16 de dezembro de 2018
7 de dezembro de 2018
TU EM MIM
pintura de Andrey Remnev |
Cercada pelo mundo,
mas sem ninguém ao pé.
Apoiada por todos,
mas sem andarilho.
No silêncio, às escuras,
há que ter fé,
caminhas sozinha sem um amigo.
Andas, cais e tropeças
entre os dedos da minha mão,
vais, quebras promessas,
desces e entras no meu coração.
Coração puro antes de ti.
Coração aberto, todo para ti.
Estragado, violado,
por ti maltratado.
Sem piedade nem dó,
deixas-me aqui,
assim tão só.
Adorada e largada,
que por ti julgava ser amada.
Ó deus dos deuses,
que traças o nosso leito,
que ditas o nosso tempo,
por ti, nós temos respeito.
Não fecheis o relógio,
deixai-o parado.
Dai-me mais tempo,
que o meu coração ainda não está sarado.
Não me cortes as asas,
dá-me esta oportunidade,
não cortes o fio de vida
e o que resta da minha dignidade.
Maria Costa, 8.º A
1 de dezembro de 2018
Bailemos nós três
Recriando a nossa poesia trovadoresca, as alunas de Literatura Portuguesa ensaiam bailias:
Por debaixo das macieiras enfeitadas
E quem for amada como nós amadas
Se amigo amar
Apenas sob estas macieiras decoradas
Virá dançar
Bailemos nós três, ai irmãs
Por debaixo do ramo destas maçãs
E quem for cristã como nós cristãs
Se amigo amar
Apenas sob estas macieiras meãs
Virá dançar
Por deus, tão engraçadas, então não fazemos nada
Por debaixo da rama esverdeada
E quem bem julgar, como se é julgada
Se amigo amar
Apenas sob esta macieira adorada
Virá dançar
Iara Boita e Maria Inês, 10º D
25 de novembro de 2018
O ANO DA MORTE DE RICARDO REIS PELA COMPANHIA A BARRACA
Outra apreciação crítica do espetáculo, integrado no Books & Moovies de Alcobaça, a que os nossos alunos assistiram.
A peça “1936, Ano da Morte de Ricardo Reis”, baseada na obra homónima de José Saramago, procura ser fiel à essência do livro, mas adaptando-o ao drama de uma forma pouco vulgar.
Apesar da dificuldade deste desafio, A Barraca conseguiu, de forma excecional, tornar um romance extenso, denso e bastante pormenorizado, em algo divertido, estimulante e cativante para o público juvenil.
A forma como as personagens foram trabalhadas fez com que o público ficasse “preso às cadeiras”. Primeiramente, tornar Fernando Pessoa numa personagem cómica, ou até mesmo ridícula, contrastando com a ideia de que o poeta era um indivíduo sério e intocável, que não podia ser alvo desta irreverência, provocou imensas gargalhadas à plateia. De seguida, Ricardo Reis, com o seu ar exuberante perante as personagens femininas, com o seu ar de passeante nos momentos de deambulação pela cidade, e ainda de “criancinha”, quando Fernando Pessoa aparecia para o alertar e aconselhar, conferiu à peça uma certa leveza.
Por outro lado, a existência de um cenário permanente trouxe algumas dificuldades na separação de cenas, exigindo, assim, a quem estava a ver, uma maior atenção e alguma capacidade de perceção para conseguir entender a história de forma mais clara.
Em síntese, a peça apresentada pela companhia A Barraca revela uma faceta mais divertida do romance de Saramago, conservando alguns pormenores da obra e acrescentando fatores que permitiram ao público uma maior facilidade na compreensão do romance.
Francisco Rocha, 12.ºA
20 de novembro de 2018
UM REGRESSO INESPERADO
O Fausto, do 9º G, partilha connosco uma memória grata.
O dono do café do
Centro Recreativo Popular da Ribafria, que estava hoje à porta do café enquanto
me dirigia para o treino, lembrou-me outro, há 3 anos, nesse mesmo café.
Eu passava todos os
dias por ele e cumprimentava-o com muito gosto, era uma pessoa alta, forte,
careca e vestia-se frequentemente de azul. “Por dentro” era uma pessoa
respeitadora, simpática e humilde, tinha sempre um sorriso no rosto ao servir
as pessoas, passava por mim e perguntava-me sempre se estava bom e dizia-me para
não dar muitas caneladas nos treinos. Já não falava com ele há três anos! As
coisas mudaram desde que saiu do café e foi morar para Peniche, onde abriu a
super conhecida loja de surf, a Ripcurl.
Quando entrei no pavilhão, a surpresa veio bater-me à porta:
Paulo Machado, o antigo dono do café, estava lá sentado, a ver o treino dos
infantis. Perguntei-lhe se se lembrava de mim e respondeu-me com um aceno e um
abraço. Voltei para o bar, onde tinha estado instantes antes debruçado sobre o
jornal, pagou-me uma cerveja e uns tremoços, e contámos um ao outro o que de
bom nos tinha acontecido nestes últimos três anos.
Fausto Luís, 9.ºG
5 de novembro de 2018
É importante
Uma crónica da Maria Costa, do 8ºA. Ora leiam, que vale a pena.
Ao que parece, vou ter de fazer outro texto livre! Escrevê-lo
e rezar para que a nota não seja muito má.
Neste texto, decidi escrever sobre uma coisa que nunca me
passou pela cabeça que pudesse ser importante na minha vida. Estou a falar das
obras, por mim já consideradas património sagrado, que misteriosamente aparecem
escritas nas portas das casas de banho.
Começando pelo início, tenho algumas dúvidas, pois, verdade
seja dita, eu nunca vi ninguém escrever o que lá está. Também não sei como é
que uma pessoa foi capaz de chegar à conclusão de que era boa ideia agarrar num
corretor ou numa caneta, pedir à professora para ir à casa de banho e começar a
desenhar aquelas figuras. Pois, para além de ser um desperdício, quer de caneta
quer de corretor, não entendo como uma pessoa, no tempo de uma simples ida à
casa de banho, consegue desenhar coisas como as que lá estão: desenhos
animados, animes japoneses, todos cheios de pormenores detalhadamente
representados através de cada pinga de tinta derramada na porta.
Muitas vezes, embora vistas como uma forma de vandalismo, as
frases escritas nas portas servem como entretenimento, uma vez que na escola
não temos aqueles famosos rótulos de shampoos e géis para ler.
Existem três tipos de frases e de pessoas que as escrevem.
Existem, por exemplo, as frases interrogativas, feitas por pessoas que esperam
que alguém tão estranho como elas lhes responda; as frases afirmativas, sem
nada de mais, deixadas lá por pessoas normais; e, por fim, as frases inspiradoras
com que muitas vezes nos identificamos e levamos como conselho.
Fora do patamar das frases e perguntas, existem ainda os
desenhos, que também têm a sua variedade. Esta variedade vai desde os desenhos
simples, passando pelos animes e animações japonesas, até às figuras fofas de
bochechas grandes e até mesmo aos smiles. É aqui que surge a minha maior
dúvida: “estas pessoas não mereciam um prémio?”. É óbvio que estou a brincar,
mas não podemos negar que a cabeça destas pessoas está cheia de ideias e
imaginação.
Estes exemplares de arte podem ser encontrados em qualquer
parte, basta olhar com atenção, porém, os lugares mais comuns são as portas das
casas de banho e os bancos. Nos bancos, por outro lado, já é mais comum
encontrar outro tipo de frases, como declarações de amor ou até mesmo simples
frases onde é deixado bem explícito que a turma de quem a escreveu é a melhor
da escola.
A minha opinião sobre estas obras de arte é que são, nada
mais nada menos, que trabalhos de elfos mágicos que só aparecem na escola
depois de ela fechar, assim se explica o porquê de nunca ninguém ver quem
escreve e desenha as artes da porta. Eles certamente andam sempre com uma
bolsinha onde transportam a caneta e o corretor de tinta, invisível aos olhos
das funcionárias, pois não acho possível que, estando lá há tanto tempo, nunca
as tenham tentado tirar.
Fora isto, o que realmente mais me espanta é que certas
frases foram claramente escritas por seres do sexo masculino e, uma vez que a
sua entrada nos sanitários femininos é proibida, não percebo como foram lá
parar.
Mas bem, a minha
conclusão quanto a estes pequenos atos de vandalismo é a de que, embora sejam
uma forma de vandalizar a escola, também trazem consigo uma história e, por
vezes, sabedoria. Por isso, sim, considero estas “coisas” umas “coisas”
bastante importantes!
Maria Costa, 8.º A
29 de outubro de 2018
À minha querida mãe
Um poema doce, do Martim Carvalho, do 7ºB.
Com os teus cabelos louros
Nove meses me aturaste
E eu sempre a chatear
Mas tu nunca te importaste
Com esses olhos azuis
Que qualquer mulher inveja
Os teus lábios doces
Com sabor a cereja
Sem ti, minha querida mãe
Eu nem sequer existia
Depois dos nove meses
Doze anos alguns meses e um dia
A ti agradeço tudo
Tudo o que fizeste por mim
E deste-me este lindo nome
Chamaste-me Martim
Maternidade, pintura de Almada Negreiro |
Nove meses me aturaste
E eu sempre a chatear
Mas tu nunca te importaste
Com esses olhos azuis
Que qualquer mulher inveja
Os teus lábios doces
Com sabor a cereja
Sem ti, minha querida mãe
Eu nem sequer existia
Depois dos nove meses
Doze anos alguns meses e um dia
A ti agradeço tudo
Tudo o que fizeste por mim
E deste-me este lindo nome
Chamaste-me Martim
16/10/2018
Martim Carvalho – 7ºB
Martim Carvalho – 7ºB
24 de outubro de 2018
A ESCOLA IDEAL
A Margarida, aluna do nono ano, deixa-nos a sua opinião acerca da escola que, do seu ponto de vista, seria a ideal.
Manuel Amado, O jardim encantado, óleo sobre tela, 1999 |
O que é a escola ideal? Existe? Poderá vir a existir?
A meu ver, a escola ideal seria um pouco diferente das
escolas atuais.
Mas ao contrário das muitas opiniões que se encontram nas redes
sociais, eu não considero que todos os métodos de ensino atuais devam ser
abandonados e substituídos por opções mais "atrativas". Apesar de o
interesse do aluno poder ser um fator muito influente na sua aprendizagem, as
mentes jovens também necessitam de disciplina, pois só assim conseguirão preparar-se
verdadeiramente para o seu futuro, como bons trabalhadores e, acima de tudo, como
bons cidadãos, para conseguirem viver em comunidade, numa sociedade onde tem de
haver regras.
Contudo, penso que algumas escolhas deveriam ser do
direito dos alunos, de maneira a que houvesse um equilíbrio entre os conteúdos
da(s) disciplina(s) e a vontade do aluno, para que que ele tivesse mais vontade
de estudar e de alcançar os seus objetivos, durante e após o seu percurso
escolar.
Portanto, bastava esta pequena diferença nas escolas,
atualmente.
Margarida Jorge, 9ºA
16 de outubro de 2018
José Saramago em cena
1936 – O ANO DA MORTE DE RICARDO REIS
Cineteatro de Alcobaça
Books & Moovies -
2018
A adaptação ao teatro de uma obra literária de tamanha dimensão como “O ano da morte de Ricardo Reis”, de José Saramago, não é certamente fácil. Ainda assim, o grupo teatral “A Barraca”, fundado há 42 anos, fez os possíveis para o conseguir.
Do meu ponto de vista, para quem não conhecer minimamente a obra, a peça de teatro ficará um pouco aquém das expetativas, não querendo com isto dizer que é necessário ter lido o romance na íntegra para entender e apreciar a peça. No entanto, para tirar um melhor partido do espetáculo, é fundamental procurar conhecer previamente um pouco da história que o livro narra, lendo, por exemplo, a sua sinopse.
No que se refere às personagens, destaca-se a de Fernando Pessoa. Apesar da excelente interpretação do ator, a personagem foi retratada de forma um pouco exagerada e demasiado extrovertida, com um riso mecânico e um certo ridículo, o que não vai ao encontro do Pessoa reservado e discreto que todos esperaríamos. Contudo, creio que a forma como a personagem foi apresentada tem como objetivo divertir o público, dando um lado cómico à peça.
Já a personagem de Lídia, interpretada por Sónia Barradas, é apagada e passa demasiado rapidamente em cena, sendo notório que o seu envolvimento com Ricardo Reis não é apresentado com a importância que tem na obra, passando quase despercebido em comparação com o que é descrito no livro.
Em suma, tendo em consideração os aspetos mencionados, esta peça de teatro revela um lado mais divertido do romance de Saramago, conservando, embora com pouco detalhe, o essencial do enredo da obra.
Inês Rosa Marques, 12ºA
5 de outubro de 2018
No dia em que se comemora a República
Uma das mais belas figurações da República Portuguesa, da autoria do escultor Anjos Teixeira (1880-1935).
Na fotografia, consta uma dedicatória do próprio escultor a Aquilino Ribeiro.
Na fotografia, consta uma dedicatória do próprio escultor a Aquilino Ribeiro.
18 de junho de 2018
POEMAS PARA O VERÃO
O haikai é uma breve composição poética de origem japonesa. Funda-se nas relações entre o homem e a natureza e no pressuposto filosófico de que tudo neste mundo é transitório. Deixamos aqui quatro desses delicados poemas, cujo tema é o verão. Com votos de boas férias a todos os nossos alunos que este ano não realizam exames e já iniciaram merecidas férias.
Preso na cascata
um instante:
o verão
Silêncio:
as cigarras escutam
Gustave Klimt, Jardim |
Preso na cascata
um instante:
o verão
Silêncio:
as cigarras escutam
o canto entre as rochas
Com relutância
emerge a abelha
do coração da peónia
Visto à luz do sol
é apenas mais um insecto
o pirilampo
Matsuo Bashô (1644 – 1694)
Com relutância
emerge a abelha
do coração da peónia
Visto à luz do sol
é apenas mais um insecto
o pirilampo
Matsuo Bashô (1644 – 1694)
11 de junho de 2018
Um poema à moda de Luísa Ducla Soares
CASAIS FELIZES OU INFELIZES?
Casei um tesouro
Com uma tesoura
Tiveram os dois
Uma grande discussão
Porque o tesouro
Não sabe cortar
E a tesoura
Não o sabe encontrar
Não digam que exagerei
Nesta história incrível
Eu só tentei
Criar uma história credível
Beatriz e Bruno, 7ºH
10 de junho de 2018
Camões, no seu dia...
... interpretado por José Mário Branco:
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.
Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades.
O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.
E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto:
Que não se muda já como soía.
Luís de Camões
6 de junho de 2018
A ESCRITA
Atualmente, a escrita está presente na vida de todas as pessoas, crianças e adultos, ao contrário de antigamente. Em séculos passados, nem todos tinham a possibilidade de aprender a escrever. Mas, vejam só, a escrita teve sempre (e continua a ter!) um papel muito importante na Humanidade.
Primeiramente, a escrita é uma arte. E desde há muito tempo que a utilizamos para diversas atividades e de diversos modos. Por exemplo, nos Descobrimentos, os mensageiros dos reis enviavam os seus recados escritos à mão, em papéis especiais, ou seja, a escrita tinha já um papel importante na altura.
Em segundo lugar, a escrita permite-nos comunicar com pessoas que não estão próximas. Hoje, as pessoas que mais a utilizam, na tecnologia, são os jovens. Claro, não só, até os mais velhos começaram a interessar-se pela escrita online.
Em relação ao uso diário, a “vida real” da escrita, posso dizer que é muito utilizada nas escolas, pelos alunos e professores (sem ela, sinceramente, não saberia como estudar); em empresas; no singelo envio de um currículo, na árdua produção de um relatório; e em muitos outras situações, fazendo com que tenha cada vez mais importância.
Concluindo, não poderíamos viver sem a escrita. Sem ela, com certeza não faríamos a maioria das coisas que fazemos hoje.
Camila Ferreira, 9ºE
22 de maio de 2018
Júlio Pomar
O almoço do trolha,1946-50 |
O almoço do trolha, pintura de Júlio Pomar, que hoje nos deixou. Artista plástico nascido em Lisboa em 1926, Júlio Pomar é considerado um dos grandes criadores da arte contemporânea portuguesa.
A sua obra foi dedicada sobretudo à pintura e ao desenho, mas realizou igualmente trabalhos de gravura, escultura, ilustração, cerâmica, vidro, tapeçaria, cenografia para teatro e decoração mural em azulejo.
Subscrever:
Mensagens (Atom)