente se temos alguma coisa dentro da roupa, descobrindo assim se o aluno possui drogas ou não, e dar àqueles pequenos contrabandistas uma estadia grátis na cadeia, ou numa casa de correção. O que acabaria com todas as minhas questões acerca dos ditos casos impossíveis que os polícias desvendam com sucesso e que me fazem pensar que eles são uma espécie de bruxos, ou algo do género.

Poderia ser um extraterrestre e não uma porta. Um daqueles vindo de Andrómeda ou de outra galáxia com um nome ainda mais estranho que este, que a NASA ousa dizer que não existem, mas mesmo assim acredito que possam ser reais. Eles transformar-se-iam em portas, na esperança de nos apanhar de surpresa, levando-nos para o seu planeta, fazendo de nós reis deles. Ainda bem que nunca lá fiquei presa, ou não estaria aqui. Mas todos os dias imagino como seria ser sua rainha.

Viveria numa grande casa feita de madeira. Eles adorar-me-iam, tentando sempre agradar-me, portanto, guitarras, pianos e trompas não faltariam e olhariam para o mais simples hábito humano (como cortar as unhas) como um ato de proeza e excelência. Teria o meu próprio exército com poderes aos quais ninguém se poderia impor. Seria o ser mais poderoso de toda aquela galáxia, comandando tudo e todos. Saberia todos os segredos da tecnologia, como o teletransporte funciona, as viagens no tempo, ... guardando-os a sete chaves na minha cabeça. Comeria pudim a toda a hora. Pudim ao pequeno-almoço, pudim ao lanche, pudim ao jantar, pudim em todo o lado!

Por outro lado, os extraterrestres podem ter perdido um dos seus e andarem à procura dele na minha escola. Um daqueles verdes, com uns grandes olhos azuis esbugalhados, que se teria mascarado de humano para se confundir connosco e assim (tentar) viver uma vida normal aqui na Terra. E se eu o conhecesse? Poderia ser aquele rapaz que está sempre calado, a quem dirijo a palavra e ele não me passa cartão. Ou poderia ser aquela rapariga que me dá muitos abraços apertados que, na verdade, podem não ser abraços e sim métodos de estrangulamento.

Era capaz de passar mais algumas horas a enumerar coisas que aquela porta poderá ser, mas, pensando bem, pode ser simplesmente uma porta que, sendo diferente da antiga, me deixou com saudades desta, fazendo com que não gostasse dela, ao princípio, e suspeitar dos atos que ela faz como porta, atos com segundas intenções. Como veem, é difícil aceitar as mudanças, mas, com o passar do tempo, as novidades passam só a ser coisas atuais, que se vão introduzindo à medida que o tempo vai passando.

Sofia Saturnino, 9ºB 

24 de junho de 2019

Uma professora



Acorda de manhã cedo
E tenta estar bem-humorada,
Mas nem sempre consegue,
Tem muito trabalho, está cansada!

Muitas vezes no dia-a-dia
Ninguém as quer ouvir,
Mas mesmo assim elas estão
O dia inteiro a sorrir!

Vêm sempre, mas sempre
Muito bem arranjadas,
Quando trabalham é a sério,
Mas também mandam suas piadas!

Eu, sendo aluno,
Nem sempre me porto bem,
Estou sempre na brincadeira
Que paciência ela tem!

Algo mal remuneradas,
Elas trabalham de mais,
Ainda têm de ouvir os alunos
A dizer coisas tão banais. 

Martim Carvalho, 7º B

21 de junho de 2019

Sexta-feira

painel de Alice Jorge e Júlio Pomar, Lisboa, 1958

Estava aqui sentado
Na mesa do professor,
Ofereci-lhe beijinhos
E uma linda flor.

Escrevi um email
Para o Dr. Anastácio.
Ele estudava matemática
E ofereceu-me um crustáceo.

Isto é tudo brincadeira,
Pois eu adoro brincar,
E que pena que eu tenho,
De ter de estudar!

"Stora", perdoe
a minha maluqueira,
Mas não se preocupe,
Que hoje é sexta-feira!

Martim Carvalho, 7º B

18 de junho de 2019

PAI

Ainda os poetas do sétimo B: três poemas escritos para o Dia do Pai.


pintura de George Tooker

Hoje é o teu dia,
Pai do meu coração,
Engraçado e extrovertido,
Teimoso e rezingão!

Doze anos de amor,
Doze anos de carinho,
Há doze anos és meu pai,
há doze anos sou teu filho.

Segui as tuas pisadas
Com o apito atrás de mim,
Tu querias João Paulo,
Mas a mãe escolheu Martim.

O meu nome não importa
Importa a nossa cumplicidade,
A nossa harmonia,
Que durará até à eternidade.

Que tenhas um dia bom
E muito especial
E eu hoje te prometo, pai,
Não mais me portar mal!

Martim Carvalho



O meu pai é o melhor do mundo.
Ele é muito brincalhão,
Brinca comigo desde pequena,
E tem um grande coração!

Sai de casa muito cedo
Para ir trabalhar
Tenho saudades dele,
Saudades de o abraçar!

Quando joga o Benfica
Não podemos brincar,
Temos de tomar atenção,
Para depois festejar!

Temos as nossas chatices,
Mas gostamos muito um do outro,
Às vezes há problemas,
Mas não vivemos um sem o outro!

Eduarda Arcanjo




Hoje é dia do pai,
Um dia especial
Parabéns a ti, pai
Por seres fenomenal

Querido pai,
O teu nome é António Semedo,
Eu sou teu filho
E tu proteges-me do meu medo.

Estarás sempre pronto,
Para me ajudar
Em tudo menos bom
Que eu venha a passar.

És o pai melhor do mundo,
Como tu não há igual,
O meu orgulho profundo,
A minha bola de cristal.

Eu posso portar-me mal
E tu podes-te zangar,
Mas por mais discussão que haja,
Nada nos vai separar.

Tem um bom dia do pai,
Que tudo te corra bem
Na vida que tens pela frente
E em tudo o que aí vem.

Por último, queria dizer-te
O meu maior desejo
Que sejamos família feliz
Para sempre! Dá-me um beijo!


Eduardo Semedo

10 de junho de 2019

10 DE JUNHO



No seu dia, Camões, falando de si próprio:

154
...
Nem me falta na vida honesto estudo,
Com longa experiência misturado,
Nem engenho, que aqui vereis presente,
Cousas que juntas se acham raramente.


155
Pera servir-vos, braço às armas feito,
Pera cantar-vos, mente às Musas dada;
Só me falece ser a vós aceito,
De quem virtude deve ser prezada.
...

                                 Os Lusíadas, Canto X

3 de junho de 2019

Aqui as duas a bailar


Pintura de Chagal

Aqui as duas a bailar
debaixo daquela cerejeira de encantar
e quem como nós, o cabelo soltar,   
irá ao amigo agradar,
debaixo daquela cerejeira de encantar
iremos nós bailar!

Aqui as duas a seduzir
debaixo destes ramos a sorrir
e quem viver, como nós a rir,
irá ao amigo agradar,
sob estes ramos prestes a florir
iremos nós bailar!

Enquanto estivermos a dançar
debaixo destas cerejeiras a brincar
e quem como viver como nós a bailar
irá ao amigo agradar
e sob o ramo em que estamos a conversar
viremos nós bailar!

Ândria Ferreira e Marisa Paulo, 10ºD

28 de abril de 2019

Centenário de Jorge de Sena

No 25 de Abril, e no ano de seu centenário, foi apresentado o site com eventos que marcam os cem anos de Jorge de Sena, o escritor prodigioso.







7 de março de 2019

DINOSSÁURIA


Olá, eu sou o Tino, um dinossauro que, como todos os outros, vive na Dinossáuria, o atual planeta dos dinossauros. Agora deves estar a perguntar-te: “Os dinossauros não estavam extintos? Não houve um meteorito que acabou com eles?” Sim, na parte do meteorito acertaste, porém, há alguns mistérios que vocês, humanos, ainda não conseguiram explicar.

Há muitos milhões de anos, mais precisamente há 65 milhões, estava eu na cidade de Olauros, numa reunião super importante da AMED (Associação Mundial Espacial dos Dinossauros), onde, com a ajuda dos meus colegas, iria decidir o destino do mundo, quanto ao famoso meteorito que ia fazer com que fôssemos extintos.

Eu sei que já nos imaginaste de inúmeras formas: a viver do que a natureza nos dava, não sabendo sequer o que é um telefone, mas estás muito enganado! Podes pensar que não, mas naquele tempo já conhecíamos toda a tecnologia que vocês conhecem, ou ainda mais…

As nossas casas não eram como a tua, com telhado, paredes, porta e janelas. Eram casas que se adaptavam aos dinossauros que lá morassem. Imagina que eu sou um pequeno velociraptor e quero convidar um amigo para beber chá em minha casa. Há um problema: o meu amigo é um grande tiranossauro rex, logo, não cabe na minha casa. Foi então que o famoso Albert Dinostein, um dino-cientista daquela época, inventou uma forma de resolver tudo: pegou numa casa, concentrando a massa, a dividir pelo seu número de dentes, multiplicando por 243 e adicionando geleia, acertou o volume, de modo a que ela se adaptasse ao tamanho do dinossauro que estivesse lá dentro.

Isto é genial, eu sei. Só para saberes, Albert Dinostein foi de facto um génio, e ainda é, pois graças a uma poção que inventou é imortal. Passo a explicar. À beira da morte, Dinostein tentava encontrar uma maneira de viver mais tempo e, no meio de tantas experiências, encontrou o ingrediente que fez com que vivesse muitos e muitos mais anos: cinzas de vulcão. Pode parecer um pouco bizarro, mas funciona! Inclusive eu próprio tomei aquela poção, ou não estaria hoje aqui para vos contar a história.

Se pensas que não havia carros, também estás enganado! Eram carros como os vossos (um pouco maiores), porém não andavam a gasóleo. Os nossos carros moviam-se a energia estelar, o que era muito bom, uma vez que não gastávamos um balúrdio nas bombas de gasolina. E, antes que perguntes, sim, as estrelas que vês todas as noites no céu são nada mais nada menos que uma invenção de Daac Dewton. Cada estrela era o combustível de um carro. Só para ficares completamente esclarecido, o Sol é uma estrela também criada por Dewton, mas como foi a primeira, saiu defeituosa e ficou muito perto de nós, o que acabou com a vida dos nossos amigos mercurianos, antigos habitantes de Mercúrio.

E, se já estás impressionado, ainda há mais! Como deves saber, na altura em que estávamos aí na Terra, havia uma grande quantidade de vulcões em actividade, que, ao libertar cinzas, causavam alergia aos olhos, obrigando-nos a andar sempre de  óculos de sol. Dinostóteles aproveitou o facto de todos usarmos óculos e inventou os “teledinóculos”, uma espécie de telemóvel, mas, como o próprio nome indica, era um telemóvel nos óculos. A coincidência é tanta, que até tínhamos a “Diri”, uma assistente pessoal parecida com a “Siri” dos vossos iPhones. Mas chega de empatar. Já falei tanto que me esqueci de que tu só queres saber como fui parar à Dinossáuria.

Como mencionei no início, estávamos numa reunião da AMED, a tentar decidir o futuro do planeta Terra, até que chegámos a uma conclusão: como a Terra é redonda, ao chocar contra ela, o meteorito iria explodir e nós morreríamos. Não havia nada a fazer, então eu, como secretário-geral da AMED, mandei uma mensagem para os teledinóculos de todos os dinossauros do planeta, dizendo:

“Alerta vermelho! Estamos todos em PERIGO. Em breve um meteorito vai chocar com o nosso planeta e poderemos todos MORRER. Mas fiquem tranquilos, não há nada a temer. Só vos peço uma coisa: façam o que fizerem, NÃO ENTREM EM PÂNICO.
                                                                                                  Atenciosamente,
                                                                                                  Sr. Dr. Tino Dino”

Dá para ver que esta não foi, nem de longe, a melhor mensagem que mandei, mas não me arrependo de nada (já vais perceber porquê). Graças à forma direta como mandei a mensagem, entraram todos em pânico, com medo de morrer. Na rua só se via tudo a correr de um lado para o outro, de trás para a frente, de frente para trás. Ouviam-se gritos de dinossauros aterrorizados com o que ia acontecer. Enquanto isso, nós, AMED, vigiávamos o meteorito, que cada vez se aproximava mais. Estávamos completamente às escuras, sem saber o que fazer, e receando morrer todos… ou não. Só nos restava esperar.

A certa altura, começou a ouvir-se um barulho que parecia as acendalhas dos nossos dinofornos, quando estoiravam. Era a hora. Daí a alguns minutos, íamos todos morrer. Começou a avistar-se uma bola de fogo vermelha, laranja, amarela…, de todas as cores ao mesmo tempo e, no momento em que o meteorito chocou, fomos pelos ares. Nesta altura deves estar um pouco confuso, não é? Se fomos pelos ares, morremos, certo? Não, quando disse “pelos ares”, foi literalmente pelos ares, ou seja, começámos a pairar no espaço. Lembras-te de eu te falar dos dinossauros entrarem em pânico? Pois é, o pânico foi tal, que, de uma forma científica que ainda hoje não consigo explicar, a Terra transfigurou-se. Sim, foi mesmo o que acabaste de ouvir. Quando o meteorito chocou com a Terra, esta, tornada plana, permitiu que nós sobrevivêssemos, o que em vez de acabar connosco, nos pôs a voar pelo espaço.

Estivemos assim durante dias, e, pode parecer estranho, mas sobrevivemos sem precisar de oxigénio. Mais outra coisa intrigante que eu não consigo explicar, flutuámos como se não houvesse amanhã, mas uma coisa era certa: era lindo! O único barulho que se conseguia ouvir era o dos asteróides que, todos alinhados, como se estivessem numa excursão, faziam um barulho que parecia o som de um mamute a barrir. De lá víamos a Terra, assim como todos os outros planetas, e o Sol, que até nem tinha sido um erro muito mau de Daac Dewton. A certo momento, vimo-nos em cima de chão firme, mas não era a Terra. Era um lugar diferente, o oposto da Terra. Pisávamos o céu e avistávamos no horizonte a terra e o mar. Aqui é que podemos literalmente dizer que andamos nas nuvens! Gostámos todos daquele lugar, tornámo-lo num lar e demos-lhe o nome de Dinossáuria, que significa cidade dos dinossauros.

Ao longo de milhares de anos, fizemos evoluir a nossa tecnologia, até que, há 650 mil anos, arranjámos uma maneira de, através de um dinossatélite, vigiar a Terra que, não sei porquê, se tinha tornado outra vez redonda. Passaram 300 mil anos, e até esse momento não vimos vida na Terra. Um dia, ficámos espantados quando vimos pela primeira vez um homem e uma mulher que tiveram um filho. Desde então, começámos a prestar mais atenção à Terra. Há uns 20 mil anos, avistámos um meteorito que ia em direção à Terra. Nessa altura, como é óbvio, vocês humanos não tinham o mínimo conhecimento da tecnologia, então tivemos de agir. Construímos uma máquina que foi programada para que quando o meteorito estivesse quase a abater a Terra, se destruir em bocados muito pequenos, ficando os humanos sãos e salvos. A partir desse dia, cada vez que um meteorito está quase a colidir com a Terra, ligamos a máquina e salvamo-vos.

Agora já sabes, se vires nas notícias que um meteorito vai embater na Terra, ou se te mandarem uma mensagem tão maluca como a que eu mandei há alguns milhões de anos aos outros dinossauros, não te preocupes que nós tratamos do assunto! 
               
 Sofia Saturnino, 8º B

22 de fevereiro de 2019

A VISITA DE ESTUDO DO 12º A


FUNDAÇÃO CALOUSTE GULBENKIAN E OCEANÁRIO

No contexto das disciplinas de Biologia e Matemática A, a nossa turma realizou, no passado dia 5 de fevereiro, uma visita de estudo a Lisboa, mais precisamente à Fundação Calouste Gulbenkian e ao Oceanário.

O primeiro local visitado foi Fundação Calouste Gulbenkian, onde Simão Palmeirim, um dos dois estudiosos e especialistas do painel “Começar”, da autoria do célebre Almada Negreiros, nos deu a magnífica oportunidade de conhecer pormenorizadamente a obra. O painel, de grande complexidade matemática e geométrica, tem um lugar de destaque na Fundação, visto que se encontra na entrada do Edifício Sede e, na minha opinião, não poderia estar melhor localizado.

Se a manhã tinha sido boa, a tarde foi ainda melhor. Já no Oceanário, a visita foi dividia em duas etapas. Numa primeira fase, realizámos, numa espécie de sala de aula, um debate mediado por um biólogo marinho, sobre as verdades e os mitos relativamente às alterações climáticas. Seguidamente, o biólogo guiou-nos pela exposição permanente do Oceanário, dando, ao longo do percurso, breves explicações acerca das espécies que estávamos a observar.

Como aluna do 12°ano e sendo esta a minha última visita no âmbito escolar, não poderia estar mais satisfeita. Os sítios visitados são de grande interesse cultural e, tanto eu, como, certamente, os meus colegas aproveitámos o dia da melhor maneira. 
 
                                        Inês Marques, 12º A

9 de fevereiro de 2019

Pelo sonho é que vamos

Uma leitura do belo poema de Sebastião da Gama, pelo Dinis Dias.


Pelo Sonho é que vamos,
comovidos e mudos.
Chegamos? Não chegamos?
Haja ou não haja frutos,
pelo sonho é que vamos.

Basta a fé no que temos,
Basta a esperança naquilo
que talvez não teremos.
Basta que a alma demos,
com a mesma alegria,
ao que desconhecemos
e do que é do dia-a-dia.

Chegamos? Não chegamos?
– Partimos. Vamos. Somos

Sebastião da Gama



No poema "O Sonho", de Sebastião da Gama, a forma verbal "vamos" refere-se a nós. Vamos todos para o mais profundo dos nossos sonhos, que são realizados dentro da nossa mente. Vamos de uma forma leve e sonhadora, voamos com a ajuda dos ventos da nossa imaginação e fé em que eles se possam realizar. 

Muito mais importante do que chegar ao fim dos sonhos é sonhar, porque ao menos sonhamos e temos o gosto do que é. E a verdade é que muitas vezes não chegamos ao fim dos sonhos.

No último verso, reforça-se a ideia de que o nosso sonho é coletivo "partimos, vamos, somos". Todos no mundo sonham e, se tornarmos isto num sonho coletivo, o mundo será muito melhor.

                                                                       Dinis Dias, 7º C


30 de janeiro de 2019

Bailemos as três, ai amigas

Outra bailia das alunas de Literatura Portuguesa, recriando a poesia dos trovadores medievais.


Bailemos as três, ai amigas,
Debaixo destas laranjeiras floridas.
Quem for linda como nós, lindas,
                                   Se amigo amar,                                
Debaixo destas laranjeiras floridas
Virá bailar

Bailemos as três, bem ordeiras,
Debaixo deste ramo de laranjeiras.
Quem for cavaleira como nós, cavaleiras,
Se amigo amar,
Debaixo deste ramo de laranjeiras
Virá bailar

Enquanto não fazemos outra coisa, ai amigas,
Debaixo deste ramo florido, escondidas.
E quem bem parece, como nós, raparigas,
Se amigo amar
Debaixo deste ramo sob o qual há mentiras
Virá bailar.            
                                                 
                 Beatriz Jesuíno e Diana Sousa, 10ºD                                              

7 de dezembro de 2018

TU EM MIM

pintura de Andrey Remnev

Cercada pelo mundo,
mas sem ninguém ao pé.
Apoiada por todos,
mas sem andarilho.
No silêncio, às escuras,
há que ter fé,
caminhas sozinha sem um amigo.

Andas, cais e tropeças
entre os dedos da minha mão,
vais, quebras promessas,
desces e entras no meu coração.

Coração puro antes de ti.
Coração aberto, todo para ti.
Estragado, violado,
por ti maltratado.

Sem piedade nem dó,
deixas-me aqui,
assim tão só.
Adorada e largada,
que por ti julgava ser amada.

Ó deus dos deuses,
que traças o nosso leito,
que ditas o nosso tempo,
por ti, nós temos respeito.

Não fecheis o relógio,
deixai-o parado.
Dai-me mais tempo,
que o meu coração ainda não está sarado.

Não me cortes as asas,
dá-me esta oportunidade,
não cortes o fio de vida
e o que resta da minha dignidade.

Maria Costa, 8.º A

1 de dezembro de 2018

Bailemos nós três

Recriando a nossa poesia trovadoresca, as alunas de Literatura Portuguesa ensaiam bailias:


Bailemos nós três, tão engraçadas
Por debaixo das macieiras enfeitadas
E quem for amada como nós amadas
Se amigo amar
Apenas sob estas macieiras decoradas
Virá dançar

Bailemos nós três, ai irmãs
Por debaixo do ramo destas maçãs
E quem for cristã como nós cristãs
Se amigo amar
Apenas sob estas macieiras meãs
Virá dançar

Por deus, tão engraçadas, então não fazemos nada
Por debaixo da rama esverdeada
E quem bem julgar, como se é julgada
Se amigo amar
Apenas sob esta macieira adorada
Virá dançar

Iara Boita e Maria Inês, 10º D

25 de novembro de 2018

O ANO DA MORTE DE RICARDO REIS PELA COMPANHIA A BARRACA

Outra apreciação crítica do espetáculo, integrado no Books & Moovies de Alcobaça, a que os nossos alunos assistiram. 



A peça “1936, Ano da Morte de Ricardo Reis”, baseada na obra homónima de José Saramago, procura ser fiel à essência do livro, mas adaptando-o ao drama de uma forma pouco vulgar. 

Apesar da dificuldade deste desafio, A Barraca conseguiu, de forma excecional, tornar um romance extenso, denso e bastante pormenorizado, em algo divertido, estimulante e cativante para o público juvenil. 

A forma como as personagens foram trabalhadas fez com que o público ficasse “preso às cadeiras”. Primeiramente, tornar Fernando Pessoa numa personagem cómica, ou até mesmo ridícula, contrastando com a ideia de que o poeta era um indivíduo sério e intocável, que não podia ser alvo desta irreverência, provocou imensas gargalhadas à plateia. De seguida, Ricardo Reis, com o seu ar exuberante perante as personagens femininas, com o seu ar de passeante nos momentos de deambulação pela cidade, e ainda de “criancinha”, quando Fernando Pessoa aparecia para o alertar e aconselhar, conferiu à peça uma certa leveza. 

Por outro lado, a existência de um cenário permanente trouxe algumas dificuldades na separação de cenas, exigindo, assim, a quem estava a ver, uma maior atenção e alguma capacidade de perceção para conseguir entender a história de forma mais clara. 

Em síntese, a peça apresentada pela companhia A Barraca revela uma faceta mais divertida do romance de Saramago, conservando alguns pormenores da obra e acrescentando fatores que permitiram ao público uma maior facilidade na compreensão do romance. 


Francisco Rocha, 12.ºA