7 de dezembro de 2018

TU EM MIM

pintura de Andrey Remnev

Cercada pelo mundo,
mas sem ninguém ao pé.
Apoiada por todos,
mas sem andarilho.
No silêncio, às escuras,
há que ter fé,
caminhas sozinha sem um amigo.

Andas, cais e tropeças
entre os dedos da minha mão,
vais, quebras promessas,
desces e entras no meu coração.

Coração puro antes de ti.
Coração aberto, todo para ti.
Estragado, violado,
por ti maltratado.

Sem piedade nem dó,
deixas-me aqui,
assim tão só.
Adorada e largada,
que por ti julgava ser amada.

Ó deus dos deuses,
que traças o nosso leito,
que ditas o nosso tempo,
por ti, nós temos respeito.

Não fecheis o relógio,
deixai-o parado.
Dai-me mais tempo,
que o meu coração ainda não está sarado.

Não me cortes as asas,
dá-me esta oportunidade,
não cortes o fio de vida
e o que resta da minha dignidade.

Maria Costa, 8.º A

1 comentário:

Soledade disse...

Gostei de ler, Maria Costa :-)