5 de novembro de 2018

É importante

Uma crónica da Maria Costa, do 8ºA. Ora leiam, que vale a pena. 


Ao que parece, vou ter de fazer outro texto livre! Escrevê-lo e rezar para que a nota não seja muito má.

Neste texto, decidi escrever sobre uma coisa que nunca me passou pela cabeça que pudesse ser importante na minha vida. Estou a falar das obras, por mim já consideradas património sagrado, que misteriosamente aparecem escritas nas portas das casas de banho.

Começando pelo início, tenho algumas dúvidas, pois, verdade seja dita, eu nunca vi ninguém escrever o que lá está. Também não sei como é que uma pessoa foi capaz de chegar à conclusão de que era boa ideia agarrar num corretor ou numa caneta, pedir à professora para ir à casa de banho e começar a desenhar aquelas figuras. Pois, para além de ser um desperdício, quer de caneta quer de corretor, não entendo como uma pessoa, no tempo de uma simples ida à casa de banho, consegue desenhar coisas como as que lá estão: desenhos animados, animes japoneses, todos cheios de pormenores detalhadamente representados através de cada pinga de tinta derramada na porta.

Muitas vezes, embora vistas como uma forma de vandalismo, as frases escritas nas portas servem como entretenimento, uma vez que na escola não temos aqueles famosos rótulos de shampoos e géis para ler.

Existem três tipos de frases e de pessoas que as escrevem. Existem, por exemplo, as frases interrogativas, feitas por pessoas que esperam que alguém tão estranho como elas lhes responda; as frases afirmativas, sem nada de mais, deixadas lá por pessoas normais; e, por fim, as frases inspiradoras com que muitas vezes nos identificamos e levamos como conselho.

Fora do patamar das frases e perguntas, existem ainda os desenhos, que também têm a sua variedade. Esta variedade vai desde os desenhos simples, passando pelos animes e animações japonesas, até às figuras fofas de bochechas grandes e até mesmo aos smiles. É aqui que surge a minha maior dúvida: “estas pessoas não mereciam um prémio?”. É óbvio que estou a brincar, mas não podemos negar que a cabeça destas pessoas está cheia de ideias e imaginação.

Estes exemplares de arte podem ser encontrados em qualquer parte, basta olhar com atenção, porém, os lugares mais comuns são as portas das casas de banho e os bancos. Nos bancos, por outro lado, já é mais comum encontrar outro tipo de frases, como declarações de amor ou até mesmo simples frases onde é deixado bem explícito que a turma de quem a escreveu é a melhor da escola.

A minha opinião sobre estas obras de arte é que são, nada mais nada menos, que trabalhos de elfos mágicos que só aparecem na escola depois de ela fechar, assim se explica o porquê de nunca ninguém ver quem escreve e desenha as artes da porta. Eles certamente andam sempre com uma bolsinha onde transportam a caneta e o corretor de tinta, invisível aos olhos das funcionárias, pois não acho possível que, estando lá há tanto tempo, nunca as tenham tentado tirar.

Fora isto, o que realmente mais me espanta é que certas frases foram claramente escritas por seres do sexo masculino e, uma vez que a sua entrada nos sanitários femininos é proibida, não percebo como foram lá parar.

   Mas bem, a minha conclusão quanto a estes pequenos atos de vandalismo é a de que, embora sejam uma forma de vandalizar a escola, também trazem consigo uma história e, por vezes, sabedoria. Por isso, sim, considero estas “coisas” umas “coisas” bastante importantes!

Maria Costa, 8.º A

29 de outubro de 2018

À minha querida mãe

Um poema doce, do Martim Carvalho, do 7ºB.
Maternidade, pintura de Almada Negreiro
Com os teus cabelos louros
Nove meses me aturaste
E eu sempre a chatear
Mas tu nunca te importaste

Com esses olhos azuis
Que qualquer mulher inveja
Os teus lábios doces
Com sabor a cereja

Sem ti, minha querida mãe
Eu nem sequer existia
Depois dos nove meses
Doze anos alguns meses e um dia

A ti agradeço tudo
Tudo o que fizeste por mim
E deste-me este lindo nome
Chamaste-me Martim
  

16/10/2018

Martim Carvalho – 7ºB

24 de outubro de 2018

A ESCOLA IDEAL


A Margarida, aluna do nono ano, deixa-nos a sua opinião acerca da escola que, do seu ponto de vista, seria a ideal.
Manuel Amado, O jardim encantado, óleo sobre tela, 1999

O que é a escola ideal? Existe? Poderá vir a existir?

A meu ver, a escola ideal seria um pouco diferente das escolas atuais.

Mas ao contrário das muitas opiniões que se encontram nas redes sociais, eu não considero que todos os métodos de ensino atuais devam ser abandonados e substituídos por opções mais "atrativas". Apesar de o interesse do aluno poder ser um fator muito influente na sua aprendizagem, as mentes jovens também necessitam de disciplina, pois só assim conseguirão preparar-se verdadeiramente para o seu futuro, como bons trabalhadores e, acima de tudo, como bons cidadãos, para conseguirem viver em comunidade, numa sociedade onde tem de haver regras.

 Contudo, penso que algumas escolhas deveriam ser do direito dos alunos, de maneira a que houvesse um equilíbrio entre os conteúdos da(s) disciplina(s) e a vontade do aluno, para que que ele tivesse mais vontade de estudar e de alcançar os seus objetivos, durante e após o seu percurso escolar.

Portanto, bastava esta pequena diferença nas escolas, atualmente.

                         Margarida Jorge, 9ºA

16 de outubro de 2018

José Saramago em cena


1936 – O ANO DA MORTE DE RICARDO REIS

Cineteatro de Alcobaça
Books & Moovies - 2018
A adaptação ao teatro de uma obra literária de tamanha dimensão como “O ano da morte de Ricardo Reis”, de José Saramago, não é certamente fácil. Ainda assim, o grupo teatral “A Barraca”, fundado há 42 anos, fez os possíveis para o conseguir.

Do meu ponto de vista, para quem não conhecer minimamente a obra, a peça de teatro ficará um pouco aquém das expetativas, não querendo com isto dizer que é necessário ter lido o romance na íntegra para entender e apreciar a peça. No entanto, para tirar um melhor partido do espetáculo, é fundamental procurar conhecer previamente um pouco da história que o livro narra, lendo, por exemplo, a sua sinopse.

No que se refere às personagens, destaca-se a de Fernando Pessoa. Apesar da excelente interpretação do ator, a personagem foi retratada de forma um pouco exagerada e demasiado extrovertida, com um riso mecânico e um certo ridículo, o que não vai ao encontro do Pessoa reservado e discreto que todos esperaríamos. Contudo, creio que a forma como a personagem foi apresentada tem como objetivo divertir o público, dando um lado cómico à peça. 

Já a personagem de Lídia, interpretada por Sónia Barradas, é apagada e passa demasiado rapidamente em cena, sendo notório que o seu envolvimento com Ricardo Reis não é apresentado com a importância que tem na obra, passando quase despercebido em comparação com o que é descrito no livro.

Em suma, tendo em consideração os aspetos mencionados, esta peça de teatro revela um lado mais divertido do romance de Saramago, conservando, embora com pouco detalhe, o essencial do enredo da obra.

Inês Rosa Marques, 12ºA

5 de outubro de 2018

No dia em que se comemora a República

Uma das mais belas figurações da República Portuguesa, da autoria do escultor Anjos Teixeira (1880-1935).

Na fotografia, consta uma dedicatória do próprio escultor a Aquilino Ribeiro.

18 de junho de 2018

POEMAS PARA O VERÃO

O haikai é uma breve composição poética de origem japonesa. Funda-se nas relações entre o homem e a natureza e no pressuposto filosófico de que tudo neste mundo é transitório. Deixamos aqui quatro desses delicados poemas, cujo tema é o verão. Com votos de boas férias a todos os nossos alunos que este ano não realizam exames e já iniciaram merecidas férias. 

Gustave Klimt, Jardim

Preso na cascata
um instante:
o verão

Silêncio:
as cigarras escutam
o canto entre as rochas

Com relutância
emerge a abelha
do coração da peónia

Visto à luz do sol
é apenas mais um insecto
o pirilampo

Matsuo Bashô (1644 – 1694)

11 de junho de 2018

Um poema à moda de Luísa Ducla Soares


CASAIS FELIZES OU INFELIZES?

Casei um tesouro
Com uma tesoura
Tiveram os dois
Uma grande discussão

Porque o tesouro
Não sabe cortar
E a tesoura
Não o sabe encontrar

Não digam que exagerei
Nesta história incrível
Eu só tentei
Criar uma história credível

                                  Beatriz e Bruno, 7ºH

10 de junho de 2018

Camões, no seu dia...



... interpretado por José Mário Branco:


Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.

Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades.

O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.

E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto:
Que não se muda já como soía.

                          Luís de Camões

6 de junho de 2018

A ESCRITA


Atualmente, a escrita está presente na vida de todas as pessoas, crianças e adultos, ao contrário de antigamente. Em séculos passados, nem todos tinham a possibilidade de aprender a escrever. Mas, vejam só, a escrita teve sempre (e continua a ter!) um papel muito importante na Humanidade. 

Primeiramente, a escrita é uma arte. E desde há muito tempo que a utilizamos para diversas atividades e de diversos modos. Por exemplo, nos Descobrimentos, os mensageiros dos reis enviavam os seus recados escritos à mão, em papéis especiais, ou seja, a escrita tinha já um papel importante na altura. 

Em segundo lugar, a escrita permite-nos comunicar com pessoas que não estão próximas. Hoje, as pessoas que mais a utilizam, na tecnologia, são os jovens. Claro, não só, até os mais velhos começaram a interessar-se pela escrita online

Em relação ao uso diário, a “vida real” da escrita, posso dizer que é muito utilizada nas escolas, pelos alunos e professores (sem ela, sinceramente, não saberia como estudar); em empresas; no singelo envio de um currículo, na árdua produção de um relatório; e em muitos outras situações, fazendo com que tenha cada vez mais importância. 

Concluindo, não poderíamos viver sem a escrita. Sem ela, com certeza não faríamos a maioria das coisas que fazemos hoje. 

Camila Ferreira,  9ºE   


22 de maio de 2018

Júlio Pomar


O almoço do trolha,1946-50
O almoço do trolha, pintura de Júlio Pomar, que hoje nos deixou. Artista plástico nascido em Lisboa em 1926, Júlio Pomar é considerado um dos grandes criadores da arte contemporânea portuguesa.

A sua obra foi dedicada sobretudo à pintura e ao desenho, mas realizou igualmente trabalhos de gravura, escultura, ilustração, cerâmica, vidro, tapeçaria, cenografia para teatro e decoração mural em azulejo.

Quis-te sem querer

Pintura de Chirag Bangdel (Tibete)

Por vezes, nós queremos sem querer
achamos que queremos
mas não queremos porque quem quer, 

quer até ao fim
não quer até ter


Eu quis-te mas nunca te quis tanto
acho que te quis sem querer
não dependeu de mim, creio
mas agora que te tenho quero-te

Quero-te como nunca quis antes
talvez te queira por te ter
talvez te tenha por querer

Nem sempre temos o que queremos
Nem sempre queremos o que temos

Eu tenho-te e quero-te
Eu quero-te e tenho-te

Sou feliz por te querer 
Sou feliz por te ter

Marta Santos 10.º D

10 de abril de 2018

Ai como é bela

pintura de Chagall
Mas sem olhos para o perceber
Dona de uma beleza inexplicável,
Porém não gosta de se ver
Como pode ser possível?

Ai como é bela
Daria tudo para ser dela
Mas ela não me quer pertencer
E maldita seja por ser mais bonita a cada dia
Como pode ela não me ver?

Ai como é bela
Deus não foi justo quando a fez, com certeza
A natureza hoje está invejosa
Por ela possuir mais beleza
À que devia ser a mais formosa.

Ai como é bela
E não basta ser maravilhosa
Teve que me encantar
E ainda ser bondosa
Realmente não a mereço.

Ai como é bela
Mas diz ser inocente e não o ver
Cada dia mais me cativa
Será que ela não percebe
Que para mim é a mulher mais bonita?

Ai como é bela
Mas cheguei tarde demais
Agora ela chora por canais
Ficção é o que lhe enche o coração
E agora é outro que a tem na mão.

Diana Fialho Ferreira, 10.°D

21 de março de 2018

O abecedário dos animais e… outras coisas que tais!




A é a aranha que apanha.
B é o burro que dá um grande zurro.
C é o crocodilo que nada no Nilo.
D é a doninha que está em linha.
E é o elefante que é amante.
F é a foca que está na toca.
G é o gorila que brinca com argila.
H é a hiena que tem pena.
I é a iguana que mordeu a Ana.
J é o jacaré que anda a pé.
L é o leão que é  mandão.
M é o morcego que não tem sossego.
N é o nandu que anda nu.
O é o orangotango que come morango.
P é o pica-pau que diz " Xau xau."
Q é o quivi que faz "Hi !Hi!!"
R é o rinoceronte que bebe água da fonte.
S é a serpente que perdeu um dente.
T é a tartaruga que orquestrou uma fuga.
U é o urso que ganhou o concurso
V é a vaca que dorme numa maca.
W é o ... What???
Xavier sabes o que é??
Y? Yes, já descobri!
Vamos ao Z ...
Z é a zebra que está na lista negra.

Cristovão Fernandes, Nazario Karapchuk e (com a pequena ajuda do) David Stanislavov , 7ºG (alunos do Apoio PLNM) 

14 de março de 2018

Amor de Perdição - uma apreciação crítica

Simão no seu leito de morte, velado por Mariana (do filme de Manuel de Oliveira, 1978)


“Amor de Perdição” é um dos melhores exemplares do Romantismo literário português. Escrito nos finais do século XIX, e apesar de pertencer à corrente literária romântica, apresenta também alguns aspetos do Realismo, como a crítica à sociedade da época. 

Na novela, o narrador apresenta-nos a história de Simão Botelho e Teresa Albuquerque, filhos de famílias inimigas. Logo no início, o narrador-autor faz uma excelente síntese da intriga, numa só frase: «Amou, perdeu-se e morreu amando». De facto, os três protagonistas começam por amar, acabam por se perder devido a esse amor, abandonando toda a esperança, e, por fim, todos eles morrem, amando tanto como em vida. 

Esta é uma obra excecional, que nos mostra de forma exemplar aquilo que é o amor-paixão. Mariana, na minha opinião, é a personagem mais pura da obra, uma vez que abdica de tudo, da sua felicidade, inclusive, por Simão e pelo amor que sente por ele, apesar de esse amor não ser correspondido. 

Em suma, é uma obra apaixonante e viva, de leitura não muito difícil, e que mostra o que é o amor levado ao extremo. Um excelente romance, com heróis sensacionais. 

Inês Santos Fialho, 11ºA

8 de março de 2018

No seu dia, 8 de Março

As mulheres de Gina Marrinhas, pintora portuguesa nascida em 1950, em Aveiro.