3 de fevereiro de 2015

A ARTE COMO REVELAÇÃO

Procissão do Corpo de Deus (1913), pintura de Amadeo de Souza-Cardoso
A arte é um bem comum, um luxo acessível. Não é necessária, mas é essencial. Representa o expoente da humanidade, a realização que mais longe nos coloca dos outros seres vivos que conhecemos. De facto, mais emocionante do que uma criança prodígio com o talento de um adulto, é um adulto com a inocência da criança no olhar, embora aprisionado na sua razão. Um artista.

Ser artista é ascender da nossa condição por breves momentos. Nesta ascensão, ganhamos a capacidade de nos observarmos, como que de fora. É o que vemos na poesia de Fernando Pessoa, que consegue perder-se em si mesmo e deixar de ser quem é, sem nunca deixar de o ser. E mostrar-nos o caminho para a autodescoberta.

O artista é o portal para o mundo interior, é a criança que tem a capacidade de ver sempre as coisas pela primeira vez, mas com a lucidez de um velho sábio. É o que acontece com pintores como Amadeu de Sousa-Cardoso que, no seu quadro Procissão de Amarante, revela, no comum, o fantástico, como se de uma criança se tratasse.

Por tudo isto, a arte é árdua de decifrar. E esta minha reflexão não passa de um tiro na imensa escuridão que é o nosso ser.

Ivo Ferreira, 12ºC

1 comentário:

Soledade disse...

Gostei muito deste teu texto, Ivo.