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7 de maio de 2023

Furiosa com o que me aconteceu!

 

Fotografia de Rui Palha

Estou furiosa com o que me aconteceu!

 

Estava eu a caminho do trabalho para desempenhar o meu talento: fazer relatórios e mais relatórios… quando, a meio do trajeto, “C’um caneco!”, pisei as fezes de um animal, talvez de cão. Querendo, não querendo, o cheiro fez-me companhia.

 

Ah, como estou furiosa com o raio do animal, que não conheço, mas que detesto!

 

Acontece que, chegada ao destino, recebo orientações do Carlos. Sorte grande, hoje não me vou refugiar no escritório e pôr em prática o meu talento: a Cláudia, a tal que atende os clientes, faltou, tenho de substituí-la, o que me não desagrada, pois quebra a rotina.

 

Começaram a chegar clientes, pouco tempo depois de abrir portas e, por mais que não quisesse, fui-me debatendo com eles e com aquele cheiro desagradável que não me deixava.

 

“Quero aquela trela azul para cão”; “Três gaiolas para pássaros pequenos, se faz favor”; “Onde estão os brinquedos para cães?”; “Uma cama confortável e quentinha para o meu gato”. Uma dúzia de clientes e nem uma pessoa, nem uma só, levou a oferta da loja: um pack de seis sacos de plástico para apanhar a porcaria produzida pelos seus animais de estimação.

 

Ai, a fúria que me invade quando me lembro do momento e me apercebo da irresponsabilidade social destes donos!

 

Ana Lourenço 12º D

Texto produzido no âmbito do Clube de Escrita Criativa.


 

 

22 de junho de 2020

     Uma fábula muito bem gizada, do Dinis José.
     Há muito, muito tempo, vivia num bosque uma raposa chamada Rouge-Éria La Prada d’Albuquerque que, como o seu nome indica, era de uma família muito importante e rica. Rouge-Éria não tinha amigos, passava o tempo ora no conforto da sua bem decorada toca, ora a assaltar o galinheiro da quinta do Tio Manel. Assim era difícil arranjar amigos…
     – Um dia aquela raposa vai ver... – dizia o Tio Manel indignado, de cada vez que via o seu galinheiro ser atacado. 
     Ora a nossa raposinha, apesar de tudo, não era feliz. Passava pelo bosque e via os outros animais a fazer uma coisa a que chamavam “brincar”. Aliás, os esquilos eram especialistas nisso: passavam o tempo a saltitar de árvore em árvore, a apanhar nozes para o seu sustento, mas também se divertiam,e era isso que intrigava a nossa Rouge-Éria.
     – Como assim, eles riem e divertem-se? – pensava ela – Tenho muito dinheiro, posso comprar tudo o que me apetecer, incluindo felicidade.
     E foi ao quiosque do bosque e pediu:
     – Quero 1 litro de felicidade, tenho sede de ser feliz! Pago o que for preciso! – disse a raposinha, decidida, à coruja Sabiá, que era muito sábia e tentava sempre ajudar quem precisava.
     – Para ser feliz tens de arranjar amigos! – disse a coruja Sabiá – Pensa nisso, não passes tanto tempo sozinha e lembra-te de que o dinheiro não compra tudo. 
     A raposa saíu dali muito pensativa e, de tão distraída que ia, nem reparou na armadilha que o Tio Manel lhe tinha preparado e … Zás Catrapaz… aí estava ela atada por cordas dos pés à cabeça.
     – Socorro! Socorro! Ajudem-me! – gritava ela aflita – E agora quem me há de salvar, se não tenho amigos? É o meu fim, que triste história a minha…
     Lá do alto de uma nogueira, o Esquilo Happy-Jump ouvia as lamúrias da raposa e pensava:
     – Hum… o que faço eu agora? Deixo-a para ali presa, àquela arrogante, mal disposta e de nariz empinado… ou vou ajudá-la a soltar-se?
     E, num pulo rápido, o esquilo pôs-se ao pé da raposa e disse:
     – Olá, vossa excelência… Como tem passado?
  – Ora esquilo, ajuda-me, por favor! Eu prometo recompensar-te com uma grande quantidade de dinheiro! – garantiu a raposa.
     No meio de uma gargalhada, o esquilo disse:
   – Ah ah ah!! Dinheiro… para quê, tenho comida, tenho uma família e muitos amigos, não preciso do teu dinheiro! Mas vou ajudar-te na mesma e DE GRAÇA!
     Roendo as cordas que prendiam a raposa, rapidamente a libertou e avisou-a:
     – Acho que devias ser mais humilde, ligas demasiado aos bens materiais! Olha que a vida é muito mais do que isso! Sabes, amanhã vai haver um grande convívio entre os animais da floresta. Aparece… vais gostar… entre jogos, atividades e lanche partilhado, há montes de diversão para nós.
     Rouge-Éria estava de “queixo caído”.
     – A sério?! – pensava ela – Eu nunca fiz nada de bom por este esquilo e, de repente, ele salva-me a vida, não aceita a minha recompensa e ainda me convida para uma festa?
     Entretanto, o Esquilo Happy-Jump, ao aperceber-se da hesitação da raposa, insistiu:
     – Pensa bem! Quando é que poderás arranjar outra oportunidade destas? O companheirismo, o afeto e a felicidade são aspetos fundamentais para a vida de todos os seres, mas não haverá fortuna que os possa comprar.
     – O que me interessa isso?… tenho dinheiro… posso ir para onde me apetecer e comprar o que eu quiser…
     – É verdade … mas fazes isso tudo sozinha e infeliz! – recordou-lhe o esquilo – Não achas que talvez gostasses de te divertir e conviver com outros animais? Alegria não nos faltará … alegrias partilhadas são alegrias multiplicadas! Acredita … sei do que falo!
     A Rouge-Éria, embora tivesse ficado tocada com as palavras do Esquilo Happy-Jump, procurou mostrar algum desinteresse e retorquiu:
      – Sim … aceito o teu convite, mas ficas já a saber, eu não sei fazer isso a que vocês chamam “brincar” e muito menos “partilhar”!
     Então o esquilo respondeu:
   – Não te preocupe s! Eu ensino-te. Vais ver que não custa nada… nem um único cêntimo – e o esquilo deu uma gargalhada feliz.
     A raposa aprendeu uma grande lição, nem tudo o dinheiro compra!
     Além disso, fez o seu primeiro amigo!


Dinis José Tomás Moreira, 7ºA


20 de junho de 2020

Um texto da Catarina Henriques, acerca d' Os Maias, que já foi também publicado no blogue da Biblioteca.
Pintura de Renoir, Baile no Moulin de la Galette
A ação d’ Os Maias passa-se na segunda metade do século XIX e apresenta-nos a história de três gerações da família Maia. Carlos Eduardo da Maia, um belo homem, física e intelectualmente, é a personagem principal do romance.

Assim sendo, todos os espaços estão relacionados com esta personagem, desde Santa Olávia até Coimbra, a Lisboa, ao seu consultório e a outros locais que frequenta, passando por Sintra e terminando em Paris, onde passa a residir no final da narrativa.

A infância de Carlos decorre em Santa Olávia, um espaço conotado muito positivamente. É o símbolo da vida e o refúgio em momentos difíceis. Já Coimbra é o local dos estudos de Carlos, do seu contacto com as novas ideias filosóficas e científicas, e o símbolo da boémia estudantil e da amizade. Sintra, por sua vez, onde procura a amada, representa a beleza paradisíaca e os encontros amorosos, mais ou menos clandestinos, da alta burguesia da época.

A vida profissional e social de Carlos passa-se em Lisboa. A cidade representa então a idade adulta e o convívio, sendo o palco dos seus amores e da desgraça da sua família. O Ramalhete, a casa onde reside com o avô, representa as expetativas, os sonhos, os sucessos, mas também a catástrofe que precipita a decadência familiar. Por sua vez, o consultório é o símbolo do diletantismo de Carlos e da sua geração. Representa os seus projetos e o posterior falhanço profissional.

É na Toca, uma quinta discreta nos Olivais, que Carlos vive a sua curta história de amor com Maria Eduarda, sendo a sensualidade de ambos simbolizada por este espaço. É também aqui, ao nível da descrição do espaço, que se encontram várias evidências que pressagiam o destino trágico do casal.

Por fim, ao longo de toda a obra, o estrangeiro surge como símbolo de cultura, de requinte e da educação superior de Carlos, mas também como um recurso para fugir aos problemas e complicações. Assim, depois do incesto e da morte do avô, é em Paris que Carlos da Maia se refugia.

Concluindo, podemos afirmar que o espaço é uma categoria central neste romance.



Catarina Henriques, 11ºA

12 de junho de 2020

A minha viagem à Turquia

Um testemunho do Diogo Mateus, aluno do 9º H 


Eram 11h20min, de domingo, dia 3 de fevereiro, e eu estava no avião, prestes a descolar rumo à Turquia, onde cheguei às 19h10min de lá, ou seja, às 16h10min de Portugal. A viagem realizou-se no âmbito do projeto «Erasmus + Eco-Friendly Robotics for a Future Green World». 

Às 22h, apanhei outro avião que me levou para Izmir, onde se situa Salihli, região da outra escola participante neste projeto. Nestas duas viagens, tive a oportunidade de ver filmes e de jogar jogos no ecrã do banco da minha frente. Depois de sair do aeroporto, fui de autocarro para o hotel, onde se alojaram todos os professores e alunos (à exceção dos turcos) que participaram no projeto. 

Como passei o primeiro dia em viagens, só no segundo dia é que começaram as atividades. Segunda, quarta e sexta-feira foram dias de visitas turísticas. Visitei várias ruínas romanas, a casa da Virgem Maria, a vila de Şirince (parecida com Óbidos) e as lagoas de sal. Adorei! Era tudo espantoso! A terça e a quinta-feira foram dias dedicados à robótica – aprendemos a programar o "M-bot". Não achei muito difícil, pois no clube de robótica da escola já tinha programado de forma parecida. Mas foi uma boa experiência porque todos os alunos foram divididos em grupos com diferentes nacionalidades, logo, tive de pôr em prática o meu inglês, para conseguir comunicar. 

Todos os dias, antes de ir jantar, desfrutei da piscina interior (estava a 40ºC!) e do SPA do hotel, ambos ótimos! Algumas vezes também me diverti no salão de jogos. Depois de jantar reunia-me a todos os outros para jogar às cartas e conviver, como aconteceu na terça-feira à noite, na "noite cultural", tendo havido uma amostra de coisas típicas dos vários países. 

Mas na quinta-feira à noite foi diferente, pois enquanto jogava às cartas, começou a nevar! Corri, juntamente com todos os outros, para a rua, só para ver a neve! Foi a primeira vez que vi e toquei em neve, excluindo a vez em que ainda era bebé. No dia seguinte, logo de manhã, fui rapidamente lá para fora e comecei a fazer bolas de neve para atirar. A neve era mesmo FRIA! 

No sábado de manhã fui para Istanbul, onde passei o meu último dia de viagem, em visita a monumentos como a Mesquita Azul e a Basílica de Santa Sofia. 

O domingo foi outro dia de viagens de avião, mas isso não mudou nem um pouco a minha opinião sobre a ida à Turquia, continuo a achar que foi uma única e inacreditável viagem! 

Diogo Mateus, 9ºH

23 de outubro de 2019

Uma porta, será!?

Iniciamos a vitrina deste ano com um texto divertido e muito bem escrito. Leiam, que vale a pena!
Pintura de Joan Mitchell
Existem muitos tipos de portas: portas de correr, portas de giro, portas pivotantes, - sim, este nome é muito estranho, mas a internet diz que são portas elegantes e modernas, que giram em torno de um eixo vertical – portas de vidro, portas às riscas amarelas e às bolinhas azuis, … e a porta da minha escola. Uma porta que me faz fazer perguntas às quais não consigo responder, pois sempre que passo por ela tenho receio de não sair de lá viva. Mas nem sempre foi assim.

Antes, naquele preciso lugar, encontrava-se uma porta manual, coberta de alumínio, dividida naquelas três janelas de vidro, que faziam com que cada pedaço de luz – do primeiro ao último raio de sol do dia – entrasse pela escola dentro, iluminando-a todo o dia. Era aberta por uma auxiliar, que, pressionada pelos alunos que não queriam andar mais um bocadinho e entrar pela porta do outro lado, premia a maçaneta preta, abrindo-a. 

Naquela altura, era tudo tão simples. Apenas abriam a porta às oito da manhã e fechavam-na às sete da tarde, mas, de um dia para o outro, sem mais nem menos, uma porta automática ocupou o seu lugar. Uma porta que só abre quando qualquer aluno da escola passa o seu cartão pelo sensor ao seu lado. Nos primeiros dias, achei que era boa a ideia de mudarmos de porta, já que a outra estava a ficar velha, mas esse sentimento não durou muito tempo.

O problema começa quando a porta, já aberta por um aluno qualquer, permanece na mesma posição enquanto eu quero por ela passar. Nesse mesmo instante, cruzam-se os nossos olhares. – O que parece absurdo, já que ela é uma porta, e as portas não têm olhos, mas se estivessem no meu lugar, iriam perceber – Deixei o cartão na sala e quero atravessar a porta sem pedir a outra pessoa para a abrir por mim, e ela não facilita! Estou quase a conseguir e, não sei como raio acontece, mas, no momento exato em que estou entre a escola e a rua, ela fecha-se. Fico presa. Não me aleijo, pois, após bater em mim, aquela pequena assassina faz ricochete e volta para o seu devido lugar. O verdadeiro problema é a vergonha que apanho à frente de todos aqueles meus colegas que me veem naquele estado em que, quase tendo sido esmagada, continuo a andar para a frente, fingindo que nada aconteceu.

Como veem, aquela porta tem alguma coisa a esconder. Uma coisa sombria que está por detrás daqueles seus dois grandes vidros, envolvidos em alumínio que são estranhamente perfeitos, se calhar perfeitos de mais para ser verdade. Não sei o que é, mas tenho algumas teorias que poderão ser verdadeiras.

A primeira opção é que ela foi enviada pelo governo para que, quando me tocasse, com uma espécie de magnetismo, me tirasse o dinheiro que tenho no bolso, o que pode ser verdade, já que o governo faz de tudo para nos roubar, nem que sejam os mais pequenos trocos. Esta teoria também explicaria o facto de nunca me lembrar onde pus o meu dinheiro, ficando baralhada com tudo isso, pensando que sou uma esquecida, o que também é verdade, mas não neste caso. 

Também poderá ser obra da polícia. Uma espécie de detetor de metais que deteta drogas, o que facilitaria imenso o trabalho deles. Assim pensando, quando a porta nos aperta, sente se temos alguma coisa dentro da roupa, descobrindo assim se o aluno possui drogas ou não, e dar àqueles pequenos contrabandistas uma estadia grátis na cadeia, ou numa casa de correção. O que acabaria com todas as minhas questões acerca dos ditos casos impossíveis que os polícias desvendam com sucesso e que me fazem pensar que eles são uma espécie de bruxos, ou algo do género.

Poderia ser um extraterrestre e não uma porta. Um daqueles vindo de Andrómeda ou de outra galáxia com um nome ainda mais estranho que este, que a NASA ousa dizer que não existem, mas mesmo assim acredito que possam ser reais. Eles transformar-se-iam em portas, na esperança de nos apanhar de surpresa, levando-nos para o seu planeta, fazendo de nós reis deles. Ainda bem que nunca lá fiquei presa, ou não estaria aqui. Mas todos os dias imagino como seria ser sua rainha.

Viveria numa grande casa feita de madeira. Eles adorar-me-iam, tentando sempre agradar-me, portanto, guitarras, pianos e trompas não faltariam e olhariam para o mais simples hábito humano (como cortar as unhas) como um ato de proeza e excelência. Teria o meu próprio exército com poderes aos quais ninguém se poderia impor. Seria o ser mais poderoso de toda aquela galáxia, comandando tudo e todos. Saberia todos os segredos da tecnologia, como o teletransporte funciona, as viagens no tempo, ... guardando-os a sete chaves na minha cabeça. Comeria pudim a toda a hora. Pudim ao pequeno-almoço, pudim ao lanche, pudim ao jantar, pudim em todo o lado!

Por outro lado, os extraterrestres podem ter perdido um dos seus e andarem à procura dele na minha escola. Um daqueles verdes, com uns grandes olhos azuis esbugalhados, que se teria mascarado de humano para se confundir connosco e assim (tentar) viver uma vida normal aqui na Terra. E se eu o conhecesse? Poderia ser aquele rapaz que está sempre calado, a quem dirijo a palavra e ele não me passa cartão. Ou poderia ser aquela rapariga que me dá muitos abraços apertados que, na verdade, podem não ser abraços e sim métodos de estrangulamento.

Era capaz de passar mais algumas horas a enumerar coisas que aquela porta poderá ser, mas, pensando bem, pode ser simplesmente uma porta que, sendo diferente da antiga, me deixou com saudades desta, fazendo com que não gostasse dela, ao princípio, e suspeitar dos atos que ela faz como porta, atos com segundas intenções. Como veem, é difícil aceitar as mudanças, mas, com o passar do tempo, as novidades passam só a ser coisas atuais, que se vão introduzindo à medida que o tempo vai passando.

Sofia Saturnino, 9ºB 

18 de janeiro de 2016

Os jovens e a publicidade


A publicidade está muito presente na vida das pessoas, principalmente na dos jovens.
A publicidade que eles mais consomem é a do álcool, que influencia as atitudes dos mais novos, enganando-os, mostrando-lhes que beber é muito divertido, pois nos anúncios aparecem sempre pessoas a rir enquanto bebem, e só no fim é que surge a frase importante: beba com moderação. 
Anúncios a marcas de sapatilhas, como Vans, Nike, Timberland, e também de roupa, são muito apreciados pelos adolescentes, pois, na sua opinião, quem não usar coisas de marca não é popular, por isso interessam-se muito pelas marcas.
Normalmente, as pessoas que aparecem nos anúncios nunca são gordas, têm o rosto delicado, e isso também influencia os jovens, levando-os a querer aquele produto e a desejarem ser como aquelas pessoas.
Concluindo, os adolescentes são facilmente influenciados pela publicidade, e, ao usarem os produtos publicitados, ainda estão a fazer publicidade grátis às marcas.

Miguel Luís, 10.º E

30 de novembro de 2015

A Divina Comédia

Embora o nome desta obra me fosse familiar, não sabia ao certo de que tratava, nem muito sobre a vida do seu autor. Não sabia muito, portanto, do que me esperava, ou o que esperar. Felizmente, fui surpreendida pela positiva por este clássico da literatura italiana e mundial. Uma das coisas que me cativou foi o primeiro terceto da obra, pela beleza simbólica que apresenta:

«No meio do caminho da nossa vida,
encontrei-me numa selva escura,
pois tinha-me desviado do caminho certo.»

ilustração de Gustave Doré

Admitindo ter-se desviado do caminho certo, tendo, portanto, sucumbido ao pecado, Dante encontra-se  perdido numa selva escura, da qual só sairá quando tiver atravessado o Inferno.

Também os animais que lhe aparecem logo no início da jornada - o leopardo, o leão e a loba faminta - carregados de simbolismo, o assustam e lhe dificultam a travessia. Mas Virgílio, o poeta latino, guiá-lo-á nesta viagem pelo mundo infernal.
ilustração de William Blake
A escolha deste poeta, que o inspirava e que considerava seu mestre, e, mais tarde, da sua amado Beatriz, descrita como um anjo, permitem-nos concluir que Dante valorizava a cultura clássica greco-latina e que quis fazer uma homenagem à mulher que amou, tendo esta então já falecido.

Ao descrever detalhadamente os nove círculos do Inferno, os pecados que condenaram as almas (incluindo aqui algumas pessoas da sua época), os castigos que estas sofrem e todo o ambiente infernal, Dante expõe a sua hierarquia dos pecados, apresentando a traição como o mais grave de todos.

Em suma, trata-se de uma alegoria ricamente escrita, que nos mostra a visão que Dante tinha da sua época e do seu mundo.

Catarina Correia, 12º D