7 de dezembro de 2018

TU EM MIM

pintura de Andrey Remnev

Cercada pelo mundo,
mas sem ninguém ao pé.
Apoiada por todos,
mas sem andarilho.
No silêncio, às escuras,
há que ter fé,
caminhas sozinha sem um amigo.

Andas, cais e tropeças
entre os dedos da minha mão,
vais, quebras promessas,
desces e entras no meu coração.

Coração puro antes de ti.
Coração aberto, todo para ti.
Estragado, violado,
por ti maltratado.

Sem piedade nem dó,
deixas-me aqui,
assim tão só.
Adorada e largada,
que por ti julgava ser amada.

Ó deus dos deuses,
que traças o nosso leito,
que ditas o nosso tempo,
por ti, nós temos respeito.

Não fecheis o relógio,
deixai-o parado.
Dai-me mais tempo,
que o meu coração ainda não está sarado.

Não me cortes as asas,
dá-me esta oportunidade,
não cortes o fio de vida
e o que resta da minha dignidade.

Maria Costa, 8.º A

1 de dezembro de 2018

Bailemos nós três

Recriando a nossa poesia trovadoresca, as alunas de Literatura Portuguesa ensaiam bailias:


Bailemos nós três, tão engraçadas
Por debaixo das macieiras enfeitadas
E quem for amada como nós amadas
Se amigo amar
Apenas sob estas macieiras decoradas
Virá dançar

Bailemos nós três, ai irmãs
Por debaixo do ramo destas maçãs
E quem for cristã como nós cristãs
Se amigo amar
Apenas sob estas macieiras meãs
Virá dançar

Por deus, tão engraçadas, então não fazemos nada
Por debaixo da rama esverdeada
E quem bem julgar, como se é julgada
Se amigo amar
Apenas sob esta macieira adorada
Virá dançar

Iara Boita e Maria Inês, 10º D

25 de novembro de 2018

O ANO DA MORTE DE RICARDO REIS PELA COMPANHIA A BARRACA

Outra apreciação crítica do espetáculo, integrado no Books & Moovies de Alcobaça, a que os nossos alunos assistiram. 



A peça “1936, Ano da Morte de Ricardo Reis”, baseada na obra homónima de José Saramago, procura ser fiel à essência do livro, mas adaptando-o ao drama de uma forma pouco vulgar. 

Apesar da dificuldade deste desafio, A Barraca conseguiu, de forma excecional, tornar um romance extenso, denso e bastante pormenorizado, em algo divertido, estimulante e cativante para o público juvenil. 

A forma como as personagens foram trabalhadas fez com que o público ficasse “preso às cadeiras”. Primeiramente, tornar Fernando Pessoa numa personagem cómica, ou até mesmo ridícula, contrastando com a ideia de que o poeta era um indivíduo sério e intocável, que não podia ser alvo desta irreverência, provocou imensas gargalhadas à plateia. De seguida, Ricardo Reis, com o seu ar exuberante perante as personagens femininas, com o seu ar de passeante nos momentos de deambulação pela cidade, e ainda de “criancinha”, quando Fernando Pessoa aparecia para o alertar e aconselhar, conferiu à peça uma certa leveza. 

Por outro lado, a existência de um cenário permanente trouxe algumas dificuldades na separação de cenas, exigindo, assim, a quem estava a ver, uma maior atenção e alguma capacidade de perceção para conseguir entender a história de forma mais clara. 

Em síntese, a peça apresentada pela companhia A Barraca revela uma faceta mais divertida do romance de Saramago, conservando alguns pormenores da obra e acrescentando fatores que permitiram ao público uma maior facilidade na compreensão do romance. 


Francisco Rocha, 12.ºA

20 de novembro de 2018

UM REGRESSO INESPERADO


O Fausto, do 9º G, partilha connosco uma memória grata.
 
fotografia de Melanie Langer
O dono do café do Centro Recreativo Popular da Ribafria, que estava hoje à porta do café enquanto me dirigia para o treino, lembrou-me outro, há 3 anos, nesse mesmo café.

Eu passava todos os dias por ele e cumprimentava-o com muito gosto, era uma pessoa alta, forte, careca e vestia-se frequentemente de azul. “Por dentro” era uma pessoa respeitadora, simpática e humilde, tinha sempre um sorriso no rosto ao servir as pessoas, passava por mim e perguntava-me sempre se estava bom e dizia-me para não dar muitas caneladas nos treinos. Já não falava com ele há três anos! As coisas mudaram desde que saiu do café e foi morar para Peniche, onde abriu a super conhecida loja de surf, a Ripcurl.

Quando entrei no pavilhão, a surpresa veio bater-me à porta: Paulo Machado, o antigo dono do café, estava lá sentado, a ver o treino dos infantis. Perguntei-lhe se se lembrava de mim e respondeu-me com um aceno e um abraço. Voltei para o bar, onde tinha estado instantes antes debruçado sobre o jornal, pagou-me uma cerveja e uns tremoços, e contámos um ao outro o que de bom nos tinha acontecido nestes últimos três anos.

Fausto Luís, 9.ºG

5 de novembro de 2018

É importante

Uma crónica da Maria Costa, do 8ºA. Ora leiam, que vale a pena. 


Ao que parece, vou ter de fazer outro texto livre! Escrevê-lo e rezar para que a nota não seja muito má.

Neste texto, decidi escrever sobre uma coisa que nunca me passou pela cabeça que pudesse ser importante na minha vida. Estou a falar das obras, por mim já consideradas património sagrado, que misteriosamente aparecem escritas nas portas das casas de banho.

Começando pelo início, tenho algumas dúvidas, pois, verdade seja dita, eu nunca vi ninguém escrever o que lá está. Também não sei como é que uma pessoa foi capaz de chegar à conclusão de que era boa ideia agarrar num corretor ou numa caneta, pedir à professora para ir à casa de banho e começar a desenhar aquelas figuras. Pois, para além de ser um desperdício, quer de caneta quer de corretor, não entendo como uma pessoa, no tempo de uma simples ida à casa de banho, consegue desenhar coisas como as que lá estão: desenhos animados, animes japoneses, todos cheios de pormenores detalhadamente representados através de cada pinga de tinta derramada na porta.

Muitas vezes, embora vistas como uma forma de vandalismo, as frases escritas nas portas servem como entretenimento, uma vez que na escola não temos aqueles famosos rótulos de shampoos e géis para ler.

Existem três tipos de frases e de pessoas que as escrevem. Existem, por exemplo, as frases interrogativas, feitas por pessoas que esperam que alguém tão estranho como elas lhes responda; as frases afirmativas, sem nada de mais, deixadas lá por pessoas normais; e, por fim, as frases inspiradoras com que muitas vezes nos identificamos e levamos como conselho.

Fora do patamar das frases e perguntas, existem ainda os desenhos, que também têm a sua variedade. Esta variedade vai desde os desenhos simples, passando pelos animes e animações japonesas, até às figuras fofas de bochechas grandes e até mesmo aos smiles. É aqui que surge a minha maior dúvida: “estas pessoas não mereciam um prémio?”. É óbvio que estou a brincar, mas não podemos negar que a cabeça destas pessoas está cheia de ideias e imaginação.

Estes exemplares de arte podem ser encontrados em qualquer parte, basta olhar com atenção, porém, os lugares mais comuns são as portas das casas de banho e os bancos. Nos bancos, por outro lado, já é mais comum encontrar outro tipo de frases, como declarações de amor ou até mesmo simples frases onde é deixado bem explícito que a turma de quem a escreveu é a melhor da escola.

A minha opinião sobre estas obras de arte é que são, nada mais nada menos, que trabalhos de elfos mágicos que só aparecem na escola depois de ela fechar, assim se explica o porquê de nunca ninguém ver quem escreve e desenha as artes da porta. Eles certamente andam sempre com uma bolsinha onde transportam a caneta e o corretor de tinta, invisível aos olhos das funcionárias, pois não acho possível que, estando lá há tanto tempo, nunca as tenham tentado tirar.

Fora isto, o que realmente mais me espanta é que certas frases foram claramente escritas por seres do sexo masculino e, uma vez que a sua entrada nos sanitários femininos é proibida, não percebo como foram lá parar.

   Mas bem, a minha conclusão quanto a estes pequenos atos de vandalismo é a de que, embora sejam uma forma de vandalizar a escola, também trazem consigo uma história e, por vezes, sabedoria. Por isso, sim, considero estas “coisas” umas “coisas” bastante importantes!

Maria Costa, 8.º A

29 de outubro de 2018

À minha querida mãe

Um poema doce, do Martim Carvalho, do 7ºB.
Maternidade, pintura de Almada Negreiro
Com os teus cabelos louros
Nove meses me aturaste
E eu sempre a chatear
Mas tu nunca te importaste

Com esses olhos azuis
Que qualquer mulher inveja
Os teus lábios doces
Com sabor a cereja

Sem ti, minha querida mãe
Eu nem sequer existia
Depois dos nove meses
Doze anos alguns meses e um dia

A ti agradeço tudo
Tudo o que fizeste por mim
E deste-me este lindo nome
Chamaste-me Martim
  

16/10/2018

Martim Carvalho – 7ºB

24 de outubro de 2018

A ESCOLA IDEAL


A Margarida, aluna do nono ano, deixa-nos a sua opinião acerca da escola que, do seu ponto de vista, seria a ideal.
Manuel Amado, O jardim encantado, óleo sobre tela, 1999

O que é a escola ideal? Existe? Poderá vir a existir?

A meu ver, a escola ideal seria um pouco diferente das escolas atuais.

Mas ao contrário das muitas opiniões que se encontram nas redes sociais, eu não considero que todos os métodos de ensino atuais devam ser abandonados e substituídos por opções mais "atrativas". Apesar de o interesse do aluno poder ser um fator muito influente na sua aprendizagem, as mentes jovens também necessitam de disciplina, pois só assim conseguirão preparar-se verdadeiramente para o seu futuro, como bons trabalhadores e, acima de tudo, como bons cidadãos, para conseguirem viver em comunidade, numa sociedade onde tem de haver regras.

 Contudo, penso que algumas escolhas deveriam ser do direito dos alunos, de maneira a que houvesse um equilíbrio entre os conteúdos da(s) disciplina(s) e a vontade do aluno, para que que ele tivesse mais vontade de estudar e de alcançar os seus objetivos, durante e após o seu percurso escolar.

Portanto, bastava esta pequena diferença nas escolas, atualmente.

                         Margarida Jorge, 9ºA

16 de outubro de 2018

José Saramago em cena


1936 – O ANO DA MORTE DE RICARDO REIS

Cineteatro de Alcobaça
Books & Moovies - 2018
A adaptação ao teatro de uma obra literária de tamanha dimensão como “O ano da morte de Ricardo Reis”, de José Saramago, não é certamente fácil. Ainda assim, o grupo teatral “A Barraca”, fundado há 42 anos, fez os possíveis para o conseguir.

Do meu ponto de vista, para quem não conhecer minimamente a obra, a peça de teatro ficará um pouco aquém das expetativas, não querendo com isto dizer que é necessário ter lido o romance na íntegra para entender e apreciar a peça. No entanto, para tirar um melhor partido do espetáculo, é fundamental procurar conhecer previamente um pouco da história que o livro narra, lendo, por exemplo, a sua sinopse.

No que se refere às personagens, destaca-se a de Fernando Pessoa. Apesar da excelente interpretação do ator, a personagem foi retratada de forma um pouco exagerada e demasiado extrovertida, com um riso mecânico e um certo ridículo, o que não vai ao encontro do Pessoa reservado e discreto que todos esperaríamos. Contudo, creio que a forma como a personagem foi apresentada tem como objetivo divertir o público, dando um lado cómico à peça. 

Já a personagem de Lídia, interpretada por Sónia Barradas, é apagada e passa demasiado rapidamente em cena, sendo notório que o seu envolvimento com Ricardo Reis não é apresentado com a importância que tem na obra, passando quase despercebido em comparação com o que é descrito no livro.

Em suma, tendo em consideração os aspetos mencionados, esta peça de teatro revela um lado mais divertido do romance de Saramago, conservando, embora com pouco detalhe, o essencial do enredo da obra.

Inês Rosa Marques, 12ºA

5 de outubro de 2018

No dia em que se comemora a República

Uma das mais belas figurações da República Portuguesa, da autoria do escultor Anjos Teixeira (1880-1935).

Na fotografia, consta uma dedicatória do próprio escultor a Aquilino Ribeiro.

18 de junho de 2018

POEMAS PARA O VERÃO

O haikai é uma breve composição poética de origem japonesa. Funda-se nas relações entre o homem e a natureza e no pressuposto filosófico de que tudo neste mundo é transitório. Deixamos aqui quatro desses delicados poemas, cujo tema é o verão. Com votos de boas férias a todos os nossos alunos que este ano não realizam exames e já iniciaram merecidas férias. 

Gustave Klimt, Jardim

Preso na cascata
um instante:
o verão

Silêncio:
as cigarras escutam
o canto entre as rochas

Com relutância
emerge a abelha
do coração da peónia

Visto à luz do sol
é apenas mais um insecto
o pirilampo

Matsuo Bashô (1644 – 1694)

11 de junho de 2018

Um poema à moda de Luísa Ducla Soares


CASAIS FELIZES OU INFELIZES?

Casei um tesouro
Com uma tesoura
Tiveram os dois
Uma grande discussão

Porque o tesouro
Não sabe cortar
E a tesoura
Não o sabe encontrar

Não digam que exagerei
Nesta história incrível
Eu só tentei
Criar uma história credível

                                  Beatriz e Bruno, 7ºH

10 de junho de 2018

Camões, no seu dia...



... interpretado por José Mário Branco:


Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.

Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades.

O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.

E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto:
Que não se muda já como soía.

                          Luís de Camões

6 de junho de 2018

A ESCRITA


Atualmente, a escrita está presente na vida de todas as pessoas, crianças e adultos, ao contrário de antigamente. Em séculos passados, nem todos tinham a possibilidade de aprender a escrever. Mas, vejam só, a escrita teve sempre (e continua a ter!) um papel muito importante na Humanidade. 

Primeiramente, a escrita é uma arte. E desde há muito tempo que a utilizamos para diversas atividades e de diversos modos. Por exemplo, nos Descobrimentos, os mensageiros dos reis enviavam os seus recados escritos à mão, em papéis especiais, ou seja, a escrita tinha já um papel importante na altura. 

Em segundo lugar, a escrita permite-nos comunicar com pessoas que não estão próximas. Hoje, as pessoas que mais a utilizam, na tecnologia, são os jovens. Claro, não só, até os mais velhos começaram a interessar-se pela escrita online

Em relação ao uso diário, a “vida real” da escrita, posso dizer que é muito utilizada nas escolas, pelos alunos e professores (sem ela, sinceramente, não saberia como estudar); em empresas; no singelo envio de um currículo, na árdua produção de um relatório; e em muitos outras situações, fazendo com que tenha cada vez mais importância. 

Concluindo, não poderíamos viver sem a escrita. Sem ela, com certeza não faríamos a maioria das coisas que fazemos hoje. 

Camila Ferreira,  9ºE   


22 de maio de 2018

Júlio Pomar


O almoço do trolha,1946-50
O almoço do trolha, pintura de Júlio Pomar, que hoje nos deixou. Artista plástico nascido em Lisboa em 1926, Júlio Pomar é considerado um dos grandes criadores da arte contemporânea portuguesa.

A sua obra foi dedicada sobretudo à pintura e ao desenho, mas realizou igualmente trabalhos de gravura, escultura, ilustração, cerâmica, vidro, tapeçaria, cenografia para teatro e decoração mural em azulejo.